São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 1999

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CRISE
Para ex-presidente do BC, mudança foi errada
"Eu teria segurado mais", diz Loyola

SILVANA QUAGLIO
da Reportagem Local

Para o ex- presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, houve uma precipitação do Banco Central com relação à política cambial. Pior do que o pânico que a atitude (ou a falta dela) causou no mercado, até o meio do dia, é o desgaste que a equipe econômica sofreu.
Loyola afirmou que "seguraria por mais tempo", fora ele o presidente do BC.
Veja os principais trechos da entrevista à Folha.

Folha - Como explicar o que aconteceu?
Gustavo Loyola -
Eles abandonaram a posição de defesa antes da hora. Mudaram de política duas vezes rapidamente.
Folha - Por que isso é ruim?
Loyola -
Passa a idéia de que hesitaram um pouco.
Folha - Mas no final do dia tudo parecia melhor...
Loyola -
É preciso separar a dinâmica do setor financeiro, onde a lógica é de curtíssimo prazo, da economia real. Há empresas endividadas em dólar, a recessão poderá ser maior e a inflação também. Os riscos internos são muito maiores agora.
Folha - E o que vai acontecer?
Loyola -
É o que está todo mundo perguntando. Algum tipo de regra de intervenção tem de haver. Câmbio livre, no Brasil, é inviável. Gera muita incerteza. O mercado não é tão perfeito assim para dar conta do recado sozinho.
Folha - O que o sr. teria feito se estivesse no BC?
Loyola -
Eu sempre fui contra a desvalorização e acho que o momento é errado. Eu teria segurado um pouco mais.
Folha - Por que a Bolsa subiu?
Loyola -
Houve uma mudança de padrão que muita gente ainda não percebeu. Muitas ações são cotadas em dólar em Nova York. Elas subiram no Brasil em consequência da desvalorização do real.



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