São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

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Plano de Obama pode ter até US$ 825 bi

Dinheiro irá para investimentos em infraestrutura, ajuda a Estados, ampliação do seguro-desemprego e corte de impostos

Pacote pretende preservar ou criar mais de 4 mi de empregos; Obama pediu pressa ao Congresso na aprovação das medidas

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O plano econômico de emergência do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, prevê até US$ 825 bilhões em gastos com investimentos em infraestrutura, ajuda a Estados, ampliação do seguro-desemprego e corte de impostos.
Revelado ontem em maiores detalhes pela liderança do Partido Democrata no Congresso, o pacote tem a ambição de preservar ou criar mais de 4 milhões de empregos. Cerca de 2,6 milhões de norte-americanos foram demitidos nos últimos 12 meses (1,5 milhão só nos últimos três meses).
A conta quase trilionária do novo plano vai se somar ao déficit orçamentário de mais US$ 1,2 trilhão previsto para 2009.
Do total de US$ 825 bilhões, US$ 550 bilhões serão destinados a uma série de gastos emergenciais. Os US$ 275 bilhões restantes devem ser empregados em um grande programa de redução de impostos com duração mínima de dois anos.
Obama assume a Casa Branca na próxima terça-feira. Ele pediu pressa ao Congresso para aprovar o pacote. O democrata vê risco de deterioração mais profunda na atual crise, que pode acabar levando a um quadro de depressão econômica.
Ontem à noite, o Senado dos EUA aprovou a liberação da segunda parcela, no valor de US$ 350 bilhões, do plano sancionado em 2008 pela administração Bush e que acabou sendo quase toda empregada em ajuda direta a bancos (leia texto ao lado).

Detalhamento
Entre as maiores destinações individuais, o plano de Obama prevê US$ 87 bilhões para aumento temporário nos subsídios federais à saúde pública nos Estados, US$ 79 bilhões para escolas e universidades públicas, US$ 90 bilhões na infraestrutura e US$ 54 bilhões para estimular a produção de fontes de energia alternativa.
O plano de estímulo, que os democratas no Congresso batizaram de "Plano de Recuperação e de Reinvestimento Americano", inclui ainda uma redução de impostos para os cidadãos com renda anual inferior a US$ 200 mil (R$ 476 mil).
Pelo pacote, os norte-americanos receberão US$ 500, e as famílias, até US$ 1.000, assim que completarem uma renda de US$ 8.100. O dinheiro virá da redução proporcional nos depósitos que são feitos no Social Security (o sistema público que engloba a previdência dos mais pobres e o seguro-desemprego, entre outros benefícios).
Para os já desempregados, o pacote inclui US$ 43 bilhões para estender o seguro-desemprego e o treinamento de mão- -de-obra, e US$ 39 bilhões para que os demitidos possam pagar por seguro-saúde. Para os mais pobres, o plano prevê US$ 20 bilhões em ajuda para a compra de alimentos ("food stamps").
Apesar da urgência pedida por Obama na aprovação do plano, o Senado também prepara algumas medidas emergenciais para a economia, o que pode acabar atrapalhando as negociações entre os parlamentares, que já começaram.


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