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Ação da PF ameaça meganegócio de Eike
Anglo American diz que aguarda informações sobre investigação no Amapá para concluir pagamento de US$ 5,5 bi
Polícia fez buscas na casa e escritórios de Eike Batista; empresa nega qualquer irregularidade em licitação de ferrovia no Amapá
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A mineradora anglo-sul-africana Anglo American condicionou ontem a conclusão da aquisição de 51% da MMX Minas-Rio e de 70% da MMX Amapá
aos desdobramentos da investigação sobre supostas irregularidades na licitação de uma
ferrovia no Amapá, vencida pelo empresário Eike Batista.
A Anglo American, que ainda
pagaria US$ 5,5 bilhões ao grupo de Eike Batista, disse em
resposta à indagação sobre se
poderia desistir do negócio que
"vai tomar suas decisões sobre
as condições pendentes e seus
respectivos direitos e obrigações previstos nos contratos à
medida que as informações sobre a investigação fiquem disponíveis".
Em janeiro deste ano, a Anglo American assinou um acordo de compra dos ativos da
MMX, mas até agora não concluiu o negócio. Ele estava
prestes a ser fechado, quando,
na semana passada, a PF deflagrou a Operação Toque de Midas. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de Batista e seus escritórios.
A Anglo American afirmou
que "a MMX concordou em
fornecer informações sobre as
investigações com a urgência
possível". Disse ainda que não
tinha "conhecimento prévio
sobre a investigação".
Nem a EBX, holding de Batista que controla a MMX, nem a
Anglo American confirmam,
mas a conclusão do negócio foi
postergada. A expectativa era
fechar a aquisição nesta semana, mas o processo foi atropelado pela operação da PF.
Segundo a Anglo American, a
parte já adquirida em 2007 da
MMX -49% do sistema Minas-Rio- não será afetada e permanecerá no portfólio da mineradora, a quarta maior do mundo.
À época do anúncio do acordo com a EBX, a Anglo American divulgou planos ambiciosos para a MMX: pretendia investir US$ 16 bilhões para desenvolver uma produção de minério de ferro de 150 milhões
de toneladas -volume que corresponde à metade do que a Vale produz no país.
Procurada, a EBX disse que
"contrato de compra e venda
está em vigor e se encontra em
fase final de conclusão". Disse
ainda que "todas as autorizações governamentais já foram
obtidas" e que a "a mudança de
controle da ferrovia já foi aprovada pelo governo do Amapá."
Segundo a empresa, a MMX
já obteve também "todas as autorizações exigidas pela Bolsa"
para mudança de controle.
A EBX nega ainda irregularidades na licitação da ferrovia,
que liga sua área de mineração
ao porto de Santana, ambos no
Amapá. A empresa também rejeita a hipótese da PF de sonegação fiscal na extração de ouro, atividade que o grupo diz
não desenvolver no país.
A empresa afirmou que a licitação não foi direcionada -diferentemente do que sustentam a PF e o Ministério Público
Federal do Amapá. Segundo a
EBX, a concorrência foi "julgada com um misto de menor tarifa, maior compromisso de investimento e maior pagamento
pela concessão".
O grupo EBX, controlador da
MMX, foi o único a apresentar
proposta. "A Estrada de Ferro
do Amapá era deficitária. Não
tinha carga suficiente para justificar sua manutenção, e a
MMX investiu R$ 81,6 milhões
na sua recuperação, enquanto o
edital da licitação previa investimentos mínimos de R$ 40
milhões." A empresa informou
ter pago R$ 814 mil pela concessão, válida por um período
de 20 anos. Atualmente, a ferrovia opera com 84 vagões novos e outros 84 reformados.
Outros 56 vagões novos já foram comprados e estão em processo de fabricação.
A ferrovia movimenta minério de ferro da MMX e outros
produtos de pequenas mineradoras, além de passageiros e
produtos agrícolas. Pertencia
ao espólio da Indústria e Comércio de Minérios S.A., mas
foi encampada pelo Amapá em
2005 com base em decisão judicial. Quatro meses mais tarde, o Estado abriu a concorrência -o contrato com a MMX foi
assinado em março de 2005.
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