São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 2002

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O DÓLAR BALANÇA

Investidores fogem das ações por temerem fraudes e euro forte

Bolsas européias desabam em dia de caos no mercado

DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado acionário europeu viveu ontem um dia de caos. Enquanto o euro ultrapassava o dólar, o que não acontecia em mais de dois anos, e o presidente norte-americano, George W. Bush, mais uma vez fazia um pronunciamento para tentar acalmar o mercado, as Bolsas européias recuavam para seus menores níveis em anos.
Em Londres, a Bolsa local rompeu pela primeira vez o piso dos 4.000 pontos desde dezembro de 96 e fechou com perdas de 5,4%. Na Bolsa de Madri, a queda de 4,5% fez o principal índice fechar em seu pior nível desde novembro de 97. Nas outras principais praças, o resultado não foi diferente: a Bolsa parisiense caiu 5,4%, a de Frankfurt, 5,3%, e em Milão o mercado acionário fechou com baixa de 4,3%.
A valorização do euro diante do dólar não agrada às empresas européias. O euro forte as torna menos competitivas, pois prejudica suas exportações e, consequentemente, seus lucros.
Os investidores também estão assustados, temerosos de que ocorram mais escândalos de fraudes contábeis, como os divulgados nos últimos dias, como os que envolveram a WorldCom e a Merck. Com isso, a palavra de ordem é se desfazer das ações. Diferentes setores, com destaque para o bancário e o energético, se juntaram ao de telecomunicações, que sofre desde o início do ano, e viram o valor de seus papéis descerem a ladeira ontem.
Na opinião do diretor de análises da M&G Valores, Nicolás López, "o mercado já está incorporando outra recessão no valor das ações, ainda que nada de concreto aponte para isso no momento".
As ações da Shell atingiram seu menor valor em seis meses. A queda de 8,08% dos papéis da gigante petrolífera em Londres aconteceram após um ex-funcionário levantar dúvidas sobre a regularidade de contratos derivativos de energia da empresa, no valor de US$ 7,4 bilhões, negociados no mercado futuro dos EUA.
Com suas contas colocadas sob suspeita e investigadas pelas autoridades francesas, o conglomerado de mídia Vivendi/Universal viu suas ações despencarem 11,7%.
Os 30 principais papéis da Bolsa de Frankfurt fecharam com desvalorização. As ações da Deutsche Telekom, maior companhia européia de telecomunicações, despencaram 15,16%. O setor automobilístico sofreu com as perdas registradas por BMW (-5,33%), Volkswagen (-4,79%) e DaimlerChrysler (-4,04%).
As empresas com investimentos expressivos na América Latina não foram poupadas. Os dois bancos que mais colocaram recursos na região nos últimos anos, o Santander Central Hispano (SCH) e o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), perderam 6,62% e 6,18%, respectivamente. As ações da Telefónica caíram 4,63%. Os papéis da petrolífera Repsol YPF, que tem forte presença na Argentina, recuaram 5,41%.
Os recentes escândalos da WorldCom (controladora da Embratel), que escondeu prejuízo de US$ 3,85 bilhões, a Merck, que incluiu no faturamento US$ 12,4 bilhões em ganhos de uma subsidiária que nunca entraram em seu caixa e a fraude de US$ 6,4 bilhões da Xerox aumentaram a aversão ao mercado acionário.



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