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São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

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Vice do Bank of New York reclama de juros altos e crescimento baixo

DE NOVA YORK

Vice-presidente de política de crédito do Bank of New York, John M. Koch era uma rara voz dissonante em meio aos comentários festivos sobre o cenário brasileiro no encontro com a equipe econômica do governo, ontem, em Nova York. Ele alerta que, para atrair mais investidores, o país precisa crescer mais de 2,5% ao ano. (RD)

Folha - Existe um sentimento de otimismo em relação ao Brasil hoje. Faz sentido?
John Koch -
Se você olhar o Brasil, verá que os juros ainda estão altos e que o crescimento ainda é baixo. Lula prometeu muitas coisas durante a campanha. É preciso ver se ele vai conseguir entregá-las agora. Devemos ter 6 a 12 meses durante os quais o neo-ortodoxo populista vai saber se sua dedicação será suficiente.

Folha - O que vai acontecer com o risco-país?
Koch -
Se você olhar o histórico dos C-Bonds, vai ver que é algo que sempre foi muito volátil e deve continuar assim. É claro que para o Brasil o ideal seria emitir seus títulos com 300 pontos, mesmo com 700 seria algo caro, mas a realidade não é assim. Pode levar ainda seis meses para o mercado começar a investir seu dinheiro de verdade no Brasil.

Folha - Mas, se há gente dizendo ter essa percepção otimista, por que existem essas dúvidas?
Koch -
O principal é ter o crescimento. Coisas como o balanço de pagamentos ajudam, as reformas estruturais vão contribuir para o crescimento, mas o fundamental é que o PIB cresça pelo menos acima de 2,5%.

Folha - Seria uma grande decepção caso se chegue a setembro ou a outubro, por exemplo, e a aprovação das reformas não esteja ocorrendo?
Koch -
É claro que sempre existe o risco de choques, tanto externos quanto internos também. No caso da reforma da Previdência, por exemplo, os números indicam que é algo insustentável. Mas há um setor do funcionalismo público que luta muito, isso é algo que as pessoas de fora não têm como acompanhar muito bem. O que sabemos é que o governo Lula decidiu colocar as reformas como prioridade, aproveitar a lua-de-mel.


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