|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NO AR
Aeronáutica quer impedir que companhia aumente seu número de vôos e prejudique plano de rearranjo do setor
Governo tira rota da Gol e veta leasing de jato
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A companhia aérea Gol e o governo entraram em rota de colisão. O Palácio do Planalto quer reduzir o tráfego de aviões no Brasil,
mas a Folha apurou ontem que a
Gol não pretende ser incluída no
enxugamento de vôos, que visaria
aliviar o excesso de oferta de assentos no setor da aviação civil.
Esse corte ajudaria empresas em
dificuldades financeiras como a
Varig, TAM e Vasp.
As pressões do governo para
tentar enquadrar a Gol começaram no dia 14 de março, quando o
comando da Aeronáutica publicou a portaria nº 243. Ela afirma
que a Aeronáutica adotará medidas para diminuir a oferta de vôos
no país.
O artigo 4º da portaria é contundente, pois determina que qualquer companhia aérea interessada em contratar mais aeronaves
deve comprovar a real necessidade ao DAC (Departamento de
Aviação Civil).
A Gol é a única companhia aérea que tem ampliado sua frota de
aeronaves. A Varig, por exemplo,
devolveu 18 aviões somente neste
ano. Um golpe mais forte do governo contra a Gol ocorreu no dia
27 de março, quando o DAC suspendeu a autorização para a companhia voar de São Paulo (Congonhas) para Londrina, no Paraná.
A Gol havia inaugurado esse
trajeto apenas cinco dias antes.
Procurado pela Folha, o DAC não
explicou os motivos da suspensão
da rota.
O presidente da Gol, Constantino Júnior, afirmou que não pretende seguir as orientações do artigo da portaria da Aeronáutica.
"As justificativas para a importação de aviões não se aplicam à
Gol, que registra crescimento nos
negócios", disse. A Gol foi a única
empresa a ter lucros em 2002.
O empresário mostrou irritação
pelo fato de o DAC ter suspenso
seus vôos de São Paulo para Londrina, o que beneficiou seus concorrentes. "Toda vez que a Gol entra em um novo mercado os preços das tarifas diminuem."
Interesse público e negócios
A Folha apurou que o centro da
discórdia entre a Gol e o governo é
a maneira com que o ministro da
Casa Civil, José Dirceu, encara a
aviação civil.
Enquanto Dirceu entende que o
governo deve interferir no setor,
pois é de interesse público, a Gol
trabalha principalmente sob o
ponto de vista dos negócios.
A Gol teve crescimento de cerca
de 90% no seu resultado operacional em 2002 em relação a 2001.
"A indústria de aviação civil como
um todo aumentou 0,9%", disse
Constantino.
O empresário também disse
que até agora não foi procurado
por nenhum representante do governo para participar das comissões que estudam novas regras
para o setor.
No último dia 2, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva determinou a criação de duas comissões
para analisar medidas que ajudem o setor da aviação como um
todo.
Uma comissão indicará medidas emergenciais que podem ajudar empresas do setor. A outra
apresentará novas regras para a
aviação. "Não fui procurado por
nenhum representante dessas
duas comissões", afirmou o empresário.
A expectativa de empresas como a Varig, que estuda uma joint
venture com a TAM, é que o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) libere dinheiro a taxas de juros baixas.
Constantino disse que, a princípio, a Gol não pretende pedir empréstimos ao governo. Mas, se
houver a abertura de crédito barato, ele quer que sua companhia
possa optar por ter as mesmas
condições dos concorrentes.
Texto Anterior: Venezuela reafirma corte de produção Próximo Texto: Empresa é única a registrar lucro Índice
|