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País eleva previsão de déficit em 50%
DE NOVA YORK
O governo americano elevou
ontem em 50% sua previsão de
déficit para este ano. A nova estimativa é que as despesas do Orçamento superem as receitas em
US$ 455 bilhões -equivalente a
4,2% do PIB (Produto Interno
Bruto) dos EUA e ao valor de toda
a produção brasileira.
A previsão aumenta o tamanho
de um buraco que já era recorde
histórico em termos nominais. A
estimativa anterior, apresentada
em fevereiro, era que o déficit fosse de US$ 304 bilhões no ano fiscal
de 2003 (que termina em 30 de setembro).
Três fatores contribuíram para
a mudança: os gastos com a guerra e a reconstrução no Iraque, o
corte de impostos idealizado pelo
governo americano e a falta de recuperação da economia dos Estados Unidos, que diminui a arrecadação fiscal.
No ano que vem, a previsão do
próprio governo é que o déficit fique ainda maior e chegue a US$
475 bilhões. Analistas apontam
que os números ainda podem estar subestimados.
O governo argumenta que o déficit não é tão assustador quanto
parece. "Como percentagem da
economia, o déficit, embora
maior que o usual, não está perto
do recorde. Está bem abaixo do
pico de 6% após a Segunda Guerra Mundial e menor do que o de 6
dos últimos 20 anos", disse o diretor do Escritório de Orçamento e
Gerenciamento do governo, Josh
Bolten.
Um dos pontos que fomentam
críticas são os custos da guerra e
da reconstrução do Iraque, que
está sendo mais longa e cara do
que o planejado pelo governo.
Na semana passada, o secretário
da Defesa, Donald Rumsfeld,
quase dobrou os custos militares
anunciados anteriormente. Segundo ele, o Iraque custa US$ 3,9
bilhões mensais ao Pentágono (de
janeiro a setembro). A previsão
anterior era US$ 2 bilhões.
A maior parte do aumento do
déficit, porém, vem do corte de
impostos aprovado pelo Congresso. O plano é abrir mão da arrecadação de US$ 350 bilhões nos próximos cinco anos para impulsionar a economia e derrubar o desemprego, hoje em 6,4% -uma
ameaça aos planos políticos do
presidente dos EUA, George W.
Bush, que buscará novo mandato
no ano que vem.
"Um déficit balanceado não é
prioridade maior que vencer a
guerra contra o terrorismo, proteger o território americano ou restaurar o crescimento econômico", afirmou Bolten.
Além disso, a argumentação do
governo é que o corte de impostos
vai ajudar, a médio prazo, a reduzir o déficit do Orçamento federal.
Em porcentagem do PIB, o atual
déficit do governo americano é
equivalente (com sinal trocado)
ao superávit primário planejado
pelo Estado brasileiro como forma de reduzir sua dívida e aumentar a confiança no país.
Nos EUA, críticos apontam que
um déficit deste tamanho deixa o
governo em situação delicada.
Poderia também levantar dúvidas
sobre a capacidade de honrar suas
dívidas -os títulos federais americanos são usualmente considerados como tendo "risco zero".
As críticas são acentuadas pelo
fato de que as previsões feitas pelo
próprio governo não contemplam superávits ao menos até
2008.
(ROBERTO DIAS)
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