São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2005

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MERCADO ABERTO

MP divide indústria e economistas

A esperada "MP do Bem", que desonera investimentos produtivos e concede incentivos à inovação tecnológica e às empresas exportadoras, foi recebida com aplausos pela indústria mas com desconfiança por economistas. O anúncio da medida ontem soou como um artifício do governo para tirar os holofotes da crise política gerada pelas denúncias de corrupção do deputado Roberto Jefferson.
Para o economista Paulo Leme, da Goldman Sachs, por exemplo, o problema não é macroeconômico, e sim de uma grave crise política. Segundo ele, a ênfase do governo deveria ser dada à reforma ministerial e às reformas no Congresso.
Leme considera até que a "MP do Bem" pode aumentar o risco político e inibir investimentos diretos. "A MP é apenas um paliativo caro em termos fiscais e duvidoso em termos de resultados", afirma. "Em vez de medidas de alívio fiscal, seria desejável reduzir despesas públicas", diz o economista do banco americano.
Mas Julio Gomes de Almeida, diretor do Iedi, considerou bastante positivas as mudanças anunciadas ontem pelo governo. Segundo ele, trata-se de um avanço em relação às medidas de desoneração do investimento tomadas no ano passado, que foram consideradas muito tímidas. A seu ver, se uma empresa não investir em inovação tecnológica agora, por exemplo, não será por incentivo fiscal. Ele lamenta, porém, que a MP tenha saído em meio a uma crise política.
O deputado Delfim Netto (PP-SP) também considerou positivas as medidas de ontem, embora ele considere que a ênfase do governo deveria ser o equilíbrio fiscal. Ele elogiou principalmente o incentivo dado pelo governo à exportação, que, a seu ver, foi a prioridade de diversos países para o crescimento econômico. Delfim acha que o Congresso irá aperfeiçoar a MP. "Os projetos sempre saem melhor do que chegam ao Congresso", diz.

A VOLTA DA LEGO
Depois de um ano longe das lojas no Brasil, os brinquedos da Lego voltam às prateleiras no fim do mês. Em 2004, a empresa passou por reestruturação mundial para enfrentar a crise iniciada em 2002. A concorrência com brinquedos eletrônicos gerou especulações de que a Lego quebraria. Para se adaptar, a fábrica dinamarquesa demitiu quase mil funcionários, concentrou a produção na sede e trocou representantes, como a brasileira Estrela. Segundo Robério Esteves, gerente de operações da Lego no Brasil, a empresa agora aposta em brinquedos com mais funções do que o simples encaixe -já presentes em quase 30% da linha. "Mas não faz parte dos planos da empresa deixar de ser uma fabricante de brinquedos de encaixar." A expectativa da Lego é elevar as vendas neste ano em 25% ante 2003.

LANÇAMENTO
Autores: Francesco Giavazzi, Ilan Goldfajn e Santiago Herrera (ediç.)
Editora: MIT Press
Preço: R$ 150
Uma coletânea de artigos sobre a experiência brasileira com metas de inflação compõe o livro "Inflation Targeting, Debt and the Brazilian Experience, 1999 to 2003" (sem versão em português, mas disponível no Brasil), editado pelos economistas Francesco Giavazzi (Universidade Bocconi, em Milão), Ilan Goldfajn (ex-diretor de Política Econômica do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos) e Santiago Herrera (Banco Mundial). Os ensaios analisam como a meta de inflação no país, aliada ao câmbio flutuante, sobreviveu a uma série de choques econômicos e examinam as lições que sobressaem da experiência.

MISSÃO CUMPRIDA
A Aracruz e a Stora Enso anunciam hoje a nomeação de Renato Guéron para a presidência da Veracel Celulose S.A, que está investindo US$ 1,2 bilhão em uma nova fábrica de celulose na Bahia. Ele substitui Vitor Costa, que foi o responsável pela construção da nova planta. Guéron era diretor desse projeto da Veracel. A empresa possui controle compartilhado -as sócias Aracruz e Stora Enso, européia, detêm 50% de participação cada uma.

MIGRAÇÃO
Entre os postos de combustíveis com bandeira branca que possuem lojas de conveniência, 28% pretendem migrar para marcas tradicionais neste ano. A informação será divulgada no anuário do Sindicom (sindicato nacional das distribuidoras de combustíveis) na ExpoPostos & Conveniência 2005, no fim do mês, em São Paulo.

NA REDE
A Fundação Lemann, em parceria com o Daquiprafora Intercâmbio Esportivo, vai levar jovens tenistas para estudar em universidades americanas. O investimento total, até o fim do ano, será de US$ 66 mil.

DECISÕES FORENSES
O TJ do Amazonas pôs abaixo na terça uma controversa condenação por danos morais. Há dez anos, a Bradesco Seguros foi condenada, em primeira instância, a pagar à Agropecuária Mendonça indenização de R$ 1 bilhão por danos morais. Argumentou que a Bradesco se recusara a indenizá-la por um incêndio ocorrido na fábrica. A seguradora, defendida pelo advogado Sérgio Bermudes, entende que o incêndio foi fabricado.

LICITAÇÃO
Em meio às denúncias de corrupção no governo, a Embratur abriu licitação para contratar uma empresa de relações públicas. Oito grandes agências brasileiras apresentaram seus projetos ontem, em Brasília.

MAIS LISTAS
Após unificar as operações de seus dois negócios de listas telefônicas (Listel e Editel), a Publicar do Brasil abre dez novos escritórios no país, em cidades como Caxias do Sul, Natal e Macapá, alta de quase 50% em relação aos 23 já existentes. A unidade brasileira do grupo colombiano investirá cerca de R$ 50 milhões nas duas marcas neste ano.

PROFISSIONALIZAÇÃO
Com o objetivo de tornar a gestão mais profissional, a BDO Trevisan terá pela primeira vez uma diretora-geral. Iêda Novais passará a exercer algumas das funções desempenhadas por Antoninho Marmo Trevisan, que ficará com as atribuições institucionais da presidência do grupo e um assento no conselho de administração da empresa. Novais presidiu o conselho consultivo da companhia de suporte de carreiras Mariaca & Associates, na qual era responsável pela governança corporativa. Na BDO Trevisan, Novais definiu como desafio "levar a empresa à liderança em auditoria e consultoria em, no máximo, dois anos". Ela hoje está em terceiro, atrás da Deloitte e da Pricewaterhouse Coopers.


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