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São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

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EXUBERÂNCIA

Dos 15 papéis com maior valorização em 2003, só 2 são de empresas do Ibovespa; analistas recomendam cautela

Ação de segunda linha ganha espaço na Bolsa

João Wainer/Folha Imagem
Operador conversa em pregão na Bolsa de Valores de São Paulo


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Neste ano, quando a Bolsa de Valores de São Paulo tem batido vários recordes seguidos, o grande destaque tem sido as ações de menor porte, aquelas que não giram milhões de reais por dia.
Consideradas de segunda e terceira linhas, essas ações acumulam ganhos extremamente elevados neste ano, desbancando muitas estrelas da Bovespa.
Um exemplo: a ação PN (preferencial) da Staroup conseguiu acumular no ano, até o fim de novembro, alta de 499,9%. O papel PN da Plascar Participações, do setor de peças automotivas, subiu 413,3% no mesmo período.
Se uma pessoa tivesse aplicado R$ 5.000,00 nas ações da Staroup no último dia do ano passado, teria chegado ao início deste mês com R$ 29.995,00.
Dos 15 papéis que acumulam as maiores valorizações do ano, apenas 2 pertencem ao Ibovespa -principal índice da Bolsa, que reúne 54 ações. Há 370 empresas listadas na Bolsa atualmente.
Analistas avaliam que, para muitos desses papéis de segunda linha, a valorização chegou ao limite. E recomendam cautela. Essas ações têm liquidez muito reduzida, o que aumenta a dificuldade de vendê-las rapidamente.
"Esse é um fenômeno que acaba acontecendo em Bolsas de todo o mundo. Quando o mercado acionário sobe muito, como tem acontecido neste ano por aqui, os investidores se voltam para esses papéis de segunda e terceira linhas, que normalmente não são nem acompanhados", afirma Jacopo Valentino, gestor de renda variável do BNP Paribas Asset Management.
As ações de maior visibilidade na Bolsa -as que mais são negociadas- pertencem a setores como telecomunicações, energia elétrica e siderurgia. Os bancos também têm representação no Ibovespa.
O agronegócio, setor que desempenha papel de indiscutível e crescente importância na economia brasileira, ainda ocupa espaço discreto na Bolsa.
Entre as maiores altas do ano, têm-se destacado ações de empresas ligadas ao segmento.
O papel PN da Fertibras tem ganho de 316%, e as ações da Bunge Brasil subiram 265% (PN) e 259,8% (ON, ordinária, com direito a voto) no ano.

Esquecidos
Lúcio Graccho, diretor de renda variável do HSBC Brain, diz que, quando o mercado de ações está mais fraco, os papéis de segunda linha "ficam esquecidos".
"Isso aconteceu entre 2000 e o final do ano passado. Quando o mercado começa a subir com mais força, as ações mais negociadas são beneficiadas primeiro. Depois, os investidores e os gestores se voltam para as ações de menor visibilidade, que, muitas vezes, estão com seus preços bastante debilitados", diz Graccho.
A diferença de movimentação entre as ações do Ibovespa e as outras é bastante grande. Enquanto a média diária negociada com as ações PN da Staroup neste ano é de R$ 2,3 mil, o papel PNA da Usiminas (que está entre as ações do Ibovespa que mais subiram) movimentou cerca de R$ 12,4 milhões diários, segundo dados da consultoria Economática.


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