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FGV questiona juro contra commodities
DA SUCURSAL DO RIO
O coordenador de Índices de
Preços ao Consumidor, André
Braz, avalia que a alta dos juros
é um instrumento pouco eficaz
para combater o aumento dos
preços de produtos cotados no
mercado internacional, como
as commodities agrícolas.
Segundo Braz, a ação do Banco Central é tênue porque o aumento da taxa básica de juros
consegue arrefecer um pouco o
consumo das famílias, especialmente de bens duráveis, mas
surte um efeito limitado sobre
a compra de alimentos.
O economista avalia que o
governo poderia investir em
políticas para atenuar o efeito
da alta dos alimentos como financiamentos para o setor
agrícola ou desenvolvimento
de novas tecnologias no campo.
Para Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV, a escalada nos preços dos alimentos fez com que a questão deixasse de ser apenas
econômica. "Entrou na agenda
política. O custo dos alimentos
vai continuar alto e possivelmente em elevação. Isso significa piora dos níveis de bem-estar da população e aumento da
pobreza. Isso vai além da questão inflacionária e do papel do
Banco Central", disse.
Segundo Quadros, de dezembro de 2006 a fevereiro deste
ano, o aumento das commodities em dólar foi de 32,9%. As
agrícolas acumularam 61,1% no
período. Ele explica que, como
o dólar está perdendo valor em
relação ao euro, parte da alta
desses produtos pode estar ligada a uma correção cambial.
Precipitação
Para Marcelo Salomon, economista-chefe do Unibanco, o
BC pode tomar uma atitude
precipitada ao elevar os juros.
"Subir juros pode ser uma decisão prematura. A economia não
está reacelerando, está estabilizada em patamar alto."
A produção industrial cresceu 8,7% em janeiro e 9,7% em
fevereiro, na comparação com
os mesmos meses do ano passado, segundo o IBGE. "Mas,
quando olhamos os dados mês
a mês, há desaceleração."
Outro indicador de estabilização, na avaliação dele, é o uso
da capacidade da indústria, que
está em queda há três meses,
segundo a CNI (Confederação
Nacional da Indústria).
Para Salomon, o aumento do
custo do crédito indica que o
consumidor já não tem tanto
fôlego para gastar.
(JANAINA LAGE)
Colaborou FÁTIMA FERNANDES ,
da Reportagem Local
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