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Banco alerta para risco fiscal e cenário externo
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma dura nota enviada a
clientes ontem, o JP Morgan elencou uma série de riscos que rondam a economia brasileira e, por
isso, o levaram a reduzir sua recomendação de investimentos no
país. Entre as preocupações do
banco estão os efeitos para o Brasil de um possível aumento de juros nos Estados Unidos neste ano,
uma deterioração da situação fiscal do país e uma redução do ritmo de retomada da economia.
"O que nos levou a tomar essa
decisão foram, principalmente, a
deterioração do cenário externo
para o Brasil e a piora das perspectivas fiscais do país, com o aumento de pressões para que o governo comprometa o Orçamento
com reajustes salariais além do
previsto", disse Fábio Akira, economista do JP Morgan no Brasil
em entrevista à Folha.
Para Akira, a reação negativa do
mercado à decisão do JP Morgan
é um sinal de que essas incertezas
em relação ao país já preocupavam analistas e investidores.
Em sua nota, a instituição diz
que dados referentes aos dois primeiros meses deste ano mostram
que o desempenho fiscal piorou
em relação a anos anteriores e
acrescenta que o governo tem sido mais "permissivo" em negociações de salários com funcionários públicos. O banco cita ainda a
intenção do governo de mudar a
metodologia de cálculo do superávit primário como ponto negativo para o país .
Mas, para Akira, isso não significa que o governo não conseguirá
cumprir a meta de superávit primário (economia para pagamento de juros) de 4,25% em 2004.
"Com certeza, nada disso impedirá que o governo cumpra a meta fiscal deste ano. O risco é de que
gastos além do previsto comprometam excessivamente o Orçamento. Isso pode inviabilizar investimentos e piorar a situação
fiscal futura", diz Akira.
A situação do Brasil se torna
mais frágil com a perspectiva de
alta de juros nos EUA. Segundo
Akira, embora a previsão oficial
do JP Morgan seja que o aperto
monetário começará em novembro deste ano, o banco acredita
que as chances de que isso seja antecipado para agosto cresceram.
Recomendação
Diante desse cenário, com a decisão de ontem, o JP Morgan sugeriu a seus clientes que diminuíssem sua exposição aos papéis
brasileiros. Até então, o banco recomendava aos investidores que,
proporcionalmente, mantivessem mais recursos aplicados no
Brasil do que na média do mercado. Agora, o "conselho" da instituição é que as aplicações no Brasil sejam equivalentes à média dos
demais emergentes.
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