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BC dos EUA adota medidas para melhorar comunicação
Fed eleva periodicidade da divulgação de projeções
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Em meio à maior crise de sua
gestão até agora, Ben Bernanke, o presidente do Fed (Federal Reserve), anunciou medidas
que pretendem dar mais transparência às decisões do banco
central norte-americano e melhorar a comunicação com o
mercado e o público em geral.
A principal mudança é o aumento na periodicidade da divulgação das projeções econômicas feitas pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc,
na sigla em inglês, o equivalente ao Copom brasileiro). Essa
dobrará, passando de semestral
para trimestral. Seu alcance
também será maior, dos atuais
dois anos para três.
As novas regras começam a
ser aplicadas na próxima semana, quando o Fed divulgará a
ata da reunião de outubro. Nas
reuniões, cujas atas divulgadas
depois são minuciosamente lidas pelo mercado norte-americano e internacional, o comitê
faz previsões de crescimento,
desemprego e inflação na economia dos EUA.
Na terça-feira, serão publicadas as projeções para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a taxa de desemprego e a inflação até 2010. A nova
estratégia dará uma visão mais
atualizada dos cenários do
Fomc, disse Bernanke em discurso ontem pela manhã no
Instituto Cato, um centro de
estudos de Washington.
A ampliação do horizonte das
previsões, segundo o presidente do Fed, "permitirá ao público
tirar mais conclusões sobre os
julgamentos feitos pelos membros do comitê" sobre como a
economia se comportará no
longo prazo. Já a periodicidade
maior ajudará "consumidores e
empresas a entender melhor"
as decisões do Fed e "reforçará
nossa obrigação com a prestação de contas".
Bernanke descartou o estabelecimento de uma meta de
inflação, como fazem hoje outros bancos centrais, como o
BC brasileiro e o BCE (Banco
Central Europeu). Depois de
dizer que defendia a prática em
tese, o economista afirmou que
essa não serve ao Fed, por não
estar no mandato dado ao banco pelo Congresso: garantir o
maior número de empregos e a
estabilidade dos preços.
Na fala da manhã de ontem, o
economista não acenou com
novos cortes na taxa básica de
juros da economia dos EUA,
hoje em 4,5%, após dois cortes
consecutivos, de 0,5 ponto percentual em setembro e 0,25
ponto percentual em outubro.
Sucessor de Alan Greenspan,
que presidiu o BC americano
de 1987 a 2006, Bernanke enfrenta seu primeiro teste com a
crise do mercado imobiliário
"subprime" norte-americano,
que vem contaminando outros
setores da economia. Uma das
causas do contágio, dizem os
críticos do economista de 53
anos, foi a demora do Fed em
resolver agir e, depois da ação, a
timidez das medidas.
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