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BOLSA
Decisão do Banco Central leva Bovespa a registrar a sua maior alta desde 1991, no anúncio do Plano Collor 2
Euforia faz Bolsa de SP subir 33,4%
CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local
O mercado financeiro ficou efórico com a decisão do Banco Central, de deixar o câmbio flutuar livremente ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo subiu 33,40%.
A alta percentual registrada no
índice Bovespa, das ações mais negociadas em São Paulo, foi a maior
desde o dia 4 de fevereiro de 1991,
com o Plano Collor 2.
Os estrangeiros voltoram ao
mercado, mas ainda de forma lenta. Haviam muitos compradores,
mas sem vendedores.
Também em dólar, as ações brasileiras subiram. O papel que engloba as 13 empresas resultantes
da cisão da Telebrás negociado em
Nova York subiu de US$ 54,125 anteontem para US$ 70,25 no fechamento de ontem, uma alta de
29,79%.
"Vamos sentir agora a beleza do
mercado, da lei da oferta e da procura. Depois do estresse dos últimos dias, estamos vivendo uma
euforia inicial do câmbio livre. Nos
dois casos, houve exagero óbvio",
disse Rodrigo Moraes, do Banco
Rendimento.
O volume negociado na Bolsa
cresceu, para R$ 811,323 milhões,
contra os R$ 548,94 milhões de anteontem. Foi o maior volume negociado neste ano na Bolsa de Valores de São Paulo.
"O Banco Central atuou de uma
forma correta para conter a fuga de
dólares. Não veio a mercado fornecer dólar para quem queria deixar
o país. Estancou a fuga de reservas.
Ele não tinha outro modelo melhor para adotar neste momento",
disse Marco Antonio Dias, chefe
de operações de interbancário de
câmbio do BicBanco.
Os estrangeiros também elogiaram a medida adotada pelo Banco
Central.
Na avaliação de analista do banco norte-americano Morgan Stanley Dean Witter, por exemplo, a
desvalorização do real cria boas
perspectivas para a economia brasileira a médio e longo prazo.
Mas o analista do Morgan julgou
excessiva a euforia de ontem do
mercado financeiro.
Na avaliação do Morgan, continua a preocupação com o ajuste
fiscal e com o questionamento das
dívidas dos Estados.
Além disso, segundo o Morgan
Stanley Dean Witter, é preciso avaliar o impacto da desvalorização
sobre as dívidas do governo federal, governos estaduais, municipais e das empresas privadas.
Títulos da dívida
Os títulos da dívida tiveram alta
em suas cotações. O C-bond, o
mais negociado, subiu de 48,875%
do valor de face, anteontem, para
56,50% ontem, recuperando os
preços de segunda-feira, antes da
mudança na política cambial pelo
governo federal.
O IDU, outro título da dívida,
também recuperou preço. Suas cotações, que estavam a 77,75% do
valor de face anteontem, subiram
para 86,25% do valor de face ontem.
A diferença nos juros pagos por
esses títulos brasileiros e nos juros
pagos pelos títulos do Tesouro dos
EUA de prazo semelhante de vencimento são usadas pelo mercado
para medir o risco de investir no
Brasil. É o chamado, no jargão dos
investidores, "spread over Treasury".
O "spread" do C-bond, de vencimento em dez anos e meio na média, estava anteontem a 15,20 pontos, caindo para 12,45% pontos ontem. Ou seja, o risco de investir no
Brasil ficou menor.
Mas o "spread over" do IDU, de
vencimento mais curto, de um ano
e dois meses, caiu ainda mais. Foi
para 15,26 pontos percentuais ontem, contra os 25,80 pontos anteontem, uma queda maior.
O fato de o "spread over Treasury" do IDU cair mais do que o
"spread over" do C-bond mostra
que, para os investidores internacionais, o risco de investir no Brasil
caiu mais no curto prazo.
Colaborou
Ricardo Grinbaum, da Reportagem
Local
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