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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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CRISE NO AR

Banco diz que só libera dinheiro com a fusão com a TAM em andamento, mas ministério quer aval à empresa já

Defesa e BNDES divergem sobre ajuda financeira à Varig

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Setores do governo começam a divergir sobre o tratamento a ser dado à Varig.
O Ministério da Defesa quer que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) seja avalista do alongamento da dívida de R$ 440 milhões que a empresa tem com a BR Distribuidora e o Banco do Brasil antes da fusão com a TAM.
O presidente do BNDES, Carlos Lessa, negou ontem, porém, que dará qualquer tipo de financiamento antes que a união seja concretizada.
"O BNDES não é uma instituição que faz empréstimo-ponte. O BNDES apóia a construção de novas empresas", afirmou Lessa. A expectativa da Varig e do Ministério da Defesa é que o banco libere um aval de US$ 120 milhões para a companhia aérea.
Lessa afirmou que qualquer dinheiro sairá só após a fusão. "O BNDES irá apoiar os estudos voltados à construção de uma nova empresa aérea."
Segundo ele, o banco trabalhará no assunto quando receber uma carta-consulta (pedido de empréstimo) da nova companhia aérea.
Lessa afirmou que, a partir do momento em que o BNDES receber uma carta-consulta da Varig-TAM, pedindo financiamento para uma nova empresa, elas não poderão mais recuar do propósito de constituí-la. "Carta-consulta para o banco é uma coisa muito firme", enfatizou.
O Ministério da Defesa, no entanto, quer liberar US$ 120 milhões do BNDES para a Varig antes da fusão. Exige, porém, que a Varig assine uma carta de compromisso de irreversibilidade da fusão. Seria o suficiente. "Não é preciso esperar o último selo do tabelião", disse Viegas à Folha. O ministério entende que o dinheiro do BNDES pode ser liberado a partir de um momento que a fusão seja irreversível.

Desconforto
Segundo a Folha apurou, há no BNDES um crescente desconforto com o noticiário sobre uma possível liberação de recursos do banco para a Varig, interpretado como pressões para que o banco modifique sua posição atual.
O presidente da Varig, Roberto Macedo, reuniu-se ontem em Brasília com o ministro Viegas. Ele disse que a fusão com a TAM deve sair em até 60 dias. Segundo Macedo, o encontro foi uma reunião de apresentação.
O presidente da Varig disse que a empresa está tentando obter do BNDES aval - garantias - aos seus credores antes mesmo da conclusão do processo de fusão. Para Macedo, tanto a Varig quanto a TAM precisam chegar "fortes" ao momento da fusão. Macedo afirmou que a empresa começou a regularizar o pagamento dos salários atrasados.
Macedo, no entanto, disse que a possibilidade de o BNDES garantir as operações da Varig enquanto a fusão não acontecer de fato não foi discutida na reunião.


Colaborou Humberto Medina, da Sucursal de Brasília


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