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Lucro do BNDES cai 29,7%; em
9 meses resultado soma R$ 5,1 bi
Banco atribui queda à política de juros menores; taxas caem desde 2006
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES registrou lucro de
R$ 5,1 bilhões nos primeiros
nove meses deste ano. O resultado representa uma queda de
29,7% em relação a igual período do ano passado, quando o
banco havia lucrado R$ 7,2 bilhões. Segundo o BNDES, um
dos fatores que contribuíram
para a obtenção de ganhos menores foi a redução das taxas de
juros cobradas nos últimos
anos, resultado da política do
governo de diminuir os custos
de financiamento do banco.
As taxas básicas cobradas nas
operações de crédito do
BNDES passaram de 0% a 3%
para 0% a 1,8%. O resultado de
intermediação financeira antes
da provisão para risco de crédito passou de R$ 3,89 bilhões no
ano passado para R$ 3,2 bilhões
neste ano.
Segundo Selmo Aromovich,
chefe de departamento da área
financeira, as taxas estão em
queda desde 2006. "O banco
tem sido bastante agressivo na
redução dos juros. O efeito ainda deverá aparecer nas próximas divulgações porque os empréstimos têm prazos de sete a
oito anos", disse.
Em maio, o BNDES anunciou uma redução de "spreads"
(diferença entre a taxa de captação e a cobrada dos clientes)
com impacto no balanço do
banco de cerca de R$ 1 bilhão
até 2010, como parte da Política de Desenvolvimento Produtivo. Na época, o presidente do
banco, Luciano Coutinho, estimou o impacto das medidas em
R$ 350 milhões/ano e disse que
a mudança poderia reduzir um
pouco o lucro da instituição,
mas ressaltou que o BNDES
precisava remunerar o acionista, o Tesouro Nacional.
Nos últimos anos, o BNDES
vinha apresentando lucros recordes, compatíveis com os dos
principais bancos comerciais,
impulsionado também pelo desempenho do mercado de capitais. Os resultados suscitavam
críticas de que o banco poderia
ganhar menos e contribuir
mais para o desenvolvimento
da economia.
Desta vez, o resultado ficou
abaixo dos maiores bancos do
país, como Banco do Brasil (R$
5,859 bilhões de janeiro a setembro), Bradesco (R$ 6,015
bilhões) e Itaú (R$ 5,932 bilhões).
O segundo fator para a queda
no lucro foi a redução do montante de reversão de provisão
para risco de crédito, que passou de R$ 2,8 bilhões no ano
passado para R$ 561 milhões
neste ano. Em 2007, uma das
operações de destaque foi a recuperação de créditos de R$
424 milhões devidos pela SEB
(Southern Electric Brasil), controlada pela AES. A SEB havia
conseguido empréstimo na década de 1990 para compra de
ações da Cemig.
"A queda decorre da alta qualidade da carteira de crédito e
do nível de inadimplência historicamente baixo", informou
o banco, em nota. A inadimplência atingia em setembro
0,04% da carteira total, uma
posição inferior à de dezembro
de 2007, de 0,11%.
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