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CRISE
Para ex-presidente do BC, mudança foi errada
"Eu teria segurado mais", diz Loyola
SILVANA QUAGLIO
da Reportagem Local
Para o ex- presidente do Banco Central, Gustavo Loyola,
houve uma precipitação do
Banco Central com relação à
política cambial. Pior do que o
pânico que a atitude (ou a falta
dela) causou no mercado, até o
meio do dia, é o desgaste que a
equipe econômica sofreu.
Loyola afirmou que "seguraria por mais tempo", fora ele o
presidente do BC.
Veja os principais trechos da
entrevista à Folha.
Folha - Como explicar o que
aconteceu?
Gustavo Loyola - Eles abandonaram a posição de defesa
antes da hora. Mudaram de política duas vezes rapidamente.
Folha - Por que isso é ruim?
Loyola - Passa a idéia de que
hesitaram um pouco.
Folha - Mas no final do dia tudo parecia melhor...
Loyola - É preciso separar a
dinâmica do setor financeiro,
onde a lógica é de curtíssimo
prazo, da economia real. Há
empresas endividadas em dólar, a recessão poderá ser maior
e a inflação também. Os riscos
internos são muito maiores
agora.
Folha - E o que vai acontecer?
Loyola - É o que está todo
mundo perguntando. Algum
tipo de regra de intervenção
tem de haver. Câmbio livre, no
Brasil, é inviável. Gera muita
incerteza. O mercado não é tão
perfeito assim para dar conta
do recado sozinho.
Folha - O que o sr. teria feito
se estivesse no BC?
Loyola - Eu sempre fui contra
a desvalorização e acho que o
momento é errado. Eu teria segurado um pouco mais.
Folha - Por que a Bolsa subiu?
Loyola - Houve uma mudança de padrão que muita gente
ainda não percebeu. Muitas
ações são cotadas em dólar em
Nova York. Elas subiram no
Brasil em consequência da desvalorização do real.
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