São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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Para banqueiros, país segue regra e corre risco

DA ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

Aos olhos dos banqueiros internacionais, o governo petista do Brasil fez o dever de casa, mas ainda enfrenta risco de perder a confiança dos investidores caso não haja retomada do crescimento econômico e cresçam as pressões políticas pela adoção de medidas "populistas" não-favoráveis ao "mercado".
Na avaliação do IIF (Institute of International Finance), que reúne os grandes bancos do mundo, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva foi bem-sucedido na tarefa de construir sua reputação diante dos investidores e conquistar sua confiança.
"A economia já começou a dar sinais de recuperação, baseada em exportações, como conseqüência de um ambiente externo favorável, taxas de juros mais baixas e sentimentos mais positivos por parte dos investidores", afirma relatório apresentado durante a reunião do IIF em Xangai, na China -antes do relatório do JP Morgan divulgado ontem e de toda a movimentação negativa dos mercados conseqüente.
Mas o mesmo documento ressalta que o país continua vulnerável a choques, principalmente pela alta relação entre dívida/PIB, que está próxima de 58%.
A expectativa do IIF é que esse percentual caia para 56% no fim de 2004. Apesar disso, a entidade ressalta que a melhoria dessa relação depende da retomada do crescimento sustentado da economia, que aumentaria a capacidade do país de honrar seus compromissos.
Roberto Setubal, presidente do Banco Itaú e vice-presidente do IIF, ressaltou que o Brasil deve crescer em 2004 cerca de 3,5%, depois de dois anos de expansão próxima de zero.
Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco, que participou das discussões reservadas do encontro, afirmou que a avaliação feita sobre o Brasil foi bastante positiva.
O documento do IIF prevê que o Banco Central deverá conseguir elevar as reservas líquidas do país a US$ 50 bilhões no fim de 2005 e que a inflação permanecerá sob controle em 2004.
(CLÁUDIA TREVISAN)

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