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G-7 estuda criar bandas de flutuação
CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial
A crise brasileira pode não ter
abalado o mundo, pelo menos até
agora, mas provocou a volta à
agenda internacional da idéia de
criação de bandas de flutuação entre as principais moedas, o dólar
norte-americano, o iene japonês e
o recém-lançado euro.
A idéia é estabelecer limites máximo e mínimo para a variação de
cada uma dessas moedas em relação às demais. Cada vez que o valor
ultrapassasse o teto ou o piso da
banda, os bancos centrais entrariam em ação para fazer a cotação
retornar ao patamar desejado.
O premiê alemão, Gerhard
Schroeder, disse ontem que os governos do G-7, o grupo dos sete
países mais ricos do mundo, estão
de acordo em que é preciso limitar
a flutuação entre as principais
moedas. Mas acrescentou: "Se
bandas de flutuação serão ou não
estabelecidas, não posso dizer".
Schroeder lembra que a questão
central é "quanto custa defender as
bandas", se as bandas vierem a ser
implementadas. Seu ministro das
Finanças, Oskar Lafontaine, presidente do Partido Social-Democrata, no poder na Alemanha, é o autor original da tese das bandas. A
ela aderiu o ministro japonês das
Finanças, Kiichi Miazawa.
Ontem, reunidos em Frankfurt,
os dois disseram que a adoção de
"um regime cambial adequado
com os países emergentes" seria
crucial para evitar ainda mais turbulências.
O vice-ministro alemão de Finanças, Heiner Flassbeck, usou a
crise brasileira como o mais recente exemplo da necessidade de estabilizar o mercado de câmbio em
escala planetária.
De certa forma, idêntica pregação vem sendo feita pelo presidente Fernando Henrique Cardoso
desde que tomou posse.
O presidente disse várias vezes,
inclusive em cartas a cada presidente de turno do G-7, que o fluxo
de capitais especulativos que cruza
fronteiras todos os dias é de tal ordem que banco central algum consegue controlá-lo.
A tese das bandas de flutuação
voltou com tal força à agenda internacional que se tornou o primeiro ponto da análise diária do
Grupo G-7, consultoria formada
por ex-altos funcionários da Casa
Branca em sucessivas administrações, democratas ou republicanas.
"Advogados das bandas de flutuação estão pretendendo usar a
crise brasileira como catalisador
para impulsionar sua causa, mas a
oposição liderada pelos EUA provavelmente prevalecerá no futuro
previsível", diz o texto.
Os EUA se opõem à tese por considerarem que ela distorce a realidade econômica e, além disso, pode ser muito custoso defender a
banda, qualquer que seja ela.
Os EUA não estão, aliás, sozinhos na oposição. Mesmo na Comissão Européia, braço executivo
do conglomerado de 15 países,
Yves-Thibauld de Silguy, comissário para Assuntos Financeiros, diz
que "taxas de câmbio não podem
ser fixadas por decreto".
No fundo, a divergência reflete
diferentes visões sobre o grau de
intervenção do Estado na economia. Para os EUA, deve ser mínimo; para os alemães, no entanto, o
enfoque ultra-liberal em relação
aos mercados financeiros não está
funcionando.
A crise no Brasil deu margem ao
lançamento, pelo presidente argentino, Carlos Menem, de uma
idéia heterodoxa: a de que o dólar
seja usado como moeda única dos
países americanos assim que for
constituída a Alca (Área de Livre
Comércio das Américas), ora em
negociação para abranger, a partir
de 2005, todos os 34 países americanos, excluída apenas Cuba.
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