São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

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Varig obtém certificado em tempo recorde

Cerimônia com presença de três ministros em Brasília encerra processo de recuperação judicial da empresa aérea

Varig terá 30 dias para operar mais 132 rotas nacionais e 180 para 56 internacionais, ou elas poderão ser repassadas


IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quatro meses depois de ser arrematada em leilão, a Varig recebeu ontem o Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo), encerrando o longo processo de recuperação judicial. A entrega ocorreu em clima de festa na sede da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), em Brasília, com a presença de três ministros de Estado, refletindo a importância da empresa para o Planalto e o apoio que recebeu do governo nos bastidores.
A partir de hoje, a Varig passa a responder às mesmas regras que as demais, mas novas disputas judiciais não estão descartadas. A empresa, que hoje opera 140 rotas domésticas e quatro internacionais, tem 30 dias para operar mais 132 rotas domésticas e 180 dias para voar novamente para 56 destinos internacionais, mas não dispõe, por exemplo, de aeronaves para isso. Depois desses prazos, as rotas poderão ser repassadas a outras empresas se a Varig não retomar os vôos a esses locais.
Em tese, o Cheta funciona como um aval do governo. Diz que a empresa possui funcionários capacitados, equilíbrio financeiro e operacional, capacidade de manutenção e aeronaves em bom estado. No caso da Varig, porém, estes documentos são "pré-contratos", cuja validade só será testada agora. Foi a primeira e única vez que a Anac adotou o procedimento de aceitar acordos de gaveta.
A empresa justifica que não conseguiria fechar novos contratos sem o Cheta. Então, a Anac flexibilizou suas regras. O tempo também foi curto. Enquanto a documentação da Gol levou oito meses para ser analisada, a da Varig passou em metade disso. Outras quatro empresas regionais que operavam provisoriamente também receberam o Cheta na cerimônia -Air Minas, Master Top, NHT e SETE.
Participaram do evento os ministros Luiz Marinho (Trabalho), Walfrido Mares Guia (Turismo) e Waldir Pires (Defesa). O presidente da Varig, Guilherme Laager, foi o único representante de empresa a discursar. "A gente sabe que não existe time vencedor sem uma grande torcida", afirmou.

Próximos passos
Logo após a cerimônia, Laager não soube apontar os próximos passos da empresa, afirmando que isso será discutido nos próximos dias. A partir de segunda-feira, a empresa retoma a operação em Fernando de Noronha (PE), Cofins, em Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC) e Porto Seguro (BA).
Indagado se a Varig tentará recuperar sua participação de líder no mercado nacional de aviação, Laager foi diplomático. "Não estou preocupado com tamanho. Mas com qualidade e serviço. Vamos crescer de forma sustentada", afirmou, destacando o primeiro trimestre como prazo para as novidades.
Sócio da Volo Brasil, empresa controladora da Varig, o empresário Lap Chan admitiu que o primeiro desafio da nova empresa será obter aeronaves para operação. "O trabalho começa hoje, agora. Vamos montar um plano de trabalho e retomar as rotas contanto que consiga os aviões, pois há muita demanda no mercado."
A crise da Varig chegou ao ápice em junho, quando o cancelamento de diversos vôos pela obrigou o governo e companhias aéreas concorrentes a adotar um plano de emergência. Na época, a Anac autorizou a Volo Brasil, formada com capital do fundo de pensão americano Matlin-Patterson, a comprar a VarigLog, subsidiária de cargas da Varig. A VarigLog adquiriu sua controladora em 20 de julho.
O ministro da Defesa, Waldir Pires, classificou a recuperação da Varig de "ressurreição" e afirmou que, por muitos anos, procurava notícias do país nas lojas da Varig em aeroportos no exterior, em vez de embaixadas brasileiras.
Já o ministro Mares Guia disse esperar mais aumento no número de turistas estrangeiros com a Varig de volta à operação. "O grande impacto no turismo brasileiro foi a quebra da Varig no meio do ano", disse.
O presidente da Anac, Milton Zuanazzi, não disfarçou a torcida e disse ter "imensa expectativa" de que a Varig, "tão querida pelos brasileiros e no exterior", retome todas as rotas.


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