São Paulo, domingo, 16 de maio de 2010

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Rede de seguridade garante até pagamento de aluguel

Programa prevê o mínimo de 359 para quem comprovar ausência de bens

Governo também banca, por tempo indeterminado, o seguro-saúde; para ministro, sistema é um "incentivo à preguiça"

Norbert Millauer - 18.mar.09/France Presse
Desempregados fazem fila em agência de recolocação em Dresden, na Alemanha; país tem sistema forte de seguridade social

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BERLIM

Apesar do endurecimento das regras e da queda de 5% que o PIB da Alemanha enfrentou em 2009, não existem, a rigor, alemães sem renda.
Pesadelo dos liberais clássicos, o governo garante que qualquer desempregado receba, por tempo indeterminado, benefícios que incluem o pagamento do aluguel e das contas da casa, seguro-saúde e uma quantia em dinheiro (o Hartz-IV, uma espécie de programa de renda mínima).
Empregado ou não, qualquer cidadão tem ainda direito a 190 mensais por filho.
A decisão do tribunal de considerar arbitrário o valor base de 359 (R$ 800,6) por pessoa para esse mínimo foi a senha para que direita e esquerda voltassem a se engalfinhar.
A discussão agora vai muito além do escopo da nova lei e fez com que questionassem os fundamentos do projeto original.
Para o ministro das Relações Exteriores e líder do partido liberal (FDP), Guido Westerwelle, o atual sistema conduz o país a uma "decadência semelhante à dos últimos anos do Império Romano" e é um "incentivo à preguiça".
Segundo dados da agência governamental para o trabalho, há 3,6 milhões de alemães desempregados competindo por 800 mil postos abertos.
Já a esquerda, incluindo o próprio partido de Gerhard Schröder, exige que a liberação do benefício não requeira comprovação de ausência de bens. O Partido Verde vai mais longe e exige que o piso seja aumentado para 420.

Ação de ONGs
Sinal de que os benefícios não têm bastado é o sucesso de organizações como a Tafel, ONG que recolhe alimentos que seriam descartados por supermercados e os distribui a 1 milhão de alemães por dia.
Em uma sexta-feira, cerca de 30 pessoas, a maioria idosos e mulheres com crianças, fazem fila em um dos 45 pontos de distribuição de Berlim. Entre elas está uma sérvia de meia-idade que mora há 25 anos na cidade e não quer se identificar.
"Eu recebo o Hartz-IV e o governo também paga meu aluguel e meu plano de saúde, mas o dinheiro não dá, por isso venho aqui. Mas na Alemanha é bom. Na Sérvia, se você não tem emprego, você morre."
(DANILO VILELA BANDEIRA)


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