São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 2010

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São Francisco comporta usina, diz agência

Técnicos avaliam que instalações nucleares elevariam temperatura do Rio; Greenpeace critica projeto

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Responsável pelas autorizações de uso da água do rio São Francisco, a ANA (Agência Nacional de Águas) informou que há espaço para um empreendimento como usinas nucleares na região. No entanto, segundo relato do secretário-executivo do Comitê de Bacia do São Francisco, Alex Gama, técnicos avaliaram que a instalação de usinas deverá aumentar em 2C a temperatura das águas nas proximidades.
Essa elevação da temperatura pode afetar a pesca, diz Gama, que também é secretário de Meio Ambiente de Alagoas.
A instalação de usinas nucleares no São Francisco é indicada por estudos técnicos que serão levados à análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de um grupo de ministros. Eles definirão o local de instalação de duas novas usinas nucleares no Nordeste até 2030.
Os estudos são comandados pela estatal Eletronuclear, com o apoio da Coppe, o programa de pós-graduação em engenharia da UFRJ, e foram antecipados ontem pela Folha.
A disponibilidade de água é um dos critérios para definir a localização de usinas nucleares. A água é usada para refrigerar o combustível, mas grande parte seria devolvida ao rio.
Segundo o superintendente de outorga e fiscalização da ANA, Francisco Viana, a proposta ainda não chegou à agência. Mas os planos para a bacia preveem o uso de um volume bem maior do que o comprometido até 2030. "A disponibilidade existe", disse.
A instalação de novas usinas nucleares dependerá de licença ambiental do Ibama, subordinado ao Ministério do Meio Ambiente. Ontem, o ministro Carlos Minc disse desconhecer os estudos, mas observou: "Tenho dúvidas se vão encontrar um lugar pior do que Angra dos Reis [onde estão as duas usinas hoje existentes]".
Contrário à energia nuclear, Minc foi voto vencido no governo e autorizou a retomada das obras de Angra 3 mediante condicionantes, como uma solução para o lixo atômico.
A ONG ambientalista Greenpeace criticou os planos. Segundo a ONG, investimentos de US$ 1 bilhão em eficiência energética podem economizar mais energia do que a potência de várias usinas nucleares.


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