São Paulo, terça, 16 de junho de 1998

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TELECOMUNICAÇÕES
Telefônicos financiam propaganda em rádio e TV contra venda das empresas do Sistema Telebrás
Sindicato faz campanha contra privatização

ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio

A Fitel -Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações-, que representa 20 sindicatos de telefônicos, fará campanha nacional em rádio e televisão contra a privatização das empresas do Sistema Telebrás, conduzida pelo ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros.
A campanha terá início no começo de julho e será financiada pelos próprios funcionários das estatais. Os telefônicos do Rio aprovaram, na semana passada, o recolhimento de 1% do salário de julho para custeio da campanha.
Luiz Antônio de Souza, presidente da Fitel, disse que a contribuição de 1% será votada esta semana em vários outros Estados. Ele calcula que a campanha custará por volta de R$ 1,5 milhão.
Foi esse o valor que os telefônicos desembolsaram em 1994 quando o Congresso Nacional discutia a emenda constitucional para quebra do monopólio estatal das telecomunicações. A votação foi adiada e acabou só acontecendo em 1995, já no governo de FHC.
As recentes declarações de Lula, Brizola e Ciro Gomes contra a venda das telefônicas estatais reacenderam os ânimos dos sindicatos que, sob o comando da Fitel, planejam uma avalanche de ações judiciais para bloquear os leilões.
A estratégia é adiar a privatização com liminares. Os sindicatos apostam no crescimento das candidaturas de oposição e avaliam que se conseguirem adiar o leilão por algumas semanas, o governo ficará "constrangido" de realizar a privatização.
A guerra de liminares começou antes das críticas feitas pelos candidatos de oposição, com as ações para tentar impugnar as assembléias da Telebrás para a constituição das 12 holdings -oito de telefonia celular, três de telefonia fixa e a Embratel- que irão a leilão no dia 29 de julho próximo.
Com a publicação do edital de venda, na semana passada, que fixou o preço mínimo em R$ 13,37 bilhões, essa estratégia será ampliada.
Advogados que assessoram a Fitel estão analisando os editais em busca de brechas que possam ser questionadas em novas ações judiciais. A intenção é entrar com ações em todos os Estados.
Além da profusão de ações, a federação está contactando pessoas de renome nacional -advogados, jornalistas e até militares da reserva- e os candidatos de oposição para encabeçarem ações judiciais contra a venda das teles. O objetivo, segundo Luiz Antônio Souza, é conseguir ressonância política.
A Fitel também estuda a contratação de uma empresa de auditoria para fazer mais uma avaliação do Sistema Telebrás, pois considera muito baixo o valor divulgado pelo governo.
Os oito sindicatos de telefônicos que não são filiados à CUT formam uma outra entidade: a Fenatel (Federação Nacional dos Trabalhadores em Telecomunicações), presidida por Almir Munhoz, do sindicato de São Paulo.
Ambas as federações defendem a manutenção e o fortalecimento da Telebrás como empresa estatal e propõem, inclusive, que ela possa disputar mercados fora do país, como fazem suas congêneres européias e norte-americanas. Admitem a competição no mercado, com a entrada de grupos para concorrer com a Telebrás.
Embora seja contra a privatização, a Fenatel não pretende arrecadar dinheiro de seus associados para fazer campanha publicitária.
"Os telefônicos estão com o orçamento familiar muito apertado", diz Almir Munhoz. Ele avalia que a venda das teles só pode ser barrada pelo Congresso Nacional.



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