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Álcool caro faz venda de gasolina subir 4%
Volume do combustível que Petrobras deixou de exportar para atender ao mercado interno equivale a 25% da produção
Sindicato dos distribuidores prevê que o preço do álcool terá forte pressão até março, o que manterá em alta o consumo da gasolina
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A disparada do preço do álcool nos últimos meses provocou crescimento entre 3% e 4%
nas vendas mensais de gasolina, o que obrigou a Petrobras a
suspender as exportações do
derivado de petróleo a fim de
evitar um eventual desabastecimento do país.
"Já em novembro, mandei
suspender todas as exportações de gasolina para colocar o
produto no mercado interno",
disse à Folha o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo
Roberto Costa.
Até então, a estatal exportava de 80 mil a 100 mil barris de
gasolina por dia -o equivalente a cerca de 25% da produção
do combustível.
Costa afirmou que a decisão
de vetar as exportações também já previa a redução da mistura de álcool à gasolina de
25% para 20% -anunciada
nesta semana pelo governo.
Com o avanço dos preços do
álcool, diz Costa, as vendas de
gasolina nas refinarias da estatal começaram a crescer em
outubro de 2009 e já sobem
atualmente na faixa de 4%.
Segundo o Sindicom, entidade que representa as distribuidoras de combustíveis, as vendas aos postos subiram mais
claramente a partir de novembro. Naquele mês, avançaram
3%. Em dezembro, o movimento de migração para a gasolina ganhou força e as vendas
cresceram ainda mais: 6%.
De janeiro a dezembro de
2009, porém, acumularam
queda de 1% -que seria mais
intensa não fosse a expansão
do consumo de gasolina.
Os dados do Sindicom se referem apenas às empresas associadas -as maiores do país,
que representam quase 80% do
mercado de distribuição.
Segundo Alísio Vaz, vice-presidente do Sindicom, há "uma
clara tendência de substituição
do álcool pela gasolina", já que
o biocombustível subiu muito
de preço e deixou de ser competitivo em muitos Estados.
Para ser vantajoso abastecer
com álcool veículos flex, o combustível, como é menos eficiente -roda menos quilômetros
por litro-, deve custar até 70%
do preço da gasolina.
Vaz diz que, até setembro, as
vendas de gasolina registravam
forte queda -de 5% naquele
mês. A reversão dessa tendência veio em outubro, quando o
álcool disparou (alta de 11,15%
no mês, segundo o IPC-FGV) e
o consumo de gasolina começou a avançar -foi de 0,3%.
Para o executivo do Sindicom, a tendência é de novos aumentos no preço do álcool,
apesar da redução da adição do
produto à gasolina.
Alta até março
"Até março, os preços ficarão
muito pressionados e o consumo de gasolina vai crescer. Os
estoques estão muito baixos. Se
os preços caírem e as pessoas
voltarem a consumir, vai faltar
produto no mercado", diz Vaz.
Por isso, afirma, os preços do
álcool só voltarão a cair em
março, quando entrará "produto novo no mercado", originário da safra de cana que tem início naquele mês.
Apesar do avanço das vendas
de gasolina, as distribuidoras ligadas ao Sindicom também comercializaram mais álcool nos
meses finais de 2009. Em novembro, o volume vendido subiu 16% -já num ritmo menor,
porém, do que os 26% de alta do
acumulado anual.
Vaz afirma que os dados do
Sindicom estão "inflados" pelo
movimento de queda das vendas de álcool "clandestino" -de
distribuidoras que sonegam e
pirateiam o produto.
Uma ação mais rígida da Fazenda paulista trouxe "para a
legalidade" um volume expressivo de álcool e impulsionou as
vendas das distribuidoras do
Sindicom, segundo Vaz.
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