São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

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UBS anuncia prejuízo de R$ 3,8 bi no 1º tri

Maior banco suíço, líder no mercado de gestão de fortunas, cortará 10 mil funcionários até o fim de 2010

MARCELO NINIO
DE GENEBRA

O UBS, maior banco da Suíça, anunciou prejuízo de 2 bilhões de francos (R$ 3,8 bilhões) no primeiro trimestre do ano e previsão de corte de 10 mil funcionários até o fim de 2010.
Fortemente atingido pela crise financeira, o banco teve sua imagem ainda mais abalada por um escândalo de sonegação fiscal nos EUA, o que acelerou uma verdadeira sangria de capital. Nos três primeiros meses de 2009, as retiradas totalizaram 23 bilhões de francos (R$ 44,4 bilhões) no setor de gestão de fortunas, no qual o UBS é líder mundial.
O sombrio panorama foi apresentado ontem pelo novo executivo-chefe do UBS, Oswald Grübel. Em uma reunião com acionistas, ele deixou claro que o pior ainda não passou. "Infelizmente ainda não estou em condições de dar boas notícias", admitiu Grübel, em Zurique, a 5.000 acionistas.
Segundo Grübel "para adaptar seu tamanho às diferentes condições do mercado e menores níveis de negócios", o banco reduzirá o total de funcionários de 76.200 para 67.500 até o fim de 2010.
Já na carta enviada aos funcionários em todo o mundo, à qual a Folha teve acesso, Grübel faz um estimativa menos precisa e mais pessimista. Prevê que os cortes serão "cerca de 10 mil". Diante da severidade da crise, acrescentou que as demissões são "inevitáveis".
Desde o início da crise o UBS já havia anunciado o corte de mais de 11 mil vagas em todo o mundo, incluindo 2.000 no setor de investimentos. Presente em 50 países, o banco deu pistas vagas ontem sobre os setores e regiões que perderão empregos. Sabe-se porém, que Suíça, Estados Unidos e Ásia-Pacífico estão na lista.
A expectativa é que a nova onda de cortes não atinja o UBS no Brasil, que nos últimos meses já vinha encolhendo seu quadro. Em alguns setores, houve demissão de até um terço dos funcionários.
Ex-presidente do Credit Suisse, o segundo maior banco da Suíça, Grübel interrompeu há dois meses a aposentadoria para assumir a chefia do UBS, na esteira de prejuízos bilionários. Seu desafio é recuperar as finanças e a reputação da instituição, manchadas por um processo penal nos EUA por facilitar a evasão fiscal.
Além de forçar o banco a pagar multa de US$ 780 milhões em fevereiro, o escândalo balançou a confiança dos clientes no UBS. Segundo o banco, boa parte dos saques bilionários da área de gestão de fortunas registrados neste ano ocorreu devido aos problemas nos EUA.
A investigação da Justiça americana serviu ainda para fechar o cerco à evasão fiscal, um dos principais alvos na recente cúpula do G20 em Londres. Para não ser incluída numa lista negra dos paraísos fiscais, a Suíça aceitou flexibilizar as regras de seu polêmico sigilo bancário, o que também pode ter aumentado a sangria.
A mudança assusta a praça financeira suíça, que tem no tradicional sigilo bancário um dos principais atrativos para manter no país um terço das contas offshore no mundo, estimadas em R$ 5,7 trilhões.
Para Ivan Pictet, um dos banqueiros privados mais influentes da Suíça, o setor financeiro do país pode ser reduzido à metade se o sigilo for abolido.


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