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TELECOMUNICAÇÕES
Telefônicos financiam propaganda em rádio e TV contra venda das empresas do Sistema Telebrás
Sindicato faz campanha contra privatização
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
A Fitel -Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações-, que representa
20 sindicatos de telefônicos, fará
campanha nacional em rádio e televisão contra a privatização das
empresas do Sistema Telebrás,
conduzida pelo ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros.
A campanha terá início no começo de julho e será financiada
pelos próprios funcionários das
estatais. Os telefônicos do Rio
aprovaram, na semana passada, o
recolhimento de 1% do salário de
julho para custeio da campanha.
Luiz Antônio de Souza, presidente da Fitel, disse que a contribuição de 1% será votada esta semana em vários outros Estados.
Ele calcula que a campanha custará por volta de R$ 1,5 milhão.
Foi esse o valor que os telefônicos desembolsaram em 1994
quando o Congresso Nacional discutia a emenda constitucional para quebra do monopólio estatal
das telecomunicações. A votação
foi adiada e acabou só acontecendo em 1995, já no governo de FHC.
As recentes declarações de Lula,
Brizola e Ciro Gomes contra a venda das telefônicas estatais reacenderam os ânimos dos sindicatos
que, sob o comando da Fitel, planejam uma avalanche de ações judiciais para bloquear os leilões.
A estratégia é adiar a privatização com liminares. Os sindicatos
apostam no crescimento das candidaturas de oposição e avaliam
que se conseguirem adiar o leilão
por algumas semanas, o governo
ficará "constrangido" de realizar
a privatização.
A guerra de liminares começou
antes das críticas feitas pelos candidatos de oposição, com as ações
para tentar impugnar as assembléias da Telebrás para a constituição das 12 holdings -oito de telefonia celular, três de telefonia fixa
e a Embratel- que irão a leilão no
dia 29 de julho próximo.
Com a publicação do edital de
venda, na semana passada, que fixou o preço mínimo em R$ 13,37
bilhões, essa estratégia será ampliada.
Advogados que assessoram a Fitel estão analisando os editais em
busca de brechas que possam ser
questionadas em novas ações judiciais. A intenção é entrar com
ações em todos os Estados.
Além da profusão de ações, a federação está contactando pessoas
de renome nacional -advogados,
jornalistas e até militares da reserva- e os candidatos de oposição
para encabeçarem ações judiciais
contra a venda das teles. O objetivo, segundo Luiz Antônio Souza, é
conseguir ressonância política.
A Fitel também estuda a contratação de uma empresa de auditoria para fazer mais uma avaliação
do Sistema Telebrás, pois considera muito baixo o valor divulgado
pelo governo.
Os oito sindicatos de telefônicos
que não são filiados à CUT formam uma outra entidade: a Fenatel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações), presidida por Almir Munhoz, do sindicato de São Paulo.
Ambas as federações defendem a
manutenção e o fortalecimento da
Telebrás como empresa estatal e
propõem, inclusive, que ela possa
disputar mercados fora do país,
como fazem suas congêneres européias e norte-americanas. Admitem a competição no mercado,
com a entrada de grupos para concorrer com a Telebrás.
Embora seja contra a privatização, a Fenatel não pretende arrecadar dinheiro de seus associados
para fazer campanha publicitária.
"Os telefônicos estão com o orçamento familiar muito apertado", diz Almir Munhoz. Ele avalia
que a venda das teles só pode ser
barrada pelo Congresso Nacional.
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