São Paulo, terça-feira, 16 de abril de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LARANJA

Doença apareceu pela primeira vez em 1999, no Triângulo Mineiro; hoje já são mais de 300 mil árvores infectadas

"Morte súbita" preocupa citricultor de SP e MG

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A morte súbita dos citros (msc), doença descoberta pela primeira vez em 1999 ao sul do Triângulo Mineiro, é o novo motivo de preocupação dos citricultores paulistas e mineiros.
Em 1999, a msc atingiu cerca de mil árvores ao sul do Triângulo Mineiro. Hoje, já são 300 mil árvores infectadas não só no Triângulo, como também no norte do Estado de São Paulo.
Batizada em 2001 por pesquisadores do Centro de Citricultura Sylvio Moreira, localizado em Cordeirópolis (SP), a doença tem como principal característica matar as árvores atingidas num curto espaço de tempo. Em geral, a morte ocorre em até dois meses após a contaminação.
Até o momento, a origem da msc ainda é desconhecida. Segundo Joaquim Teófilo Sobrinho, especialista em citricultura da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, a provável causa da doença seria um vírus e o agente transmissor um inseto conhecido como pulgão preto, vetor da "tristeza" comum, outra praga que atinge o plantio de laranjas.
As pesquisas do levantamento realizado pelo Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura),
em fevereiro deste ano, revelaram que a doença ataca as variedades de árvores que foram enxertadas com o limão-cravo, que somam cerca de 80% das 200 milhões de árvores existentes em São Paulo e no Triângulo Mineiro. A técnica de enxertia com limão-cravo vem sendo utilizada com sucesso desde a década de 50 no combate à "tristeza".
Embora a área atingida represente apenas 0,02% do total de plantas da região, há grande preocupação com a velocidade de propagação da doença. Afinal, o Estado de São Paulo é responsável por 87,7% da produção nacional de laranja e por 98% da matéria-prima do suco que o país exporta.

Sintomas e tratamento
Ao infectar a planta, um dos primeiros sintomas provocados pela msc é a perda generalizada do brilho das folhas, ligeira desfolha e coloração amarelada presente na parte interna do caule da árvore doente.
O maior grau de incidência da doença se dá na primavera, fato que coincide com a época da colheita de laranjas, entre os meses de agosto e dezembro. No entanto, o gerente científico do Fundecitrus, Juliano Ayres, destaca que a colheita só é prejudicada, quando a doença contamina árvores cujos frutos ainda não atingiram grau suficiente de maturação.
Apesar de desconhecerem a causa da morte súbita dos citros, os pesquisadores do Fundecitrus já desenvolveram um tratamento para combater a doença.
A técnica consiste na substituição dos enxertos de limão-cravo por enxertos tolerantes à msc. Devido à falta de conhecimento do agente causador da doença, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento adota cautela para lançar medidas de controle e prevenção da praga. Segundo o Ministério, dentro dos próximos dias a instituição pretende editar uma Instrução Normativa Federal para regulamentar o comércio de mudas de plantas oriundas das regiões atingidas.

SAIBA MAIS - www.fundecitrus.com.br e 0800-112155



Texto Anterior: Parada é transitória, diz exportador
Próximo Texto: Dinâmica da doença ainda é desconhecida
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.