São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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Verba de combate à aftosa atrasa

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Donos de ao menos 49 milhões de cabeças de gado, ou 27% do rebanho bovino brasileiro, os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul esperam desde o início do ano a liberação de R$ 15 milhões do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para evitar a febre aftosa.
Os Estados, que são áreas livres da doença, têm fronteiras com a Bolívia e o Paraguai, onde há animais doentes.
O dinheiro do ministério seria empregado em barreiras de fiscalização nas fronteiras, na contratação de médicos veterinários para trabalho de prevenção no campo, na compra de carros, em despesas com combustível e no pagamento de diárias aos fiscais.
Os governos estaduais informaram que em 2003 não receberam nenhum recurso do ministério para combater a doença.
Sem a verba federal, o trabalho de prevenção é feito com recursos dos governos estaduais, mas ação está aquém do ideal.
O secretário estadual da Produção e do Turismo de Mato Grosso do Sul, José Antônio Felício, disse que, se houvesse recursos federais, seria possível repassar R$ 200 mil por mês ao Exército para dar apoio à fiscalização na fronteira com o Paraguai e com a Bolívia.
Felício disse que o Estado pediu para 2004 R$ 5 milhões ao governo federal. Ainda não recebeu nada e dispõe de R$ 10 milhões, entre recursos próprios e obtidos com a cobrança de taxas dos pecuaristas. Em 2003, o Estado solicitou R$ 3 milhões. Recebeu R$ 1,1 milhão em janeiro deste ano.
Mato Grosso Sul, segundo o presidente da associação dos criadores do Estado, Laucídio Coelho Neto, produz 45% da carne brasileira exportada. Em 2003, o Brasil vendeu US$ 1,115 bilhão. É o primeiro exportador mundial.
No dia 17 de junho passado, o ministério confirmou um foco da febre aftosa em Monte Alegre, no Pará. Em conseqüência disso, a Rússia e Argentina suspenderam a importação de carne brasileira.
Os dois países revogaram o embargo no fim de junho e início deste mês, mas os russos continuam sem aceitar a carne de Mato Grosso porque o Estado é vizinho ao Pará.
"O mercado está com a luz vermelha ligada por causa da aftosa", afirma Coelho. Segundo ele, focos de febre aftosa em Estados que não exportam carne, caso do Pará, podem ser usados em uma guerra comercial para vetar a carne brasileira.
O secretário estadual do Desenvolvimento Rural de Mato Grosso, Homero Pereira, disse que, para erradicar a aftosa, o Brasil precisa de R$ 190 milhões por ano. Segundo ele, Mato Grosso pediu R$ 10 milhões, mas "faltou sensibilidade ao governo federal".


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