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CRISE NO AR
Banco diz que só libera dinheiro com a fusão com a TAM em andamento, mas ministério quer aval à empresa já
Defesa e BNDES divergem sobre ajuda financeira à Varig
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Setores do governo começam a
divergir sobre o tratamento a ser
dado à Varig.
O Ministério da Defesa quer que
o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) seja avalista do alongamento
da dívida de R$ 440 milhões que a
empresa tem com a BR Distribuidora e o Banco do Brasil antes da
fusão com a TAM.
O presidente do BNDES, Carlos
Lessa, negou ontem, porém, que
dará qualquer tipo de financiamento antes que a união seja concretizada.
"O BNDES não é uma instituição que faz empréstimo-ponte. O
BNDES apóia a construção de novas empresas", afirmou Lessa. A
expectativa da Varig e do Ministério da Defesa é que o banco libere
um aval de US$ 120 milhões para
a companhia aérea.
Lessa afirmou que qualquer dinheiro sairá só após a fusão. "O
BNDES irá apoiar os estudos voltados à construção de uma nova
empresa aérea."
Segundo ele, o banco trabalhará
no assunto quando receber uma
carta-consulta (pedido de empréstimo) da nova companhia aérea.
Lessa afirmou que, a partir do
momento em que o BNDES receber uma carta-consulta da Varig-TAM, pedindo financiamento para uma nova empresa, elas não
poderão mais recuar do propósito
de constituí-la. "Carta-consulta
para o banco é uma coisa muito
firme", enfatizou.
O Ministério da Defesa, no entanto, quer liberar US$ 120 milhões do BNDES para a Varig antes da fusão. Exige, porém, que a
Varig assine uma carta de compromisso de irreversibilidade da
fusão. Seria o suficiente. "Não é
preciso esperar o último selo do
tabelião", disse Viegas à Folha. O
ministério entende que o dinheiro do BNDES pode ser liberado a
partir de um momento que a fusão seja irreversível.
Desconforto
Segundo a Folha apurou, há no
BNDES um crescente desconforto
com o noticiário sobre uma possível liberação de recursos do banco
para a Varig, interpretado como
pressões para que o banco modifique sua posição atual.
O presidente da Varig, Roberto
Macedo, reuniu-se ontem em
Brasília com o ministro Viegas.
Ele disse que a fusão com a TAM
deve sair em até 60 dias. Segundo
Macedo, o encontro foi uma reunião de apresentação.
O presidente da Varig disse que
a empresa está tentando obter do
BNDES aval - garantias - aos
seus credores antes mesmo da
conclusão do processo de fusão.
Para Macedo, tanto a Varig quanto a TAM precisam chegar "fortes" ao momento da fusão. Macedo afirmou que a empresa começou a regularizar o pagamento
dos salários atrasados.
Macedo, no entanto, disse que a
possibilidade de o BNDES garantir as operações da Varig enquanto a fusão não acontecer de fato
não foi discutida na reunião.
Colaborou Humberto Medina,
da Sucursal de Brasília
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