São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Varejo nos EUA tem queda recorde

Vendas registraram a maior contração em 16 anos, reflexo da contenção de gastos pelos americanos

Grande parte das redes que registraram aumento nas vendas é conhecida pelos preços mais baixos, como Wal-Mart e McDonald's

DA REDAÇÃO

Em mais um sinal do mau momento da economia norte-americana, as vendas do varejo nos Estados Unidos tiveram em outubro a maior queda desde 1992 (quando o índice começou a ser medido pelo padrão atual), reflexo do freio nos gastos pelos consumidores.
No quarto mês consecutivo de queda, as vendas do varejo recuaram 2,8% em outubro na comparação com setembro, quando elas tinham caído 1,3%. O pior resultado até então era de queda de 2,65%, em novembro de 2001, logo após os ataques terroristas e quando a economia dos EUA enfrentou o seu último período de recessão.
A última vez em que as vendas do varejo americano recuaram por quatro meses seguidos foi em 1974, mas, na época, o cálculo era diferente.
As vendas do varejo são um importante sinalizador de quanto e onde os americanos estão gastando, e os dados divulgados pelo Departamento do Comércio mostram que eles estão cortando o consumo em praticamente todas as áreas. As vendas do setor automotivo, por exemplo, recuaram 5,5%.
"É um período muito ruim para o consumidor. A não ser que seja algo muito atraente ou realmente necessário, ele não está indo ao shopping center, ele não está gastando", diz Eric Beder, analista de varejo da Brean Murray and Company.
O consumo é o principal motor da economia americana, representando pouco mais de 70% do PIB. Com os gastos dos consumidores se retraindo em 3,1% no terceiro trimestre, o PIB da maior economia mundial teve queda de 0,3% de julho a setembro -e a expectativa é que ele seja negativo novamente neste trimestre, o que configurará a definição mais usual de recessão.
O resultado das vendas do varejo foi pior do que o esperado por analistas, mas a queda não pode ser considerada surpreendente. Nos últimos dias, grandes redes de lojas dos EUA, como Gap e Target, apresentaram recuos expressivos nas suas vendas no mês passado ante o mesmo período de 2007.
Ontem, a JCPenney, a terceira maior loja de departamento dos Estados Unidos, anunciou que seu lucro de julho a setembro recuou pelo quinto trimestre seguido e projetou queda de 11% nas vendas de outubro a dezembro, época tradicionalmente positiva para o varejo, devido aos feriados de fim de ano. Em outubro, as vendas da loja já tinham recuado 13%.
No começo da semana, a Circuit City, segunda maior rede dos EUA de varejo de eletroeletrônicos, pediu concordata. O principal problema no momento, segundo a companhia, é que seus grandes fornecedores estão se recusando a vender a crédito. A sua principal rival, a Best Buy, afirmou que suas vendas em outubro caíram 7,8% e que "mudanças rápidas, sísmicas no comportamento do consumidor criaram o clima mais difícil que já vimos."
Grande parte das redes que tiveram aumento nas vendas é conhecida pelos preços mais baixos, como Wal-Mart e McDonald's, outro sinal de que os consumidores estão buscando alternativas mais baratas.

Com o "New York Times"



Texto Anterior: Emprego: Citigroup pode anunciar corte de 35 mil
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.