São Paulo, Quarta-feira, 16 de Junho de 1999
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PETRÓLEO
Empresa afirma que confia no potencial da área de Santos; país se torna o número um dos mercados da italiana
Temor de disputa explica ágio, diz Agip

da Sucursal do Rio

Responsável pelo maior ágio (53.565%) pago no leilão das áreas para exploração e produção de petróleo ontem, o executivo Rocco Valentinetti, presidente da italiana Agip no Brasil, disse à Folha que a diretoria da empresa até achou o percentual alto, mas a medida foi tomada por "medo de mais propostas" serem apresentadas.
"Gosto muito do Brasil e bastante do bloco quatro de Santos", disse Valentinetti, italiano radicado no país há um ano, ao justificar o interesse no Brasil.
Com a entrada no mercado brasileiro para exploração, o país se torna o número um na lista dos mais importantes mercados da Agip, que já detém campos de exploração em outros países da América Latina (Venezuela, Colômbia), nos Estados Unidos e na África e figura entre os sete gigantes do setor petrolífero mundial, segundo Valentinetti.
A Agip responde por 22% do mercado de gás liquefeito (botijões de gás) brasileiro, via uma subsidiária do grupo, a Agip Liquigás, localizada em São Paulo.
Também em São Paulo, a Agip inaugurou, no ano passado, sua entrada no mercado de distribuição, comprando a rede de postos São Paulo (1.200 postos).
Suas atividades no mercado nacional se estendem ainda para a fabricação de lubrificantes.
O faturamento mundial do grupo Eni (controlador da Agip) em 97 (último dado disponível) foi de US$ 46 bilhões.
O diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), David Zylbersztajn, se disse "francamente" surpreso com a Agip.
"Nossa estratégia não é agressiva. Os outros é que não ficaram agressivos", disse Valentinetti, quando questionado sobre o ágio de 53.500% pago por uma área de exploração na bacia de Santos.
A Agip venceu as propostas da British Gas (R$ 20 milhões) e o consórcio da Kerr McGee (Canadá) e a norte-americana Amerada Hess (R$ 9,2 milhões).
Dispostos a ampliar os investimentos no Brasil, os italianos da Agip pretendem fechar mais parcerias com a Petrobras (eles estão juntos num consórcio vencedor do leilão de ontem), intenção recíproca, segundo o presidente da empresa brasileira, Henri Philipe Reichstul.
"Estamos abertos a negócios com eles, sim", afirmou o presidente da Petrobras.
Segundo Valentinetti, a Agip só não fechou outros projetos com a Petrobras porque perdeu o prazo dado pela empresa brasileira para os acordos, oferecidos a várias empresas internacionais havia dois anos.
A Agip se comprometeu a contratar, no mínimo, 25% e 20% de fornecedores locais nas fases de exploração e desenvolvimento, respectivamente.


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