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CRIME
Vítimas descobriam fraude na hora de sacar benefício
Quadrilha fraudava empréstimos para aposentados e pensionistas
DANIELE SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal prendeu ontem em Belém (PA) seis suspeitos
de integrar uma quadrilha que
fraudava empréstimos consignados para aposentados e pensionistas. A operação, da qual participaram 40 policiais, também
apreendeu documentos em nove
endereços da capital. Outros dois
suspeitos, para os quais a Justiça
já expediu mandados de prisão,
estão foragidos.
De acordo com a assessoria de
imprensa da PF, as investigações
começaram há cerca de um mês e
meio, e a quadrilha agia apenas
em Belém. Os seis presos -três
homens e três mulheres- foram
autuados por formação de quadrilha, estelionato e crime contra
o sistema financeiro.
Eles estão detidos na sede da superintendência da PF no Pará, onde prestaram depoimento ontem
à tarde. O órgão diz que só poderá
informar quantas pessoas foram
lesadas pela quadrilha e quanto
dinheiro ela conseguiu com o golpe depois que as investigações estiverem mais adiantadas.
Segundo a Polícia Federal, a
quadrilha obtinha os dados dos
aposentados usando informações
de empresas de energia elétrica e
telefonia. Com essas informações,
eles falsificavam documentos e
conseguiam empréstimos no nome das vítimas. O dinheiro era depositados em contas de "laranjas", que ficavam com uma parcela e repassavam o restante aos
fraudadores.
De acordo com André Luiz
Amorim, responsável pelo setor
de empréstimos da Associação
dos Aposentados do Pará, reclamações sobre empréstimos fraudulentos são comuns. Para ele, a
opção de solicitar os empréstimos
por telefone ou pela internet, oferecida por diversos bancos e financeiras, facilita a atuação dos
estelionatários.
Na hora do saque
O aposentado José Silva, 76, foi
vítima de três fraudes em menos
de um ano. Ele só descobriu que
alguém havia tomado empréstimos em seu nome quando sua
aposentadoria, de R$ 1.500, veio
com desconto. Ele se queixou ao
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que cancelou os empréstimos e determinou que os
bancos devolvessem ao aposentado as parcelas descontadas.
Nas duas primeiras fraudes, foram tomados empréstimos de R$
9.500 e R$ 6.000. Na última, detectada há dois meses e de cujo prejuízo Silva ainda não foi ressarcido, o empréstimo foi de R$ 3.400.
Os três golpes foram aplicados
em bancos diferentes. Quase um
ano depois da primeira fraude,
Silva ainda não sabe quem usou o
seu nome para solicitar e sacar o
dinheiro. "A gente não pode organizar a vida, porque ninguém sabe o que vai acontecer no final do
mês, ao receber a aposentadoria."
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