São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

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COMENTÁRIO

Dados positivos confundem analistas

RICHARD BEALES
DO "FINANCIAL TIMES"

O crescimento econômico dos EUA parece saudável, e a inflação, baixa, enquanto Alan Greenspan, o presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), prepara seu depoimento semestral ao Congresso na quarta e quinta-feira.
Os dados econômicos desta semana reavivaram a conversa sobre a economia de "Cachinhos Dourados". Eles revelaram pouca inflação, sugerindo que o crescimento econômico não está aquecido demais. Os indicadores de expansão econômica estão inesperadamente fortes, sugerindo que o crescimento também não está frio demais.
O CPI (índice de preços ao consumidor) e o PPI (índice de preços ao produtor) não mudaram em junho em relação a maio. Em comparação a junho de 2004, o CPI subiu só 2,5%. O aumento de 3,6% do PPI ante junho do ano passado parece menos benéfico, mas inclui um grande salto em preços de energia.
Enquanto isso, as vendas no varejo foram surpreendentemente fortes em junho e a produção industrial americana superou a maioria das estimativas.
Analistas disseram que essas notícias deveriam dar ao Fed a confiança de que ele pode continuar aumentando sua taxa de juros, hoje em 3,25%, em um ritmo "moderado".
Isso se aplica até um nível que seja neutro para a economia, talvez ao redor de 4%, disse Alan Ruskin, da consultoria econômica 4Cast. Mas, como a inflação não parece representar ameaça, "não há um argumento forte para dizer que eles devem ir além do nível neutro".
Outros discordam, vendo pressões inflacionárias dos custos do trabalho, energia, alimentos e até de matérias-primas.
Greenspan deverá entrar nesse debate. Ele também poderá abordar a persistência do que seis meses atrás chamou de "enigma" de o rendimento dos títulos de longo prazo não subir juntamente com os aumentos das taxas do Fed.
O rendimento dos títulos do Tesouro para dez anos aumentou depois de cair para menos de 4% na semana passada. Mas ainda está abaixo de 4,2%, menos que no final de 2004.
Alguns, incluindo Bill Gross, da administradora de fundos Pimco, indicam tendências demográficas e uma falta de pressões inflacionárias globais para justificar os baixos rendimentos desses títulos.
Outros consideram que os preços do Tesouro estão sustentados artificialmente e os rendimentos, baixos por excesso de liquidez, especialmente de compradores não-americanos, incluindo bancos centrais estrangeiros.


Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves


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