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Para EUA, Brasil tem de provar papel de líder
Josette Sheeran Shiner, braço direito de Condoleezza Rice, diz que país precisa apoiar liberalização global
DE WASHINGTON
O Brasil tem de provar seu
papel de líder na América Latina e apoiar a liberalização do
comércio global na chamada
Rodada Doha, da OMC (Organização Mundial do Comércio).
A opinião é de Josette Sheeran
Shiner, um dos braços direitos
de Condoleezza Rice. "Nós
realmente insistimos em que o
Brasil mostre sua liderança na
região e continue apoiando a liberalização global" naquela negociação comercial, disse a subsecretária de Estado dos EUA
para Negócios, Agricultura e
Assuntos Econômicos.
"As próximas seis semanas
serão críticas para que Doha dê
certo, e o Brasil é uma peça
muito importante para esse sucesso", reafirmou Shiner. Para
a subsecretária, recém-nomeada para o cargo, é por esse motivo que o presidente George W.
Bush tenta reviver -por enquanto sem sucesso- a Alca, a
Área de Livre Comércio das
Américas. "Por que a América
Latina, os Estados Unidos e
seus vizinhos não podem ser
capazes de se igualar à Ásia e se
transformar num centro de
crescimento econômico e de
prosperidade?", perguntou ela,
para depois dizer que seu país
"não abrirá mão" da proposta.
A subsecretária participava
da cerimônia de entrega do
"World Food Prize", ontem de
manhã em Washington, uma
espécie de "Prêmio Nobel da
Alimentação", como definiu o
ex-presidente mexicano Ernesto Zedillo.
Os ganhadores, que dividirão
um prêmio de US$ 250 mil, são
os brasileiros Edson Lobato,
ex-diretor da Embrapa, e Alysson Paulinelli, ex-ministro da
Agricultura e um dos criadores
da empresa de pesquisa agropecuária, e o norte-americano
Colin McClung, pelo trabalho
que os três realizaram na região
do cerrado do Brasil.
"Copa do Mundo"
Em seu 20º ano de existência, é a primeira vez que a organização fundada pelo Prêmio
Nobel da Paz Norman Borlaug
contempla brasileiros.
"O Brasil conseguiu transformar uma vasta região do tamanho do Meio-Oeste americano
que era semi-árida, o que ajudou a alimentar seu povo e
também contribuiu para que o
país seja um dos maiores exportadores de grãos do mundo", justificou a subsecretária
norte-americana, que anunciou os vencedores, que não estavam presentes -a cerimônia
será na segunda-feira, em Iowa.
Os três trabalharam em áreas
e décadas diferentes. Mas, se
olhada conjuntamente e levado
em conta o papel da Embrapa,
segundo a organização do prêmio, a iniciativa fez uma região
que tinha 200 mil hectares
plantados em 1954 pular para
os atuais 40 milhões.
"Neste ano, em vez de "Nobel
da Alimentação", o "World Food
Prize" pode ser chamado de
"Copa do Mundo da Alimentação'", brincou Kenneth M.
Quinn, presidente da fundação.
Palavras mais duras tinha
Borlaug. "O Brasil tem muita
terra fértil e sua produção está
crescendo. Há uma grande
preocupação em aumentar as
exportações, mas acho que o
governo deve dar prioridade a
alimentar sua população."
"É importante que os governos entendam que a estabilidade política só acontece com a
barriga cheia. Se eles querem
estabilidade de longo prazo, devem cuidar para que todos tenham o estômago cheio."
(SL)
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