|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Vice do Bank of New York reclama
de juros altos e crescimento baixo
DE NOVA YORK
Vice-presidente de política de
crédito do Bank of New York,
John M. Koch era uma rara voz
dissonante em meio aos comentários festivos sobre o cenário brasileiro no encontro com a equipe
econômica do governo, ontem,
em Nova York. Ele alerta que, para atrair mais investidores, o país
precisa crescer mais de 2,5% ao
ano.
(RD)
Folha - Existe um sentimento de
otimismo em relação ao Brasil hoje. Faz sentido?
John Koch - Se você olhar o Brasil, verá que os juros ainda estão
altos e que o crescimento ainda é
baixo. Lula prometeu muitas coisas durante a campanha. É preciso ver se ele vai conseguir entregá-las agora. Devemos ter 6 a 12 meses durante os quais o neo-ortodoxo populista vai saber se sua
dedicação será suficiente.
Folha - O que vai acontecer com o
risco-país?
Koch - Se você olhar o histórico
dos C-Bonds, vai ver que é algo
que sempre foi muito volátil e deve continuar assim. É claro que
para o Brasil o ideal seria emitir
seus títulos com 300 pontos, mesmo com 700 seria algo caro, mas a
realidade não é assim. Pode levar
ainda seis meses para o mercado
começar a investir seu dinheiro de
verdade no Brasil.
Folha - Mas, se há gente dizendo
ter essa percepção otimista, por
que existem essas dúvidas?
Koch - O principal é ter o crescimento. Coisas como o balanço de
pagamentos ajudam, as reformas
estruturais vão contribuir para o
crescimento, mas o fundamental
é que o PIB cresça pelo menos acima de 2,5%.
Folha - Seria uma grande decepção caso se chegue a setembro ou a
outubro, por exemplo, e a aprovação das reformas não esteja ocorrendo?
Koch - É claro que sempre existe
o risco de choques, tanto externos
quanto internos também. No caso
da reforma da Previdência, por
exemplo, os números indicam
que é algo insustentável. Mas há
um setor do funcionalismo público que luta muito, isso é algo que
as pessoas de fora não têm como
acompanhar muito bem. O que
sabemos é que o governo Lula decidiu colocar as reformas como
prioridade, aproveitar a lua-de-mel.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Frases Índice
|