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Empresa deixa de pagar R$ 55 mi ao BB
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Parmalat deixou de pagar na
sexta-feira dívida de R$ 55 milhões que venceu com o Banco do
Brasil, seu maior credor, segundo
a Folha apurou. A linha de crédito
funcionava como uma espécie de
cheque especial para a companhia, que já deixou de pagar débitos com o BB anteriormente, o
que motivou o bloqueio de recursos da Parmalat na instituição.
Com dificuldades de caixa, a
companhia terá de pagar hoje o
adiantamento salarial de seus
6.000 funcionários, no valor total
de R$ 2 milhões.
O Sindicato dos Trabalhadores
da Alimentação de Jundiaí (SP)
informou que na unidade fabril
daquela cidade o pagamento foi
feito sexta-feira. A companhia
opera sem capital de giro e, em
reunião na semana passada, os
bancos reforçaram a decisão de
não abrir os cofres ao grupo.
"Estamos operando da mão para a boca", disse o novo administrador, Keyler Rocha, que substituiu o o ex-presidente da companhia Ricardo Gonçalves, por determinação judicial. Os novos administradores redobraram esforços para liberar recursos bloqueados no BB. Representantes da empresa estiveram em Brasília na
sexta-feira, para pedir ao governo,
principal acionista do banco, que
libere os recursos imobilizados,
estimados em R$ 14 milhões.
O banco emprestou cerca de R$
120 milhões à Parmalat e decidiu
bloquear recursos para tentar garantir pelo menos parte do pagamento. O BB não comentou o novo atraso na quitação da dívida.
Há uma saída de emergência,
que pode ser adotada pela empresa, caso não consiga novos recursos. O grupo tem uma linha de
crédito de R$ 40 milhões com um
banco de varejo, que só irá utilizar
em último caso, apurou a Folha.
Para conseguir operar, a companhia precisa de R$ 75 milhões a
R$ 100 milhões agora, pelas contas de Keyler Rocha. A garantia
que está sendo negociada pela
empresa, na caça de capital, são
recebíveis -espécie de títulos de
dívida da companhia- que, no
entanto, não estão sendo bem
aceitos pelo mercado. "Os credores não querem saber de emprestar mais dinheiro à empresa que
dá como garantia um papel que
pode virar pó", disse um advogado de banco credor para a Folha.
Jorge Lobo, interventor judicial
na empresa, diz acreditar que "os
bancos estão mais abertos e irão
se sensibilizar com a situação".
Mas as atuais negociações comandadas pelo grupo de interventores na empresa podem chegar ao fim. O advogado da empresa, Thomas Felsberg, entrou na
sexta-feira com três recursos em
nome da Parmalat e de seus diretores. Com eles, tenta revogar as
decisões do juiz da 42ª Vara Cível,
Carlos Henrique Abrão.
A empresa pede ao Tribunal de
Justiça a destituição dos novos administradores, no cargo por decisão do juiz, a proibição da quebra
de sigilos dos diretores e a reunião
dos processos contra a empresa
na 29ª Vara Cível de São Paulo.
Na sexta-feira, a empresa teve o
pedido de concordata suspenso
de forma temporária. O juiz Núncio Theophilo Neto, da 29ª Vara
Cível, justificou que, por conta de
um "conflito de competência" entre ele e o juiz Abrão, da 42ª Vara
Cível, há risco de decisões conflitantes a respeito da Parmalat.
Theophilo e Abrão estão analisando processos diferentes que
envolvem o grupo.
A Parmalat do Brasil chegou a
essa situação delicada depois que
a matriz na Itália, em intervenção
judicial, cortou linhas para capital
de giro da empresa. No país, bancos deixaram de emprestar recursos. Como acumula prejuízos há
anos, ela depende de financiamentos para se manter de pé.
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