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UNIÃO
Brasil e Argentina pedirão em documento mudança a órgãos como o FMI
Vizinhos querem contrapartida social
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
Os presidentes do Brasil, Luiz
Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Néstor Kirchner, assinam hoje
no Rio um comunicado conjunto
em que defendem o pagamento
de dívidas com organismos internacionais, mas exigindo contrapartidas para os países pobres e
com sérias dificuldades sociais.
Eles vão ratificar a proposta brasileira que exclui os investimentos
em infra-estrutura do cálculo do
superávit primário e discutir,
também, obras comuns unindo
fisicamente os dois países aos vizinhos da América do Sul.
Segundo o chanceler Celso
Amorim, que integra a comitiva,
o Brasil apresenta "solidariedade
integral" à Argentina, que acumula uma dívida com setores privados de US$ 88 bilhões. Mas ele
mesmo ressaltou "a diversidade
de situações entre os dois países".
Ou seja: o Brasil quer "reforçar
sua parceria estratégica" com o
vizinho e parceiro no Mercosul,
mas deixando claro para os organismos financeiros e investidores
internacionais que suas dificuldades econômicas são bem menores
do que as da Argentina.
Além disso, Kirchner tem tido
uma atitude mais agressiva nas
negociações com o FMI (Fundo
Monetário Internacional) e ameaçou não pagar uma parcela de
US$ 3,1 bilhões que venceu no dia
9 -e que, afinal, foi paga.
Já o Brasil optou por uma posição mais conservadora e, sintomaticamente, adiou por uma semana o encontro entre os dois
presidentes, que estava marcado
para o dia 10, em São Paulo.
Lula e Kirchner programaram
um jantar restrito para ontem e
uma reunião hoje a partir das
10h30, seguida de almoço. Está
prevista a presença de pelo menos
quatro ministros de cada lado.
Pelo brasileiro, Celso Amorim,
Antonio Palocci Filho (Fazenda),
Dilma Rousseff (Minas e Energia)
e Guido Mantega (Planejamento).
Pelo lado argentino, participam
Rafael Bielsa (chanceler), Roberto
Lavagna (Economia), Eduardo
Sguiglia (secretário para a América Latina) e Julio de Vido (Planejamento).
Em pauta, três projetos de infra-estrutura: restauração e melhoria
da rodovia e da ferrovia que ligam
Brasil, Argentina e Chile, com saída para o Pacífico, e a ampliação
do gasoduto entre Argentina e o
Rio Grande do Sul. A maior expectativa, porém, é quanto ao "recado" que os dois países enviarão
a organismos financeiros, como o
FMI e o Banco Mundial.
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