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O DÓLAR BALANÇA
Investidores fogem das ações por temerem fraudes e euro forte
Bolsas européias desabam em dia de caos no mercado
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado acionário europeu
viveu ontem um dia de caos. Enquanto o euro ultrapassava o dólar, o que não acontecia em mais
de dois anos, e o presidente norte-americano, George W. Bush, mais
uma vez fazia um pronunciamento para tentar acalmar o mercado,
as Bolsas européias recuavam para seus menores níveis em anos.
Em Londres, a Bolsa local rompeu pela primeira vez o piso dos
4.000 pontos desde dezembro de
96 e fechou com perdas de 5,4%.
Na Bolsa de Madri, a queda de
4,5% fez o principal índice fechar
em seu pior nível desde novembro de 97. Nas outras principais
praças, o resultado não foi diferente: a Bolsa parisiense caiu
5,4%, a de Frankfurt, 5,3%, e em
Milão o mercado acionário fechou com baixa de 4,3%.
A valorização do euro diante do
dólar não agrada às empresas européias. O euro forte as torna menos competitivas, pois prejudica
suas exportações e, consequentemente, seus lucros.
Os investidores também estão
assustados, temerosos de que
ocorram mais escândalos de fraudes contábeis, como os divulgados nos últimos dias, como os que
envolveram a WorldCom e a
Merck. Com isso, a palavra de ordem é se desfazer das ações. Diferentes setores, com destaque para
o bancário e o energético, se juntaram ao de telecomunicações,
que sofre desde o início do ano, e
viram o valor de seus papéis descerem a ladeira ontem.
Na opinião do diretor de análises da M&G Valores, Nicolás López, "o mercado já está incorporando outra recessão no valor das
ações, ainda que nada de concreto
aponte para isso no momento".
As ações da Shell atingiram seu
menor valor em seis meses. A
queda de 8,08% dos papéis da gigante petrolífera em Londres
aconteceram após um ex-funcionário levantar dúvidas sobre a regularidade de contratos derivativos de energia da empresa, no valor de US$ 7,4 bilhões, negociados
no mercado futuro dos EUA.
Com suas contas colocadas sob
suspeita e investigadas pelas autoridades francesas, o conglomerado de mídia Vivendi/Universal
viu suas ações despencarem
11,7%.
Os 30 principais papéis da Bolsa
de Frankfurt fecharam com desvalorização. As ações da Deutsche
Telekom, maior companhia européia de telecomunicações, despencaram 15,16%. O setor automobilístico sofreu com as perdas
registradas por BMW (-5,33%),
Volkswagen (-4,79%) e DaimlerChrysler (-4,04%).
As empresas com investimentos expressivos na América Latina
não foram poupadas. Os dois
bancos que mais colocaram recursos na região nos últimos
anos, o Santander Central Hispano (SCH) e o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA), perderam
6,62% e 6,18%, respectivamente.
As ações da Telefónica caíram
4,63%. Os papéis da petrolífera
Repsol YPF, que tem forte presença na Argentina, recuaram 5,41%.
Os recentes escândalos da
WorldCom (controladora da Embratel), que escondeu prejuízo de
US$ 3,85 bilhões, a Merck, que incluiu no faturamento US$ 12,4 bilhões em ganhos de uma subsidiária que nunca entraram em
seu caixa e a fraude de US$ 6,4 bilhões da Xerox aumentaram a
aversão ao mercado acionário.
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