São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

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Para governo, pior já passou, mas economistas contestam

Mantega diz que país já atingiu fundo do poço; Meirelles vê sinais de retomada

Apesar de indicadores esboçarem reação, Armínio e Mailson esperam retomada do crescimento só a partir do 2º semestre


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os últimos indicadores mostram que a economia brasileira esboça uma recuperação -porém, por enquanto, incipiente e incapaz de fazer a atividade voltar aos níveis de antes do recrudescimento da crise global. Essa é a opinião de especialistas, empresários e autoridades do governo.
Em palestra durante o Fórum Econômico Mundial na América Latina, realizado no Rio de Janeiro ontem, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que "ainda está incerto o desenvolvimento dos próximos meses". Ele se mostrou otimista, no entanto. "Os indicadores já mostram sinais de retomada em alguns setores específicos. É o caso do de automóveis."
Presente ao mesmo evento, o ex-presidente do BC Armínio Fraga afirmou que, na sua avaliação, o PIB (Produto Interno Bruto) do país voltará a crescer a partir do segundo semestre. Tal projeção é bastante compartilhada.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, concorda que a reaceleração se dará a partir do terceiro trimestre do ano. Para ele, o Brasil já atingiu "o fundo do poço". "Não quer dizer que a crise acabou, mas a pior fase passou", comentou, durante audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, acrescentando que o "poço, no país, não era tão fundo quanto nos países desenvolvidos".
Também o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega diz esperar uma aceleração na metade de 2009. "Naturalmente, em um momento como este, o consumidor fica conservador. O ideal é que o pessimismo desse lugar ao ânimo para gastar. Como o desemprego não avançou como nos EUA nem houve uma redução notável da renda, provavelmente, quando se perceber que a atividade está subindo, haverá maior confiança."
Mailson é cauteloso, entretanto. "Creio que afirmar que o pior já passou não se apoia na realidade. Há sinais, sim, de que a economia brasileira parou de piorar", comenta. "No exterior, também estão surgindo sinais de uma estabilização, que é o primeiro passo para a recuperação. E o Brasil deve ter uma retomada antes dos demais porque não enfrentou os sérios problemas bancários e no segmento imobiliário que outras nações sofreram."
Ele diz que, no passado, boas notícias como as que estão surgindo -por exemplo, a criação de empregos formais, alta da produção industrial e das vendas do comércio- não necessariamente significaram o fim das turbulências.
A retomada depende ainda da confiança pelos empresários. Bráulio Borges, economista da LCA Consultores, defende medidas adicionais do governo para estimular o investimento das companhias, que segue baixo. "Poderia haver isenção de IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados] para a compra de bens de capital."


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