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BALANÇO
Forte retração do consumidor na área de mercearia explica queda nas vendas reais do grupo; eletrônicos vendem bem
Vendas do Pão de Açúcar caem há dez meses
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A maior rede de varejo do país,
o grupo Pão de Açúcar, com faturamento superior inclusive ao da
popular Casas Bahia, registrou
em janeiro o décimo mês consecutivo de queda na venda real de
suas lojas. A retração foi de 5,1%
sobre janeiro de 2005, quando
houve crescimento. Nesse caso,
entram na conta as lojas com, no
mínimo, 12 meses completos de
operação. O indicador foi deflacionado pelo IPCA.
A reboque da possibilidade de
vendas mais fortes no mercado
interno em 2006, analistas de varejo continuam a indicar a ação
da empresa para compra.
Diversos fatores ajudam a entender o desempenho da empresa. Cerca de 43% das vendas da
cadeia estão ligadas diretamente
ao desempenho da área de mercearia -afetada pela redução na
demanda interna desde o ano
passado. Já os eletrônicos, que bateram recordes de venda no país,
respondem por 12,6% das vendas.
Nessa lista da mercearia, estão
alimentos industrializados (macarrão, biscoitos) e itens "commodities" (como arroz e açúcar),
por exemplo. Aí entra uma outra
explicação: essa cesta de produtos
sentiu forte deflação nos preços
nos últimos meses. E preço em
queda força para baixo o faturamento final das cadeias.
Seria positivo se essa deflação,
mesmo afetando receita, levasse a
população a comprar um volume
maior de arroz e feijão. Mas isso
não funciona desse jeito. O brasileiro não passa a estocar produtos
de mercearia em casa -e a comprar quilos de açúcar a mais porque o preço caiu ligeiramente.
O que os números do grupo varejista evidenciam também, e sua
importância vai além de ser uma
boa opção ou não na Bolsa de Valores, é o real comportamento do
mercado consumidor brasileiro
agora. O ano começa sem recuperação nos segmentos altamente
dependentes de renda, como o de
alimentos. A expectativa é que a
melhora nos resultados ocorra a
partir de março.
No caso específico do Pão de
Açúcar, além dos fatores macroeconômicos, a forte concorrência
das redes informais pode ter peso
no resultado. Essa turma ajuda a
tirar venda do setor formal.
Dados oficiais apresentados na
terça-feira mostram que em janeiro de 2006, a CBD registrou vendas brutas de R$ 1,3 bilhão e vendas líquidas de R$ 1,1 bilhão -alta de 4,8% e 6,4%, respectivamente, sobre 2005. A rede ressalta que,
ao se contabilizar a inflação do
IPCA/alimentos em domicílio, a
venda real da rede sobe 0,7%.
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