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EXUBERÂNCIA GLOBAL
País deverá receber US$ 11 bi em capital produtivo neste ano; bancos internacionais vêem euforia exagerada
Brasil terá mais investimentos e riscos
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O fluxo de investimentos privados para a economia brasileira e
para os demais países emergentes
deverá crescer em 2004.
No entanto há um alto risco de
que esse fluxo seja interrompido
por um aumento dos juros nos
EUA (a taxa básica hoje é de 1% ao
ano) ou por uma reversão na expectativa de crescimento de economias desenvolvidas.
A estimativa e o alerta foram feitos ontem pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla
em inglês), entidade que reúne os
340 maiores bancos e instituições
financeiras do mundo.
Para o vice-presidente do IIF e
do Citigroup, William Rhodes, a
euforia atual com os emergentes
lembra os meses que antecederam a crise asiática, que começou
em 1997 e se alastrou para países
como a Rússia e o Brasil.
"Há um risco hoje de que os
mercados talvez estejam indo longe demais em relação aos fundamentos econômicos (dos emergentes)", diz Rhodes.
Mais capital
O IIF prevê um fluxo de investimentos (especulativos e diretos)
para os mercados emergentes de
US$ 196 bilhões neste ano -um
pouco acima dos US$ 187,5 bilhões de 2003, quando foi registrado um aumento de 50% sobre
2002 (US$ 124 bilhões).
Do total previsto para 2004, cerca de US$ 39 bilhões devem ser dirigidos à América Latina, onde o
Brasil deve ser um dos maiores
beneficiados.
Somente em investimentos diretos (produtivos), o Brasil deve
receber cerca de US$ 11 bilhões do
total de US$ 29 bilhões que serão
dirigidos à região.
Em 2003, os investimentos produtivos diretos no Brasil ficaram
em US$ 7,6 bilhões, segundo o
IIF, e US$ 9,5 bilhões, segundo as
últimas estimativas do mercado.
O número ainda não foi fechado
pelo Banco Central.
Demanda doméstica
"Os investimentos diretos vão
crescer no Brasil à medida que as
empresas estrangeiras procurem
aumentar seus ganhos no país na
esteira do crescimento da demanda doméstica por produtos e serviços", informa o IIF.
A entidade projeta um crescimento de 3,7% para o Brasil neste
ano, um pouco acima da média de
3,4% para a América Latina.
Embora o Brasil -ao lado do
México- seja apontado como
exemplo por ter adotado "políticas macroeconômicas sustentáveis" e por avançar nas reformas
previdenciária e fiscal, o IIF alerta
que o país não está fora da zona de
risco de uma reversão do quadro.
"O Brasil está protegido de um
aumento repentino dos juros nos
EUA? Não. Todas as economias
emergentes estão na mesma situação", afirma Charles Dallara,
diretor-gerente do IIF.
Um aumento dos juros nos
EUA faria com que investidores
internacionais voltassem a buscar
maior segurança nos títulos do
governo norte-americano.
Dallara pondera, no entanto,
que dificilmente o Brasil e o México seriam "contaminados" por
crises em países vizinhos. Para o
IIF, o Peru e a Venezuela são os
prováveis candidatos a sofrer com
uma reversão dos mercados.
Mesmo a China, líder em captações na Ásia, não está fora de perigo. ""Há uma série de rombos em
contas de bancos estatais que podem vazar para outras empresas.
Essa vulnerabilidade existe e pode
vir à tona a qualquer momento",
diz Yusuke Horiguchi, economista-chefe do IIF.
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