São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2007

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BC dos EUA adota medidas para melhorar comunicação

Fed eleva periodicidade da divulgação de projeções

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Em meio à maior crise de sua gestão até agora, Ben Bernanke, o presidente do Fed (Federal Reserve), anunciou medidas que pretendem dar mais transparência às decisões do banco central norte-americano e melhorar a comunicação com o mercado e o público em geral.
A principal mudança é o aumento na periodicidade da divulgação das projeções econômicas feitas pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês, o equivalente ao Copom brasileiro). Essa dobrará, passando de semestral para trimestral. Seu alcance também será maior, dos atuais dois anos para três.
As novas regras começam a ser aplicadas na próxima semana, quando o Fed divulgará a ata da reunião de outubro. Nas reuniões, cujas atas divulgadas depois são minuciosamente lidas pelo mercado norte-americano e internacional, o comitê faz previsões de crescimento, desemprego e inflação na economia dos EUA.
Na terça-feira, serão publicadas as projeções para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a taxa de desemprego e a inflação até 2010. A nova estratégia dará uma visão mais atualizada dos cenários do Fomc, disse Bernanke em discurso ontem pela manhã no Instituto Cato, um centro de estudos de Washington.
A ampliação do horizonte das previsões, segundo o presidente do Fed, "permitirá ao público tirar mais conclusões sobre os julgamentos feitos pelos membros do comitê" sobre como a economia se comportará no longo prazo. Já a periodicidade maior ajudará "consumidores e empresas a entender melhor" as decisões do Fed e "reforçará nossa obrigação com a prestação de contas".
Bernanke descartou o estabelecimento de uma meta de inflação, como fazem hoje outros bancos centrais, como o BC brasileiro e o BCE (Banco Central Europeu). Depois de dizer que defendia a prática em tese, o economista afirmou que essa não serve ao Fed, por não estar no mandato dado ao banco pelo Congresso: garantir o maior número de empregos e a estabilidade dos preços.
Na fala da manhã de ontem, o economista não acenou com novos cortes na taxa básica de juros da economia dos EUA, hoje em 4,5%, após dois cortes consecutivos, de 0,5 ponto percentual em setembro e 0,25 ponto percentual em outubro.
Sucessor de Alan Greenspan, que presidiu o BC americano de 1987 a 2006, Bernanke enfrenta seu primeiro teste com a crise do mercado imobiliário "subprime" norte-americano, que vem contaminando outros setores da economia. Uma das causas do contágio, dizem os críticos do economista de 53 anos, foi a demora do Fed em resolver agir e, depois da ação, a timidez das medidas.


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