São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2006

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Para EUA, Brasil tem de provar papel de líder

Josette Sheeran Shiner, braço direito de Condoleezza Rice, diz que país precisa apoiar liberalização global

DE WASHINGTON

O Brasil tem de provar seu papel de líder na América Latina e apoiar a liberalização do comércio global na chamada Rodada Doha, da OMC (Organização Mundial do Comércio).
A opinião é de Josette Sheeran Shiner, um dos braços direitos de Condoleezza Rice. "Nós realmente insistimos em que o Brasil mostre sua liderança na região e continue apoiando a liberalização global" naquela negociação comercial, disse a subsecretária de Estado dos EUA para Negócios, Agricultura e Assuntos Econômicos.
"As próximas seis semanas serão críticas para que Doha dê certo, e o Brasil é uma peça muito importante para esse sucesso", reafirmou Shiner. Para a subsecretária, recém-nomeada para o cargo, é por esse motivo que o presidente George W. Bush tenta reviver -por enquanto sem sucesso- a Alca, a Área de Livre Comércio das Américas. "Por que a América Latina, os Estados Unidos e seus vizinhos não podem ser capazes de se igualar à Ásia e se transformar num centro de crescimento econômico e de prosperidade?", perguntou ela, para depois dizer que seu país "não abrirá mão" da proposta.
A subsecretária participava da cerimônia de entrega do "World Food Prize", ontem de manhã em Washington, uma espécie de "Prêmio Nobel da Alimentação", como definiu o ex-presidente mexicano Ernesto Zedillo.
Os ganhadores, que dividirão um prêmio de US$ 250 mil, são os brasileiros Edson Lobato, ex-diretor da Embrapa, e Alysson Paulinelli, ex-ministro da Agricultura e um dos criadores da empresa de pesquisa agropecuária, e o norte-americano Colin McClung, pelo trabalho que os três realizaram na região do cerrado do Brasil.

"Copa do Mundo"
Em seu 20º ano de existência, é a primeira vez que a organização fundada pelo Prêmio Nobel da Paz Norman Borlaug contempla brasileiros.
"O Brasil conseguiu transformar uma vasta região do tamanho do Meio-Oeste americano que era semi-árida, o que ajudou a alimentar seu povo e também contribuiu para que o país seja um dos maiores exportadores de grãos do mundo", justificou a subsecretária norte-americana, que anunciou os vencedores, que não estavam presentes -a cerimônia será na segunda-feira, em Iowa.
Os três trabalharam em áreas e décadas diferentes. Mas, se olhada conjuntamente e levado em conta o papel da Embrapa, segundo a organização do prêmio, a iniciativa fez uma região que tinha 200 mil hectares plantados em 1954 pular para os atuais 40 milhões.
"Neste ano, em vez de "Nobel da Alimentação", o "World Food Prize" pode ser chamado de "Copa do Mundo da Alimentação'", brincou Kenneth M. Quinn, presidente da fundação.
Palavras mais duras tinha Borlaug. "O Brasil tem muita terra fértil e sua produção está crescendo. Há uma grande preocupação em aumentar as exportações, mas acho que o governo deve dar prioridade a alimentar sua população."
"É importante que os governos entendam que a estabilidade política só acontece com a barriga cheia. Se eles querem estabilidade de longo prazo, devem cuidar para que todos tenham o estômago cheio." (SL)


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