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ANO DO DRAGÃO
Goldfajn, do BC, e Appy, da Fazenda, porém, afirmam que inflação está sob controle e evitam comentar juros
Inércia inflacionária persiste, diz governo
DA REPORTAGEM LOCAL
A inflação está sob controle,
mas ainda há resquícios da inércia
inflacionária herdada de 2002.
A constatação parte de dois importantes nomes da equipe econômica do governo Lula: Ilan
Goldfajn, diretor de política econômica do Banco Central, e Bernard Appy, secretário-executivo
do Ministério da Fazenda.
"O combate à inflação tem sido
adequado. Ainda há alguma inércia, mas não há razão para temor
de descontrole inflacionário", disse Appy.
Essa inércia inflacionária, afirmou Goldfajn, foi o resultado do
ajuste externo promovido no ano
passado. "Fizemos um ajuste externo via preços, ou seja, via depreciação cambial. O custo disso
foi o crescimento da inflação."
Para ele, a inflação tende a cair,
mas é preciso "serenidade e paciência", destacou ontem, durante seminário promovido pela
Bloomberg em São Paulo.
Diante da persistência da inflação, Paulo Leme, diretor para
mercados emergentes do Goldman Sachs, em Nova York, afirmou que não vê espaço para a redução da taxa básica de juros na
próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
"A política monetária do governo funciona. A inflação está em
queda, mas o patamar ainda está
elevado. Não é a hora de cortar juros", declarou Leme.
"Paciência"
A opinião do economista foi
partilhada pelo ex-ministro da
Fazenda Maílson da Nóbrega. "É
preciso ser paciente para pensar
em promover corte de juros. Não
há condição para ousadias. BC
não deve intervir comprando dólares", afirmou.
Goldfajn e Appy, os dois representantes do governo, não quiseram comentar a possibilidade de
redução dos juros na reunião do
Copom, na próxima semana.
"O Copom tomará a medida
mais adequada para o país", esquivou-se Appy. Hoje, a taxa Selic
está em 26,5% ao ano.
Câmbio
Tanto para diretor do BC quanto para o secretário-executivo da
Fazenda, a questão cambial é secundária. "O combate à inflação é
prioritário. O câmbio e sua volatilidade serão considerados se afetarem o controle da inflação." A
esse comentário, Goldfajn acrescentou que, com relação ao câmbio, é preciso ser cauteloso com a
volatilidade dos humores do mercado. "Nós somos todos ciclotímicos", disse.
Para Leme, a discussão em torno de uma intervenção governamental no câmbio é pouco relevante, já que, segundo ele, a valorização recente do real não é um
fato isolado e está inserida no
contexto da economia mundial.
"O real tem uma participação de
2% na cesta de moedas que servem de parâmetro para a cotação
do dólar. Logo, a desvalorização
do dólar reflete diretamente no
câmbio [brasileiro]", disse Leme.
O economista argumentou
também que, mesmo ao atingir
uma cotação de R$ 2,90 em relação à moeda americana, o real
continua barato.
(CÍNTIA CARDOSO)
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