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Varig obtém certificado em tempo recorde
Cerimônia com presença de três ministros em Brasília encerra processo de recuperação judicial da empresa aérea
Varig terá 30 dias para operar mais 132 rotas nacionais e 180 para 56 internacionais, ou elas poderão ser repassadas
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quatro meses depois de ser
arrematada em leilão, a Varig
recebeu ontem o Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo),
encerrando o longo processo de
recuperação judicial. A entrega
ocorreu em clima de festa na
sede da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), em Brasília, com a presença de três ministros de Estado, refletindo a
importância da empresa para o
Planalto e o apoio que recebeu
do governo nos bastidores.
A partir de hoje, a Varig passa
a responder às mesmas regras
que as demais, mas novas disputas judiciais não estão descartadas. A empresa, que hoje
opera 140 rotas domésticas e
quatro internacionais, tem 30
dias para operar mais 132 rotas
domésticas e 180 dias para voar
novamente para 56 destinos internacionais, mas não dispõe,
por exemplo, de aeronaves para
isso. Depois desses prazos, as
rotas poderão ser repassadas a
outras empresas se a Varig não
retomar os vôos a esses locais.
Em tese, o Cheta funciona
como um aval do governo. Diz
que a empresa possui funcionários capacitados, equilíbrio financeiro e operacional, capacidade de manutenção e aeronaves em bom estado. No caso da
Varig, porém, estes documentos são "pré-contratos", cuja
validade só será testada agora.
Foi a primeira e única vez que a
Anac adotou o procedimento
de aceitar acordos de gaveta.
A empresa justifica que não
conseguiria fechar novos contratos sem o Cheta. Então, a
Anac flexibilizou suas regras. O
tempo também foi curto. Enquanto a documentação da Gol
levou oito meses para ser analisada, a da Varig passou em metade disso. Outras quatro empresas regionais que operavam
provisoriamente também receberam o Cheta na cerimônia
-Air Minas, Master Top, NHT
e SETE.
Participaram do evento os
ministros Luiz Marinho (Trabalho), Walfrido Mares Guia
(Turismo) e Waldir Pires (Defesa). O presidente da Varig,
Guilherme Laager, foi o único
representante de empresa a
discursar. "A gente sabe que
não existe time vencedor sem
uma grande torcida", afirmou.
Próximos passos
Logo após a cerimônia, Laager não soube apontar os próximos passos da empresa, afirmando que isso será discutido
nos próximos dias. A partir de
segunda-feira, a empresa retoma a operação em Fernando de
Noronha (PE), Cofins, em Belo
Horizonte (MG), Florianópolis
(SC) e Porto Seguro (BA).
Indagado se a Varig tentará
recuperar sua participação de
líder no mercado nacional de
aviação, Laager foi diplomático. "Não estou preocupado com
tamanho. Mas com qualidade e
serviço. Vamos crescer de forma sustentada", afirmou, destacando o primeiro trimestre
como prazo para as novidades.
Sócio da Volo Brasil, empresa
controladora da Varig, o empresário Lap Chan admitiu que
o primeiro desafio da nova empresa será obter aeronaves para
operação. "O trabalho começa
hoje, agora. Vamos montar um
plano de trabalho e retomar as
rotas contanto que consiga os
aviões, pois há muita demanda
no mercado."
A crise da Varig chegou ao
ápice em junho, quando o cancelamento de diversos vôos pela obrigou o governo e companhias aéreas concorrentes a
adotar um plano de emergência. Na época, a Anac autorizou
a Volo Brasil, formada com capital do fundo de pensão americano Matlin-Patterson, a comprar a VarigLog, subsidiária de
cargas da Varig. A VarigLog adquiriu sua controladora em 20
de julho.
O ministro da Defesa, Waldir
Pires, classificou a recuperação
da Varig de "ressurreição" e
afirmou que, por muitos anos,
procurava notícias do país nas
lojas da Varig em aeroportos no
exterior, em vez de embaixadas
brasileiras.
Já o ministro Mares Guia disse esperar mais aumento no
número de turistas estrangeiros com a Varig de volta à operação. "O grande impacto no
turismo brasileiro foi a quebra
da Varig no meio do ano", disse.
O presidente da Anac, Milton
Zuanazzi, não disfarçou a torcida e disse ter "imensa expectativa" de que a Varig, "tão querida pelos brasileiros e no exterior", retome todas as rotas.
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