São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

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BALANÇO

Forte retração do consumidor na área de mercearia explica queda nas vendas reais do grupo; eletrônicos vendem bem

Vendas do Pão de Açúcar caem há dez meses

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A maior rede de varejo do país, o grupo Pão de Açúcar, com faturamento superior inclusive ao da popular Casas Bahia, registrou em janeiro o décimo mês consecutivo de queda na venda real de suas lojas. A retração foi de 5,1% sobre janeiro de 2005, quando houve crescimento. Nesse caso, entram na conta as lojas com, no mínimo, 12 meses completos de operação. O indicador foi deflacionado pelo IPCA.
A reboque da possibilidade de vendas mais fortes no mercado interno em 2006, analistas de varejo continuam a indicar a ação da empresa para compra.
Diversos fatores ajudam a entender o desempenho da empresa. Cerca de 43% das vendas da cadeia estão ligadas diretamente ao desempenho da área de mercearia -afetada pela redução na demanda interna desde o ano passado. Já os eletrônicos, que bateram recordes de venda no país, respondem por 12,6% das vendas.
Nessa lista da mercearia, estão alimentos industrializados (macarrão, biscoitos) e itens "commodities" (como arroz e açúcar), por exemplo. Aí entra uma outra explicação: essa cesta de produtos sentiu forte deflação nos preços nos últimos meses. E preço em queda força para baixo o faturamento final das cadeias.
Seria positivo se essa deflação, mesmo afetando receita, levasse a população a comprar um volume maior de arroz e feijão. Mas isso não funciona desse jeito. O brasileiro não passa a estocar produtos de mercearia em casa -e a comprar quilos de açúcar a mais porque o preço caiu ligeiramente.
O que os números do grupo varejista evidenciam também, e sua importância vai além de ser uma boa opção ou não na Bolsa de Valores, é o real comportamento do mercado consumidor brasileiro agora. O ano começa sem recuperação nos segmentos altamente dependentes de renda, como o de alimentos. A expectativa é que a melhora nos resultados ocorra a partir de março.
No caso específico do Pão de Açúcar, além dos fatores macroeconômicos, a forte concorrência das redes informais pode ter peso no resultado. Essa turma ajuda a tirar venda do setor formal.
Dados oficiais apresentados na terça-feira mostram que em janeiro de 2006, a CBD registrou vendas brutas de R$ 1,3 bilhão e vendas líquidas de R$ 1,1 bilhão -alta de 4,8% e 6,4%, respectivamente, sobre 2005. A rede ressalta que, ao se contabilizar a inflação do IPCA/alimentos em domicílio, a venda real da rede sobe 0,7%.


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