São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2004

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UNIÃO

Brasil e Argentina pedirão em documento mudança a órgãos como o FMI

Vizinhos querem contrapartida social

ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Néstor Kirchner, assinam hoje no Rio um comunicado conjunto em que defendem o pagamento de dívidas com organismos internacionais, mas exigindo contrapartidas para os países pobres e com sérias dificuldades sociais.
Eles vão ratificar a proposta brasileira que exclui os investimentos em infra-estrutura do cálculo do superávit primário e discutir, também, obras comuns unindo fisicamente os dois países aos vizinhos da América do Sul.
Segundo o chanceler Celso Amorim, que integra a comitiva, o Brasil apresenta "solidariedade integral" à Argentina, que acumula uma dívida com setores privados de US$ 88 bilhões. Mas ele mesmo ressaltou "a diversidade de situações entre os dois países".
Ou seja: o Brasil quer "reforçar sua parceria estratégica" com o vizinho e parceiro no Mercosul, mas deixando claro para os organismos financeiros e investidores internacionais que suas dificuldades econômicas são bem menores do que as da Argentina.
Além disso, Kirchner tem tido uma atitude mais agressiva nas negociações com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e ameaçou não pagar uma parcela de US$ 3,1 bilhões que venceu no dia 9 -e que, afinal, foi paga.
Já o Brasil optou por uma posição mais conservadora e, sintomaticamente, adiou por uma semana o encontro entre os dois presidentes, que estava marcado para o dia 10, em São Paulo.
Lula e Kirchner programaram um jantar restrito para ontem e uma reunião hoje a partir das 10h30, seguida de almoço. Está prevista a presença de pelo menos quatro ministros de cada lado.
Pelo brasileiro, Celso Amorim, Antonio Palocci Filho (Fazenda), Dilma Rousseff (Minas e Energia) e Guido Mantega (Planejamento). Pelo lado argentino, participam Rafael Bielsa (chanceler), Roberto Lavagna (Economia), Eduardo Sguiglia (secretário para a América Latina) e Julio de Vido (Planejamento).
Em pauta, três projetos de infra-estrutura: restauração e melhoria da rodovia e da ferrovia que ligam Brasil, Argentina e Chile, com saída para o Pacífico, e a ampliação do gasoduto entre Argentina e o Rio Grande do Sul. A maior expectativa, porém, é quanto ao "recado" que os dois países enviarão a organismos financeiros, como o FMI e o Banco Mundial.


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