São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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Banco alerta para risco fiscal e cenário externo

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em uma dura nota enviada a clientes ontem, o JP Morgan elencou uma série de riscos que rondam a economia brasileira e, por isso, o levaram a reduzir sua recomendação de investimentos no país. Entre as preocupações do banco estão os efeitos para o Brasil de um possível aumento de juros nos Estados Unidos neste ano, uma deterioração da situação fiscal do país e uma redução do ritmo de retomada da economia.
"O que nos levou a tomar essa decisão foram, principalmente, a deterioração do cenário externo para o Brasil e a piora das perspectivas fiscais do país, com o aumento de pressões para que o governo comprometa o Orçamento com reajustes salariais além do previsto", disse Fábio Akira, economista do JP Morgan no Brasil em entrevista à Folha.
Para Akira, a reação negativa do mercado à decisão do JP Morgan é um sinal de que essas incertezas em relação ao país já preocupavam analistas e investidores.
Em sua nota, a instituição diz que dados referentes aos dois primeiros meses deste ano mostram que o desempenho fiscal piorou em relação a anos anteriores e acrescenta que o governo tem sido mais "permissivo" em negociações de salários com funcionários públicos. O banco cita ainda a intenção do governo de mudar a metodologia de cálculo do superávit primário como ponto negativo para o país .
Mas, para Akira, isso não significa que o governo não conseguirá cumprir a meta de superávit primário (economia para pagamento de juros) de 4,25% em 2004.
"Com certeza, nada disso impedirá que o governo cumpra a meta fiscal deste ano. O risco é de que gastos além do previsto comprometam excessivamente o Orçamento. Isso pode inviabilizar investimentos e piorar a situação fiscal futura", diz Akira.
A situação do Brasil se torna mais frágil com a perspectiva de alta de juros nos EUA. Segundo Akira, embora a previsão oficial do JP Morgan seja que o aperto monetário começará em novembro deste ano, o banco acredita que as chances de que isso seja antecipado para agosto cresceram.

Recomendação
Diante desse cenário, com a decisão de ontem, o JP Morgan sugeriu a seus clientes que diminuíssem sua exposição aos papéis brasileiros. Até então, o banco recomendava aos investidores que, proporcionalmente, mantivessem mais recursos aplicados no Brasil do que na média do mercado. Agora, o "conselho" da instituição é que as aplicações no Brasil sejam equivalentes à média dos demais emergentes.


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