São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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CRIME

Vítimas descobriam fraude na hora de sacar benefício

Quadrilha fraudava empréstimos para aposentados e pensionistas

DANIELE SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Federal prendeu ontem em Belém (PA) seis suspeitos de integrar uma quadrilha que fraudava empréstimos consignados para aposentados e pensionistas. A operação, da qual participaram 40 policiais, também apreendeu documentos em nove endereços da capital. Outros dois suspeitos, para os quais a Justiça já expediu mandados de prisão, estão foragidos.
De acordo com a assessoria de imprensa da PF, as investigações começaram há cerca de um mês e meio, e a quadrilha agia apenas em Belém. Os seis presos -três homens e três mulheres- foram autuados por formação de quadrilha, estelionato e crime contra o sistema financeiro.
Eles estão detidos na sede da superintendência da PF no Pará, onde prestaram depoimento ontem à tarde. O órgão diz que só poderá informar quantas pessoas foram lesadas pela quadrilha e quanto dinheiro ela conseguiu com o golpe depois que as investigações estiverem mais adiantadas.
Segundo a Polícia Federal, a quadrilha obtinha os dados dos aposentados usando informações de empresas de energia elétrica e telefonia. Com essas informações, eles falsificavam documentos e conseguiam empréstimos no nome das vítimas. O dinheiro era depositados em contas de "laranjas", que ficavam com uma parcela e repassavam o restante aos fraudadores.
De acordo com André Luiz Amorim, responsável pelo setor de empréstimos da Associação dos Aposentados do Pará, reclamações sobre empréstimos fraudulentos são comuns. Para ele, a opção de solicitar os empréstimos por telefone ou pela internet, oferecida por diversos bancos e financeiras, facilita a atuação dos estelionatários.

Na hora do saque
O aposentado José Silva, 76, foi vítima de três fraudes em menos de um ano. Ele só descobriu que alguém havia tomado empréstimos em seu nome quando sua aposentadoria, de R$ 1.500, veio com desconto. Ele se queixou ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que cancelou os empréstimos e determinou que os bancos devolvessem ao aposentado as parcelas descontadas.
Nas duas primeiras fraudes, foram tomados empréstimos de R$ 9.500 e R$ 6.000. Na última, detectada há dois meses e de cujo prejuízo Silva ainda não foi ressarcido, o empréstimo foi de R$ 3.400.
Os três golpes foram aplicados em bancos diferentes. Quase um ano depois da primeira fraude, Silva ainda não sabe quem usou o seu nome para solicitar e sacar o dinheiro. "A gente não pode organizar a vida, porque ninguém sabe o que vai acontecer no final do mês, ao receber a aposentadoria."


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