São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Lucro do BNDES cai 29,7%; em 9 meses resultado soma R$ 5,1 bi

Banco atribui queda à política de juros menores; taxas caem desde 2006

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES registrou lucro de R$ 5,1 bilhões nos primeiros nove meses deste ano. O resultado representa uma queda de 29,7% em relação a igual período do ano passado, quando o banco havia lucrado R$ 7,2 bilhões. Segundo o BNDES, um dos fatores que contribuíram para a obtenção de ganhos menores foi a redução das taxas de juros cobradas nos últimos anos, resultado da política do governo de diminuir os custos de financiamento do banco.
As taxas básicas cobradas nas operações de crédito do BNDES passaram de 0% a 3% para 0% a 1,8%. O resultado de intermediação financeira antes da provisão para risco de crédito passou de R$ 3,89 bilhões no ano passado para R$ 3,2 bilhões neste ano.
Segundo Selmo Aromovich, chefe de departamento da área financeira, as taxas estão em queda desde 2006. "O banco tem sido bastante agressivo na redução dos juros. O efeito ainda deverá aparecer nas próximas divulgações porque os empréstimos têm prazos de sete a oito anos", disse.
Em maio, o BNDES anunciou uma redução de "spreads" (diferença entre a taxa de captação e a cobrada dos clientes) com impacto no balanço do banco de cerca de R$ 1 bilhão até 2010, como parte da Política de Desenvolvimento Produtivo. Na época, o presidente do banco, Luciano Coutinho, estimou o impacto das medidas em R$ 350 milhões/ano e disse que a mudança poderia reduzir um pouco o lucro da instituição, mas ressaltou que o BNDES precisava remunerar o acionista, o Tesouro Nacional.
Nos últimos anos, o BNDES vinha apresentando lucros recordes, compatíveis com os dos principais bancos comerciais, impulsionado também pelo desempenho do mercado de capitais. Os resultados suscitavam críticas de que o banco poderia ganhar menos e contribuir mais para o desenvolvimento da economia.
Desta vez, o resultado ficou abaixo dos maiores bancos do país, como Banco do Brasil (R$ 5,859 bilhões de janeiro a setembro), Bradesco (R$ 6,015 bilhões) e Itaú (R$ 5,932 bilhões).
O segundo fator para a queda no lucro foi a redução do montante de reversão de provisão para risco de crédito, que passou de R$ 2,8 bilhões no ano passado para R$ 561 milhões neste ano. Em 2007, uma das operações de destaque foi a recuperação de créditos de R$ 424 milhões devidos pela SEB (Southern Electric Brasil), controlada pela AES. A SEB havia conseguido empréstimo na década de 1990 para compra de ações da Cemig.
"A queda decorre da alta qualidade da carteira de crédito e do nível de inadimplência historicamente baixo", informou o banco, em nota. A inadimplência atingia em setembro 0,04% da carteira total, uma posição inferior à de dezembro de 2007, de 0,11%.


Texto Anterior: Foco: PIB de São Paulo cresce no mesmo ritmo nacional e ganha mais peso no país
Próximo Texto: Governo deve se tornar acionista da Avibrás
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.