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Desemprego ameaça estabilidade global
Onda de demissões avança pelo mundo, e agência da ONU diz que 50 milhões de empregos podem ser perdidos
DO "NEW YORK TIMES"
Desde advogados em Paris
até operários de fábricas na
China e seguranças na Colômbia, as fileiras dos desempregados estão inchando rapidamente em todo o mundo.
As perdas de empregos decorrentes da recessão que começou nos Estados Unidos em
dezembro de 2007 podem chegar a estarrecedores 50 milhões até o final deste ano, de
acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT),
uma agência das Nações Unidas. A recessão já levou à perda
de 3,6 milhões de empregos nos
Estados Unidos.
Os altos índices de desemprego, especialmente entre trabalhadores mais jovens, já levaram a protestos em países tão
diversos quanto Letônia, Chile,
Grécia, Bulgária e Islândia e
contribuíram para greves no
Reino Unido e na França.
No mês passado o governo da
Islândia, país cuja economia está prevista para se contrair em
10% neste ano, caiu, e o primeiro-ministro adiantou as eleições nacionais, após semanas
de protestos enfurecidos.
Na semana passada, o novo
diretor de inteligência nacional
dos Estados Unidos, Dennis C.
Blair, afirmou ao Congresso
que a instabilidade causada pela crise econômica global já é a
maior ameaça à segurança norte-americana, passando o terrorismo.
"Quase todo o mundo foi pego de surpresa com a rapidez
com que o desemprego vem
crescendo, e quase todos estão
sem saber como reagir", disse
Nicolas Véron, do centro de
pesquisas Bruegel, em Bruxelas, na Bélgica.
Em economias emergentes
como as da Europa Oriental, teme-se que o desemprego crescente possa incentivar um afastamento da política de livre
mercado, pró-ocidental, enquanto, nos países desenvolvidos, o desemprego pode reforçar o protecionismo.
De fato, alguns pacotes de estímulo europeus, além do plano
de US$ 787 bilhões aprovado
nos Estados Unidos anteontem, incluem proteções para
empresas domésticas, elevando a probabilidade de batalhas
comerciais protecionistas.
Enquanto o desemprego vem
crescendo nos EUA desde o final de 2007, só recentemente
as demissões na Europa, na
Ásia e no mundo em desenvolvimento ganharam ritmo.
O FMI prevê que até o fim do
ano o crescimento econômico
global chegue ao nível mais baixo desde a Grande Depressão
dos anos 1930, segundo Charles
Collyns, vice-diretor do departamento de pesquisas do Fundo. De acordo com o FMI, o
crescimento mundial "virtualmente parou", e a previsão é
que as economias desenvolvidas encolham 2% neste ano.
"É a pior situação desde
1929", disse o ministro do Emprego da França, Laurent Wauquiez. "O que é novo agora é
que a situação é global, e estamos sempre falando sobre isso.
Está em todos os países."
Na Ásia, qualquer atitude de
satisfação arrogante que possa
ter existido por suas economias
terem escapado de ser prejudicadas pela dívida de alto risco
americana foi apagada pelo desespero crescente gerado pela
queda das vendas dos maiores
exportadores.
Milhões de trabalhadores
migrantes na China continental estão procurando trabalho,
mas constatando que as fábricas estão sendo fechadas. Embora essas manifestações não
tenham sido tão grandes quanto as da Grécia ou as do Báltico,
já houve dezenas de protestos
em fábricas individuais na China e na Indonésia.
Os chamados por protecionismo vêm encontrando eco
entre um público assustado. No
Reino Unido, empregados de
refinarias e usinas elétricas fizeram greve em protesto contra o uso de trabalhadores da
Itália e de Portugal numa obra.
A expectativa é que até meados do ano que vem o desemprego no Reino Unido chegue a
9,5%, contra 6,3% no momento; na Alemanha, pode subir de
7,8% para 10,5%. Mesmo a Índia estancou. Cerca de 500 mil
pessoas perderam seus empregos entre outubro e dezembro
do ano passado.
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