São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2004

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TELECOMUNICAÇÕES

Valor refere-se aos papéis que dão direito a voto; minoritários reclamam e ameaçam ir à Justiça contra venda

Ações da Embratel caem 25% na Bolsa de SP

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O anúncio da venda do controle da Embratel para a Telmex por US$ 360 milhões não agradou aos investidores minoritários.
As ações com direito a voto (ON) da Embratel Participações derreteram: depois de acumularem alta de quase 25% nas duas últimas semanas, as ações despencaram 25,43% na Bovespa somente ontem.
Waldir Corrêa, presidente da Animec (associação que representa acionistas minoritários), afirmou que entrará com representação na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) contra o negócio anunciado. Corrêa disse que os minoritários detentores de ações ON da Embratel foram prejudicados, porque houve oferta maior pela empresa de telefonia.
O consórcio formado pelas operadoras de telefonia fixa (Telemar, Brasil Telecom e Telefônica) ofereceu US$ 550 milhões à MCI pela Embratel, segundo informação que circulou pelo mercado financeiro.
Na outra ponta, as ações preferenciais (PN) da empresa de telefonia lideraram as altas do pregão, com ganho de 7,28%.
Os movimentos díspares das duas ações da empresa se explicam da seguinte forma: o mercado esperava que o negócio de venda ficasse em pelo menos US$ 500 milhões, bem acima dos US$ 360 anunciados. Pelo valor esperado, os minoritários ganhariam na hora da oferta de recompra dos papéis feita pela nova controladora.
A oferta para esse tipo de recompra leva em consideração uma regra chamada "tag-along", que assegura aos acionistas minoritários receber pelas suas ações o preço equivalente a, no mínimo, 80% do valor pago ao acionista majoritário. Quanto menor o valor pago ao controlador, menor o retorno para o minoritário.
Já as ações preferenciais subiram movidas pela expectativa em torno de futuros investimentos na Embratel que podem vir a serem feitos por sua nova controladora.
Segundo o presidente da Animec, a diferença entre as propostas equivale a uma perda de R$ 5,00 por lote de mil ONs para os minoritários.
Corrêa contou que recebeu diversos questionamentos de minoritários ontem e deve fazer uma reunião com eles para debater a questão. "Se for necessário, vamos à Justiça brasileira e norte-americana."
Na opinião de Charles Phillipp, diretor da SLW corretora, o problema foi o mercado "prever que a empresa seria vendida por um preço maior e passar a negociar as ações como se isso já fosse algo certo", em referência aos valores das ações nas últimas semanas.


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