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COMENTÁRIO
Dados positivos confundem analistas
RICHARD BEALES
DO "FINANCIAL TIMES"
O crescimento econômico
dos EUA parece saudável, e a
inflação, baixa, enquanto Alan
Greenspan, o presidente do Fed
(Federal Reserve, o banco central
americano), prepara seu depoimento semestral ao Congresso na
quarta e quinta-feira.
Os dados econômicos desta semana reavivaram a conversa sobre a economia de "Cachinhos
Dourados". Eles revelaram pouca
inflação, sugerindo que o crescimento econômico não está aquecido demais. Os indicadores de
expansão econômica estão inesperadamente fortes, sugerindo
que o crescimento também não
está frio demais.
O CPI (índice de preços ao consumidor) e o PPI (índice de preços ao produtor) não mudaram
em junho em relação a maio. Em
comparação a junho de 2004, o
CPI subiu só 2,5%. O aumento de
3,6% do PPI ante junho do ano
passado parece menos benéfico,
mas inclui um grande salto em
preços de energia.
Enquanto isso, as vendas no varejo foram surpreendentemente
fortes em junho e a produção industrial americana superou a
maioria das estimativas.
Analistas disseram que essas
notícias deveriam dar ao Fed a
confiança de que ele pode continuar aumentando sua taxa de juros, hoje em 3,25%, em um ritmo
"moderado".
Isso se aplica até um nível que
seja neutro para a economia, talvez ao redor de 4%, disse Alan
Ruskin, da consultoria econômica 4Cast. Mas, como a inflação
não parece representar ameaça,
"não há um argumento forte para
dizer que eles devem ir além do
nível neutro".
Outros discordam, vendo pressões inflacionárias dos custos do
trabalho, energia, alimentos e até
de matérias-primas.
Greenspan deverá entrar nesse
debate. Ele também poderá abordar a persistência do que seis meses atrás chamou de "enigma" de
o rendimento dos títulos de longo
prazo não subir juntamente com
os aumentos das taxas do Fed.
O rendimento dos títulos do Tesouro para dez anos aumentou
depois de cair para menos de 4%
na semana passada. Mas ainda está abaixo de 4,2%, menos que no
final de 2004.
Alguns, incluindo Bill Gross, da
administradora de fundos Pimco,
indicam tendências demográficas
e uma falta de pressões inflacionárias globais para justificar os baixos rendimentos desses títulos.
Outros consideram que os preços do Tesouro estão sustentados
artificialmente e os rendimentos,
baixos por excesso de liquidez, especialmente de compradores
não-americanos, incluindo bancos centrais estrangeiros.
Tradução de Luiz Roberto
Mendes Gonçalves
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