|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
UBS anuncia prejuízo de R$ 3,8 bi no 1º tri
Maior banco suíço, líder no mercado de gestão de fortunas, cortará 10 mil funcionários até o fim de 2010
MARCELO NINIO
DE GENEBRA
O UBS, maior banco da Suíça,
anunciou prejuízo de 2 bilhões
de francos (R$ 3,8 bilhões) no
primeiro trimestre do ano e
previsão de corte de 10 mil funcionários até o fim de 2010.
Fortemente atingido pela
crise financeira, o banco teve
sua imagem ainda mais abalada
por um escândalo de sonegação
fiscal nos EUA, o que acelerou
uma verdadeira sangria de capital. Nos três primeiros meses
de 2009, as retiradas totalizaram 23 bilhões de francos (R$
44,4 bilhões) no setor de gestão
de fortunas, no qual o UBS é líder mundial.
O sombrio panorama foi
apresentado ontem pelo novo
executivo-chefe do UBS, Oswald Grübel. Em uma reunião
com acionistas, ele deixou claro
que o pior ainda não passou.
"Infelizmente ainda não estou
em condições de dar boas notícias", admitiu Grübel, em Zurique, a 5.000 acionistas.
Segundo Grübel "para adaptar seu tamanho às diferentes
condições do mercado e menores níveis de negócios", o banco
reduzirá o total de funcionários
de 76.200 para 67.500 até o fim
de 2010.
Já na carta enviada aos funcionários em todo o mundo, à
qual a Folha teve acesso, Grübel faz um estimativa menos
precisa e mais pessimista. Prevê que os cortes serão "cerca de
10 mil". Diante da severidade
da crise, acrescentou que as demissões são "inevitáveis".
Desde o início da crise o UBS
já havia anunciado o corte de
mais de 11 mil vagas em todo o
mundo, incluindo 2.000 no setor de investimentos. Presente
em 50 países, o banco deu pistas vagas ontem sobre os setores e regiões que perderão empregos. Sabe-se porém, que
Suíça, Estados Unidos e Ásia-Pacífico estão na lista.
A expectativa é que a nova
onda de cortes não atinja o
UBS no Brasil, que nos últimos
meses já vinha encolhendo seu
quadro. Em alguns setores,
houve demissão de até um terço dos funcionários.
Ex-presidente do Credit
Suisse, o segundo maior banco
da Suíça, Grübel interrompeu
há dois meses a aposentadoria
para assumir a chefia do UBS,
na esteira de prejuízos bilionários. Seu desafio é recuperar as
finanças e a reputação da instituição, manchadas por um processo penal nos EUA por facilitar a evasão fiscal.
Além de forçar o banco a pagar multa de US$ 780 milhões
em fevereiro, o escândalo balançou a confiança dos clientes
no UBS. Segundo o banco, boa
parte dos saques bilionários da
área de gestão de fortunas registrados neste ano ocorreu devido aos problemas nos EUA.
A investigação da Justiça
americana serviu ainda para fechar o cerco à evasão fiscal, um
dos principais alvos na recente
cúpula do G20 em Londres. Para não ser incluída numa lista
negra dos paraísos fiscais, a
Suíça aceitou flexibilizar as regras de seu polêmico sigilo
bancário, o que também pode
ter aumentado a sangria.
A mudança assusta a praça
financeira suíça, que tem no
tradicional sigilo bancário um
dos principais atrativos para
manter no país um terço das
contas offshore no mundo, estimadas em R$ 5,7 trilhões.
Para Ivan Pictet, um dos
banqueiros privados mais influentes da Suíça, o setor financeiro do país pode ser reduzido
à metade se o sigilo for abolido.
Texto Anterior: Foco: Em meio a protestos contra impostos, casal Obama declara renda de US$ 2,6 mi Próximo Texto: Suíça nega a violação de acordo da ONU Índice
|