São Paulo, domingo, 16 de abril de 2006

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CRISE NO AR

Governo vê risco de falência

Reino Unido sugere evitar voar de Varig

FÁBIO VICTOR
DE LONDRES

O governo britânico começou a alertar seus cidadãos para a crise da Varig, ao sugerir que os turistas que pretendem visitar o Brasil devem buscar outras opções de companhias aéreas.
O FCO (Foreign & Commonwealth Office), equivalente ao Ministério das Relações Exteriores brasileiro, acrescentou, na semana passada, na seção de sua página na internet dedicada a recomendações a viajantes, um tópico específico sobre a Varig -dando erroneamente a entender que trata-se da única empresa aérea brasileira.
"A companhia aérea brasileira, Varig, está em sérias dificuldades financeiras. Vários vôos, internacionais e domésticos, foram cancelados ou atrasaram nas últimas semanas. A Varig é uma empresa privada, e o governo brasileiro disse que não irá socorrê-la; há, portanto, um risco iminente de falência. Você deve levar isso em conta quando for fazer uma reserva aérea e considerar opções alternativas", afirma o texto publicado pelo FCO.
A direção da Varig em Londres se revoltou com o fato. O gerente-geral da empresa para o Reino Unido, Irlanda e Oriente Médio, Mario Bruni, enviou um e-mail ao FCO em que se queixou da publicação. Na mensagem, pede que o órgão revise o alerta e coloque um novo texto no seu site.
"O que eles fizeram não existe. Eles estão se baseando em quê? Teve algum dado oficial? Não teve. É especulação", disse Bruni.
Segundo ele, o alerta não interferiu no movimento de clientes. "Não houve nenhum cancelamento de reserva. Apenas uma agência e um passageiro que ia viajar nos ligaram para saber como estava a situação."
O gerente relatou que a operação da rota entre Londres e o Brasil (sete vôos por semana) está normal. O cancelamento de quatro vôos neste mês foi causado, diz, por motivos de manutenção e avisado com antecedência aos passageiros.
Na avaliação de Bruni, há uma cobertura equivocada da imprensa em relação à crise da aérea, que não contempla os motivos reais do problema (causados, afirma, por administrações anteriores) e superdimensiona os seus efeitos.
"A batalha está grande contra os jornais, principalmente. Porque os jornais estão falando um monte de coisas que não são verdadeiras. Disseram que a Varig ia parar na quinta-feira [da semana retrasada], e não parou; depois, que iria parar na segunda, e não parou. E assim vai indo. Quem tem de falar se a Varig vai parar é a Varig", declarou Bruni.
Na semana passada, a crise da Varig se intensificou com a liquidação do Aerus, fundo de pensão dos funcionários da companhia.
Em outra decisão, a Justiça do Trabalho do Rio autorizou o arresto (embargo) dos bens e direitos da Varig, a fim de "blindar" o patrimônio da empresa em caso de falência.


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