São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Álcool caro faz venda de gasolina subir 4%

Volume do combustível que Petrobras deixou de exportar para atender ao mercado interno equivale a 25% da produção

Sindicato dos distribuidores prevê que o preço do álcool terá forte pressão até março, o que manterá em alta o consumo da gasolina

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A disparada do preço do álcool nos últimos meses provocou crescimento entre 3% e 4% nas vendas mensais de gasolina, o que obrigou a Petrobras a suspender as exportações do derivado de petróleo a fim de evitar um eventual desabastecimento do país.
"Já em novembro, mandei suspender todas as exportações de gasolina para colocar o produto no mercado interno", disse à Folha o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.
Até então, a estatal exportava de 80 mil a 100 mil barris de gasolina por dia -o equivalente a cerca de 25% da produção do combustível.
Costa afirmou que a decisão de vetar as exportações também já previa a redução da mistura de álcool à gasolina de 25% para 20% -anunciada nesta semana pelo governo.
Com o avanço dos preços do álcool, diz Costa, as vendas de gasolina nas refinarias da estatal começaram a crescer em outubro de 2009 e já sobem atualmente na faixa de 4%.
Segundo o Sindicom, entidade que representa as distribuidoras de combustíveis, as vendas aos postos subiram mais claramente a partir de novembro. Naquele mês, avançaram 3%. Em dezembro, o movimento de migração para a gasolina ganhou força e as vendas cresceram ainda mais: 6%.
De janeiro a dezembro de 2009, porém, acumularam queda de 1% -que seria mais intensa não fosse a expansão do consumo de gasolina.
Os dados do Sindicom se referem apenas às empresas associadas -as maiores do país, que representam quase 80% do mercado de distribuição.
Segundo Alísio Vaz, vice-presidente do Sindicom, há "uma clara tendência de substituição do álcool pela gasolina", já que o biocombustível subiu muito de preço e deixou de ser competitivo em muitos Estados.
Para ser vantajoso abastecer com álcool veículos flex, o combustível, como é menos eficiente -roda menos quilômetros por litro-, deve custar até 70% do preço da gasolina.
Vaz diz que, até setembro, as vendas de gasolina registravam forte queda -de 5% naquele mês. A reversão dessa tendência veio em outubro, quando o álcool disparou (alta de 11,15% no mês, segundo o IPC-FGV) e o consumo de gasolina começou a avançar -foi de 0,3%.
Para o executivo do Sindicom, a tendência é de novos aumentos no preço do álcool, apesar da redução da adição do produto à gasolina.

Alta até março
"Até março, os preços ficarão muito pressionados e o consumo de gasolina vai crescer. Os estoques estão muito baixos. Se os preços caírem e as pessoas voltarem a consumir, vai faltar produto no mercado", diz Vaz.
Por isso, afirma, os preços do álcool só voltarão a cair em março, quando entrará "produto novo no mercado", originário da safra de cana que tem início naquele mês.
Apesar do avanço das vendas de gasolina, as distribuidoras ligadas ao Sindicom também comercializaram mais álcool nos meses finais de 2009. Em novembro, o volume vendido subiu 16% -já num ritmo menor, porém, do que os 26% de alta do acumulado anual.
Vaz afirma que os dados do Sindicom estão "inflados" pelo movimento de queda das vendas de álcool "clandestino" -de distribuidoras que sonegam e pirateiam o produto.
Uma ação mais rígida da Fazenda paulista trouxe "para a legalidade" um volume expressivo de álcool e impulsionou as vendas das distribuidoras do Sindicom, segundo Vaz.


Texto Anterior: Roberto Rodrigues: 2013
Próximo Texto: Petróleo: Lula lança maior refinaria a ser construída no país
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.