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CURTO-CIRCUITO
Reunião irá negociar débito de US$ 1,2 bi; grupo dos EUA oferecerá a banco participação em nova holding
AES aceita pagar parte da dívida ao BNDES
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Está prestes a ser fechado um
acordo entre o grupo norte-americano AES e o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) para a quitação de parte da dívida de US$ 1,2
bilhão contraída pelo conglomerado com o banco. O montante
foi usado para a compra da Eletropaulo, distribuidora de energia
elétrica no Estado de São Paulo.
Amanhã, Joseph Brandt, chefe
do escritório de reestruturação da
AES Corp., chega ao Brasil e reúne-se na quarta-feira com a direção do banco. Ele espera que esta
seja sua última viagem ao país para negociar com o BNDES.
A Folha apurou que até o próximo dia 30 deve ser assinado um
memorando de entendimento
entre o grupo norte-americano e
o banco. No documento, ficará
acertado o pagamento em dinheiro das parcelas atrasadas da AES
(mais de US$ 750 milhões) e a
transferência de parte do controle
dos negócios da AES no Brasil para o BNDES.
As parcelas a vencer do total da
dívida da US$ 1,2 bilhão da AES
com o BNDES terão seu prazo de
pagamento alongado.
Na proposta da AES para o resolver a pendência com o BNDES
está prevista também a criação de
uma holding para comandar os
negócios do grupo norte-americano no Brasil. Ela incluiria parte
dos quatro ativos que o grupo
possui no país -entre eles a termoelétrica Uruguaiana (no RS),
além de participação na geradora
AES Tietê e na Eletropaulo.
Os termos finais do acordo da
AES com o BNDES dependem da
avaliação dos ativos dessa holding, a fim de que seja definido o
percentual dela que ficará para o
banco estatal.
Exigências
Dos US$ 750 milhões da dívida
já vencida e não paga da AES ao
BNDES, cerca de US$ 665 milhões
correspondem a dívidas da AES
Transgás e AES Elpa. As duas empresas captaram dinheiro do banco para a compra de ações preferenciais (sem direito a voto) e ordinárias (com direito a voto) da
Eletropaulo.
O negócio foi fechado em 1998,
quando o grupo AES comprou a
Eletropaulo pelo preço mínimo
de leilão de US$ 1,78 bilhão. O
BNDES financiou US$ 1,2 bilhão,
em troca da garantia de ações da
distribuidora que poderiam ser
leiloadas caso o empréstimo não
fosse pago. O jornal "Financial Times" publicou recentemente reportagem na qual afirma que os
grupos AES e Enron fizeram um
acordo em 1998 para favorecer a
AES na compra da Eletropaulo.
No dia 31 de janeiro de 2003, o
grupo AES deixou de honrar o pagamento de uma parcela de US$
85 milhões para o BNDES. Em 15
de abril, outros US$ 250 milhões
deixaram de ser depositados.
O presidente do BNDES, Carlos
Lessa, tem dito que colocará as
ações da Eletropaulo pertencentes ao grupo AES em leilão, caso
não haja um acordo.
No último dia 20, recusou uma
proposta para a solução do problema apresentada pelo conglomerado, pois ela não previa o pagamento imediato de uma parcela
da dívida vencida.
Essa é uma das exigências do
banco para fechar um acordo
com o grupo AES.
A AES Transgás está inadimplente com o BNDES em US$ 330
milhões. A AES Elpa tem duas
parcelas vencidas, totalizando
cerca de US$ 335 milhões.
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