São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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Mercado reage com euforia à decisão de liberar câmbio

da Redação

O governo surpreendeu o mercado financeiro ontem ao permitir a livre flutuação da taxa de câmbio, 48 horas após a decisão de desvalorizar o real dentro do sistema de bandas.
Ao voltar atrás, o governo cedeu à intensa pressão dos investidores que estavam mandando dinheiro para fora do país, comprometendo as reservas internacionais.
O dia no mercado de câmbio foi extremamente volátil. O dólar chegou a ser cotado a R$ 1,65, mas fechou a R$ 1,4659, de acordo com o Banco Central. Isso significa que a desvalorização acumulada em dois dias foi de 17,36%. Como o volume negociado foi considerado muito baixo, porque BC não atuou no mercado, é impossível saber se a taxa de fechamento de ontem será mantida.
Na segunda-feira, o BC divulgará comunicado com novas regras cambiais.
A decisão de liberar o câmbio estancou a sangria de dólares. Ontem, saíram US$ 322 milhões até as 20h. Nos dois dias anteriores, a evasão havia sido de US$ 2,9 bilhões, devido à desconfiança dos investidores.
A guinada na política cambial provocou alta de 33,40% da Bolsa de São Paulo, a maior valorização desde 4 de fevereiro de 1991, após a divulgação do Plano Collor 2.
As Bolsas do mundo todo acompanharam a Bovespa. A de Nova York subiu 2,41% e a de Londres, 2,08%. A Bolsa de Buenos Aires teve alta de 12,26%.
Os títulos da dívida externa brasileira, que refletem a confiança dos investidores estrangeiros, reagiram. O C-Bond, que é o papel com maior liquidez, fechou cotado a 56,50% do valor de face (48,87% na véspera).
No mercado futuro, os juros despencaram. Na projeção para janeiro, os juros caíram de 47,95% ao ano, na quinta-feira, para 32,75%.


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