UOL


São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CURTO-CIRCUITO

Reunião irá negociar débito de US$ 1,2 bi; grupo dos EUA oferecerá a banco participação em nova holding

AES aceita pagar parte da dívida ao BNDES

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Está prestes a ser fechado um acordo entre o grupo norte-americano AES e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a quitação de parte da dívida de US$ 1,2 bilhão contraída pelo conglomerado com o banco. O montante foi usado para a compra da Eletropaulo, distribuidora de energia elétrica no Estado de São Paulo.
Amanhã, Joseph Brandt, chefe do escritório de reestruturação da AES Corp., chega ao Brasil e reúne-se na quarta-feira com a direção do banco. Ele espera que esta seja sua última viagem ao país para negociar com o BNDES.
A Folha apurou que até o próximo dia 30 deve ser assinado um memorando de entendimento entre o grupo norte-americano e o banco. No documento, ficará acertado o pagamento em dinheiro das parcelas atrasadas da AES (mais de US$ 750 milhões) e a transferência de parte do controle dos negócios da AES no Brasil para o BNDES.
As parcelas a vencer do total da dívida da US$ 1,2 bilhão da AES com o BNDES terão seu prazo de pagamento alongado.
Na proposta da AES para o resolver a pendência com o BNDES está prevista também a criação de uma holding para comandar os negócios do grupo norte-americano no Brasil. Ela incluiria parte dos quatro ativos que o grupo possui no país -entre eles a termoelétrica Uruguaiana (no RS), além de participação na geradora AES Tietê e na Eletropaulo.
Os termos finais do acordo da AES com o BNDES dependem da avaliação dos ativos dessa holding, a fim de que seja definido o percentual dela que ficará para o banco estatal.

Exigências
Dos US$ 750 milhões da dívida já vencida e não paga da AES ao BNDES, cerca de US$ 665 milhões correspondem a dívidas da AES Transgás e AES Elpa. As duas empresas captaram dinheiro do banco para a compra de ações preferenciais (sem direito a voto) e ordinárias (com direito a voto) da Eletropaulo.
O negócio foi fechado em 1998, quando o grupo AES comprou a Eletropaulo pelo preço mínimo de leilão de US$ 1,78 bilhão. O BNDES financiou US$ 1,2 bilhão, em troca da garantia de ações da distribuidora que poderiam ser leiloadas caso o empréstimo não fosse pago. O jornal "Financial Times" publicou recentemente reportagem na qual afirma que os grupos AES e Enron fizeram um acordo em 1998 para favorecer a AES na compra da Eletropaulo.
No dia 31 de janeiro de 2003, o grupo AES deixou de honrar o pagamento de uma parcela de US$ 85 milhões para o BNDES. Em 15 de abril, outros US$ 250 milhões deixaram de ser depositados.
O presidente do BNDES, Carlos Lessa, tem dito que colocará as ações da Eletropaulo pertencentes ao grupo AES em leilão, caso não haja um acordo.
No último dia 20, recusou uma proposta para a solução do problema apresentada pelo conglomerado, pois ela não previa o pagamento imediato de uma parcela da dívida vencida.
Essa é uma das exigências do banco para fechar um acordo com o grupo AES.
A AES Transgás está inadimplente com o BNDES em US$ 330 milhões. A AES Elpa tem duas parcelas vencidas, totalizando cerca de US$ 335 milhões.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Opinião econômica: Para (não) medir o Brasil
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.