|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIZINHO EM CRISE
Débito de US$ 985 mi vencendo amanhã é adiado por um ano
FMI prorroga dívida da Argentina
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
A Argentina conseguiu "zerar"
os pagamentos das dívidas com
organismos financeiros internacionais que venciam em julho
praticamente sem a necessidade
de utilizar as reservas internacionais. Agora, o país terá dois meses
mais tranquilos para fechar o
acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
No final da tarde de ontem, o
Fundo anunciou o perdão por um
ano de um débito de US$ 985 milhões que venceria amanhã. Depois, o ministro Roberto Lavagna
(Economia) disse que o país pagou uma dívida de US$ 550 milhões com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
O dinheiro utilizado veio das reservas internacionais.
No entanto, Lavagna disse que o
país obteve um crédito de US$
296 milhões do próprio BID, que
será liberado em seis semanas, e
que o Banco Mundial colocaria
US$ 150 milhões à disposição da
Argentina amanhã.
Dessa forma, o país terá que
gastar apenas US$ 100 milhões
das reservas para não entrar em
"default" também com os organismos financeiros, que são a única fonte possível de crédito para
um país em moratória.
"Nossa relação com os organismos internacionais está 0 km",
comemorou Lavagna.
Ele espera agora fechar um
acordo com o FMI que suspenda
o pagamento de todas as dívidas
com o organismo até o final de
2003. O acordo deve sair até setembro, quando o país precisa pagar US$ 3 bilhões ao Fundo e ao
Banco Mundial.
O próprio FMI admitiu que a
Argentina não tem condição de
honrar dívidas com o uso das reservas internacionais -que caíram de US$ 14 bilhões para US$
9,5 bilhões neste ano.
"A posição externa da Argentina não é suficientemente forte para cumprir com esse pagamento
sem um sacrifício muito forte ou
sem colocar-se em risco", disse o
diretor-gerente do Fundo, Horst
Köhler, em comunicado.
Ele também elogiou o governo
pelo controle do gasto público e
disse enxergar "um fortalecimento da produção industrial no segundo trimestre de 2002".
Apesar do perdão da dívida e
dos elogios, o FMI deixou claro
que a Argentina ainda deve elaborar um plano para fortalecer os
bancos, reforçar a independência
do Banco Central e controlar a inflação.
Para negociar essas exigências, chegam à Argentina nos próximos dias uma missão de economistas estrangeiros e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill.
Ontem, líderes piqueteiros prometeram infernizar O'Neill durante sua estadia no país.
Curralzinho
O plano de Lavagna para acabar
com as restrições bancárias impostas pelo curralzinho fracassou.
O prazo para os correntistas aderirem à troca do dinheiro bloqueado por papéis do governo acaba hoje e menos de 15% das pessoas devem exercer a opção.
Texto Anterior: Opinião Econômica - Benjamin Steinbruch: Casar com três Próximo Texto: De la Sota é o candidato de Duhalde nas prévias Índice
|