São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

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FGV questiona juro contra commodities

DA SUCURSAL DO RIO

O coordenador de Índices de Preços ao Consumidor, André Braz, avalia que a alta dos juros é um instrumento pouco eficaz para combater o aumento dos preços de produtos cotados no mercado internacional, como as commodities agrícolas.
Segundo Braz, a ação do Banco Central é tênue porque o aumento da taxa básica de juros consegue arrefecer um pouco o consumo das famílias, especialmente de bens duráveis, mas surte um efeito limitado sobre a compra de alimentos.
O economista avalia que o governo poderia investir em políticas para atenuar o efeito da alta dos alimentos como financiamentos para o setor agrícola ou desenvolvimento de novas tecnologias no campo.
Para Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV, a escalada nos preços dos alimentos fez com que a questão deixasse de ser apenas econômica. "Entrou na agenda política. O custo dos alimentos vai continuar alto e possivelmente em elevação. Isso significa piora dos níveis de bem-estar da população e aumento da pobreza. Isso vai além da questão inflacionária e do papel do Banco Central", disse.
Segundo Quadros, de dezembro de 2006 a fevereiro deste ano, o aumento das commodities em dólar foi de 32,9%. As agrícolas acumularam 61,1% no período. Ele explica que, como o dólar está perdendo valor em relação ao euro, parte da alta desses produtos pode estar ligada a uma correção cambial.

Precipitação
Para Marcelo Salomon, economista-chefe do Unibanco, o BC pode tomar uma atitude precipitada ao elevar os juros. "Subir juros pode ser uma decisão prematura. A economia não está reacelerando, está estabilizada em patamar alto." A produção industrial cresceu 8,7% em janeiro e 9,7% em fevereiro, na comparação com os mesmos meses do ano passado, segundo o IBGE. "Mas, quando olhamos os dados mês a mês, há desaceleração."
Outro indicador de estabilização, na avaliação dele, é o uso da capacidade da indústria, que está em queda há três meses, segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Para Salomon, o aumento do custo do crédito indica que o consumidor já não tem tanto fôlego para gastar. (JANAINA LAGE)

Colaborou FÁTIMA FERNANDES , da Reportagem Local


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