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INDEPENDÊNCIA
Proposta tira poder de reguladoras sobre concessões e vincula estabilidade de diretores ao cumprimento de metas
Governo quer mandato menor para agências
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo concluiu os estudos
para alterar o funcionamento das
agências reguladoras. A proposta
com as mudanças já está com o
ministro José Dirceu (Casa Civil)
e será apresentada ao presidente
Lula nos próximos dias.
Caso o presidente aprove integralmente as sugestões, serão enviados ao Congresso, até novembro, dois projetos de lei: um para
definir as responsabilidades e limites das atribuições das agências
e outro para tratar do quadro de
pessoal.
Pela proposta, os diretores das
agências reguladoras terão sua estabilidade no cargo vinculada ao
cumprimento de metas de contratos de gestão a serem assinados
com os ministérios aos quais as
agências estão vinculadas.
O subchefe para assuntos governamentais da Presidência da
República, Luiz Alberto dos Santos, coordenador do grupo interministerial que elaborou as mudanças, disse que teriam de ser
criados índices de desempenho
setorial para avaliar o cumprimento dessas metas.
A definição desses critérios deve
incluir ainda regras com as situações em que o descumprimento
das metas possa provocar a demissão de diretores das agências.
Essa modificação poderia entrar
em vigor já para os atuais diretores, caso os projetos de lei sejam
aprovados.
Santos afirmou que a intenção
do governo é manter a estabilidade -vinculada ao cumprimento
de metas contratuais- apenas
para as agências que regulam
mercados onde há concessão para
empresas operarem monopólios.
Estão nesse caso a ANP (Agência
Nacional do Petróleo), Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações) e Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Os dirigentes de agências que
não regulam monopólios -como ANA (Agência Nacional de
Águas) e Ancine (Agência Nacional do Cinema) - não teriam estabilidade no cargo.
Com o novo modelo de funcionamento, as agências deixam ser
as principais responsáveis pelos
contratos de concessão dos serviços públicos. Segundo Santos,
elas poderiam auxiliar tecnicamente os ministérios, mas perderiam o papel principal na elaboração dos contratos e da organização dos leilões de concessão.
Ainda de acordo com ele, não
há recomendação para a definição do prazo de duração dos
mandatos dos diretores de agência. Santos afirmou, no entanto,
que há estudos que indicam que
os mandatos devem ser de quatro
anos, coincidentes entre si e com
o do presidente da República.
Hoje, os mandatos dos diretores
das agências têm duração diferente dentro da mesma agência e entre agências diferentes.
Segundo Santos, os funcionários das agências deverão ser contratados com estabilidade, como
defende o PT (Partido dos Trabalhadores). Ainda está sendo feito
um levantamento para definir
quantas vagas deverão ser ocupadas por concurso.
Os diretores da ANA, Ancine,
ANP, Aneel e Anatel, contatados
por meio de suas assessorias de
imprensa, não quiseram comentar as mudanças.
Em fevereiro, Lula afirmou, em
referências à atuação das agências
reguladoras, que o Brasil havia sido "terceirizado" e que só ficava
sabendo dos aumentos de tarifas
pelos jornais.
Desde então, começou um debate público do governo sobre a
autonomia das agências reguladoras. O consenso dentro do governo era que elas estavam invadindo espaços que deveriam ser
ocupados pelos ministérios.
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