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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Goldfajn, do BC, e Appy, da Fazenda, porém, afirmam que inflação está sob controle e evitam comentar juros

Inércia inflacionária persiste, diz governo

DA REPORTAGEM LOCAL

A inflação está sob controle, mas ainda há resquícios da inércia inflacionária herdada de 2002.
A constatação parte de dois importantes nomes da equipe econômica do governo Lula: Ilan Goldfajn, diretor de política econômica do Banco Central, e Bernard Appy, secretário-executivo do Ministério da Fazenda.
"O combate à inflação tem sido adequado. Ainda há alguma inércia, mas não há razão para temor de descontrole inflacionário", disse Appy.
Essa inércia inflacionária, afirmou Goldfajn, foi o resultado do ajuste externo promovido no ano passado. "Fizemos um ajuste externo via preços, ou seja, via depreciação cambial. O custo disso foi o crescimento da inflação."
Para ele, a inflação tende a cair, mas é preciso "serenidade e paciência", destacou ontem, durante seminário promovido pela Bloomberg em São Paulo.
Diante da persistência da inflação, Paulo Leme, diretor para mercados emergentes do Goldman Sachs, em Nova York, afirmou que não vê espaço para a redução da taxa básica de juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
"A política monetária do governo funciona. A inflação está em queda, mas o patamar ainda está elevado. Não é a hora de cortar juros", declarou Leme.

"Paciência"
A opinião do economista foi partilhada pelo ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. "É preciso ser paciente para pensar em promover corte de juros. Não há condição para ousadias. BC não deve intervir comprando dólares", afirmou.
Goldfajn e Appy, os dois representantes do governo, não quiseram comentar a possibilidade de redução dos juros na reunião do Copom, na próxima semana.
"O Copom tomará a medida mais adequada para o país", esquivou-se Appy. Hoje, a taxa Selic está em 26,5% ao ano.

Câmbio

Tanto para diretor do BC quanto para o secretário-executivo da Fazenda, a questão cambial é secundária. "O combate à inflação é prioritário. O câmbio e sua volatilidade serão considerados se afetarem o controle da inflação." A esse comentário, Goldfajn acrescentou que, com relação ao câmbio, é preciso ser cauteloso com a volatilidade dos humores do mercado. "Nós somos todos ciclotímicos", disse.
Para Leme, a discussão em torno de uma intervenção governamental no câmbio é pouco relevante, já que, segundo ele, a valorização recente do real não é um fato isolado e está inserida no contexto da economia mundial.
"O real tem uma participação de 2% na cesta de moedas que servem de parâmetro para a cotação do dólar. Logo, a desvalorização do dólar reflete diretamente no câmbio [brasileiro]", disse Leme.
O economista argumentou também que, mesmo ao atingir uma cotação de R$ 2,90 em relação à moeda americana, o real continua barato.
(CÍNTIA CARDOSO)


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