São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 2002

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INOVAÇÃO

Vale do Ribeira produz as primeiras lavouras

Nova variedade de banana-nanica dispensa aplicação de defensivos

Divulgação
Cachos do Nanicão IAC-2001, desenvolvido em lavouras experimentais pelo Instituto Agronômico


CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma nova variedade de banana-nanica que dispensa a necessidade de defensivos agrícolas contra fungos e promete resistência à sigatoka negra e à sigatoka amarela -doenças graves que afetam bananais- está em fase de testes em lavouras de São Paulo.
A nova espécie, batizada de Nanicão IAC-2001 pelo Instituto Agronômico de Campinas, está em culturas no Vale do Ribeira, região ao sul do Estado de São Paulo que detém 70% da produção estadual de bananas.
Até o momento, a área plantada com a nova variedade na região é de 20 hectares. Regiões próximas a Barretos (SP) e a Campinas (SP) contam com 10 hectares.
De acordo com o coordenador do projeto, Raul Moreira, a fruta foi desenvolvida a partir de uma variedade de banana-nanica que apresentava resistência natural aos fungos causadores da sigatoka negra e amarela.
Aos pesquisadores do IAC coube a tarefa de realizar melhoramentos genéticos até chegar ao nanicão IAC 2001.
De acordo com estudos, o índice de resistência aos fungos causadores das duas doenças é de 98% e os dados do IAC revelam que a produtividade é semelhante ao da banana-nanica tradicional: 50 toneladas por hectare por ano.
Para o bananicultor, a utilização da nova variedade é uma promessa de redução de custos no combate à sigatoka negra e amarela. Ambas doenças lançam toxinas na seiva da fruta.
Até o momento, o único método de combate às doenças era a aplicação de fungicidas. São necessárias, em média, nove pulverizações por ano. Traduzindo em números, o valor chega a R$ 600 por hectare, ou seja, 40% do custo total de produção.
Com o plantio das mudas, que são vendidas a um preço estimado de R$1,50 cada unidade, o produtor não precisa mais aplicar defensivos agrícolas para controlar as doenças.
Porém, o estoque ainda está muito aquém da demanda. Somente quatro laboratórios em São Paulo são responsáveis pela produção das mudas. Cada um com uma capacidade de cerca de 200 mil mudas por ano. Para atender a todos os produtores de banana-nanica do país seriam necessárias pelo menos 30 milhões de mudas.

Imunidade
O pesquisador informa, entretanto, que o desenvolvimento da nova variedade não significa imunidade total às doenças em questão. " Erradicar a doença é impossível. Os fungos podem sofrer mutações genéticas que poderão levar o nanicão a perder a resistência. Mas esse é um processo lento e não deve ocorrer antes de dez anos."
Com relação ao gosto, o sabor da nova variedade do IAC se assemelha ao das banana prata e maçã. E devido ao maior teor de vitamina C, tem maior durabilidade.

ONDE ENCONTRAR - IAC, tel.: (0/ xx/19) 3231-5422


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