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Exportação em queda puxa recuo da indústria
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
A queda nas exportações de
bens industrializados, de 22%
desde o agravamento da crise,
respondeu por mais da metade
da retração de 16% da produção
industrial brasileira no período. A conclusão consta de estudo do BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social).
Segundo André Albuquerque
Sant'Anna, que coordenou o
trabalho com Marcelo Machado Nascimento e Fernando Pimentel Puga, o resultado surpreende porque, do total da
produção industrial, apenas
cerca de 20% têm como destino
o mercado externo. Ele explica,
porém, que o desempenho das
vendas internacionais afeta diretamente os fornecedores de
bens de capital e bens intermediários à indústria exportadora,
aumentando o impacto sobre a
economia local.
Para avaliar esses efeitos, os
pesquisadores usaram a matriz
de insumo-produto de 2005, a
última divulgada pelo IBGE,
que apresenta a quantidade de
insumos que cada setor usa na
produção de seus bens.
O resultado mostrou que
30,4% da retração verificada na
indústria entre setembro de
2008 e março de 2009 decorre
do recuo das vendas externas,
enquanto 19,9% podem ser
atribuídos à redução das vendas de insumos a exportadores.
Somados, esses efeitos diretos e indiretos do encolhimento do comércio externo respondem por 50,3% do desempenho
da indústria. O restante é consequência da retração do mercado interno, que, apesar de
manter um nível de consumo
elevado, viu os investimentos e
a formação de estoques despencarem durante a crise.
Para Nascimento, o efeito indireto da queda das exportações foi mais sentido pelos produtores de insumos básicos, como celulose e papel, metalurgia, química e borracha e plástico -itens presentes em muitos
produtos exportados pelo país.
O vice-presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de
Castro, afirma que isso decorre
do fato de que as exportações
mais atingidas são a de produtos manufaturados, com maior
impacto na cadeia. "Quando a
indústria deixa de exportar um
automóvel, deixa de consumir
vários outros itens", explica.
Essa integração faz com que
os pesquisadores do BNDES
apostem na recuperação rápida
da produção industrial quando
as exportações começarem a
ser retomadas. "A indústria
brasileira tem uma ligação com
o comércio exterior maior do
que se supunha. Qualquer retomada das exportações colabora
para puxar toda a indústria",
diz Nascimento.
Castro vê a queda do dólar
como um risco nesse cenário.
"Se a taxa de câmbio estiver
muito barata, a indústria pode
optar por importar insumos,
fazendo com que a recuperação
da cadeia seja mais lenta."
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