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GRADUALISMO PETISTA
Empresários pedem mais agressividade nas políticas monetária e cambial; ministro descarta mudanças
Juros terão redução "à la Geisel", diz Dirceu
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, jogou ontem uma
ducha de água fria em encontro
com cerca de 30 empresários que
pediram maior rapidez no processo de redução dos juros.
Segundo a Folha apurou, Dirceu disse que "a queda de juros irá
manter o mesmo ritmo da abertura de Geisel (Ernesto Geisel): lenta, gradual e segura".
Ao assumir a Presidência da República, cargo que ocupou entre
1974 e 1979, o general Ernesto Geisel (1908-1996) classificou como
"lenta, gradual e segura" a distensão política que disse pretender
promover em seu governo.
O encontro de Dirceu com os
empresários se deu ontem em São
Paulo, na sede do Iedi (Instituto
de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Estavam presentes, entre outros, Ivoncy Ioschpe, presidente
do Iedi, Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp, Eugênio Staub
(Gradiente), Paulo Cunha (Ultra),
Josué Gomes da Silva (Coteminas), Ivo Rosset (Valisère), Carlos
Pires de Oliveira Dias (Camargo
Corrêa) e Benjamin Steinbruch
(CSN).
Segundo o relato de empresários que participaram do encontro, Dirceu afirmou que, no momento em que o governo Lula
passou a comandar a economia
do país, os juros já estavam em
patamares elevados, como herança do governo tucano. Mas admitiu que as atuais taxas ainda punem o setor produtivo.
Um dos empresários chegou a
pedir que o governo fizesse um
esforço para reduzir, até o final do
ano, a taxa de juros básica dos
atuais patamares (19%) para 13%.
Dirceu disse que essa queda deve
ocorrer, mas apenas de maneira
gradual.
A declaração do ministro esfriou as expectativas dos empresários, que defenderam também
uma desvalorização mais forte do
real ante o dólar e a redução do
aumento da alíquota da Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), que
subirá de 3% para 7,6% em 2004.
Os empresários disseram a Dirceu que o Brasil tem taxas de câmbio e de juros diferentes daquelas
de países em franca expansão.
Argumentaram ainda que a
atual taxa de câmbio não gera
mais rentabilidade positiva nas
exportações e tem favorecido
principalmente a especulação financeira.
O presidente da Gradiente, Eugênio Staub, argumentou que o
atual sucesso da China se deve basicamente ao fato de o país manter o câmbio desvalorizado.
Em resposta, Dirceu disse que
"entende as insatisfações e que a
discordância é um direito dos empresários". Mas, sem entrar em
detalhes, afastou a hipótese de
qualquer mudança drástica na
política cambial.
Dirceu ouviu várias reclamações dos empresários sobre a carga tributária e sobre a medida
provisória que elevou a alíquota
da Cofins ao extinguir sua cumulatividade. Horacio Lafer Piva fez
um pedido a Dirceu para que o
governo revise a medida e reduzisse o aumento previsto, considerado exagerado.
Para Ivoncy Ioschpe, "os empresários não saíram nem animados nem desanimados da reunião". Segundo ele, "se existe gordura nos juros, como o próprio
governo reconhece, por que não
queimá-la?".
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