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Mercados têm dia de fortes oscilações
Bovespa chegou a recuar mais de 3% durante o pregão, mas fechou em alta de 0,5%; petróleo bateu em US$ 147 e caiu para US$ 139
Dólar volta a cair e encerra o dia negociado a R$ 1,587, menor cotação desde janeiro de 99, quando o governo liberou o câmbio
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Fortes oscilações marcaram
os negócios no mercado financeiro ontem. A Bovespa, que fechou com alta de 0,48%, passou
por desvalorização de 3,18% em
seu pior momento no dia e ganhou 1,58% em seu pico.
O principal índice da Bolsa
de Nova York, o Dow Jones,
também alternou movimentos
positivos e negativos. Depois de
amargar perdas de até 2,05%
no começo do pregão, reverteu
e chegou a subir 0,62%. No fechamento, o Dow Jones mostrou queda de 0,84%, fechando
em 10.962,54 pontos -menor
nível desde 21 de julho de 2006.
A Nasdaq subiu 0,13%. Em
Londres, a Bolsa encerrou as
operações com baixa de 2,42%.
A volatilidade -intensidade
e freqüência das oscilações das
ações em determinado período- que marcou os pregões
mostrou que o mercado acionário internacional ainda está
bastante suscetível a notícias e
rumores que afetem o setor
bancário e os preços do barril
de petróleo no exterior.
Nas operações de ontem, o
petróleo encerrou com baixa de
4,44% em Nova York, negociado a US$ 138,74. A informação
de que a Opep reduziu a estimativa de demanda do produto
para os próximos meses esfriou
seu valor no mercado internacional. Em Londres, a queda do
barril foi de 3,59%.
Além da queda expressiva, a
oscilação do petróleo chamou a
atenção. Entre seu menor e
maior preço ontem, o petróleo
foi de US$ 135,92 a US$ 146,73.
O depoimento de Ben Bernanke, presidente do Fed (o
banco central dos EUA), ao Senado foi um dos pontos que desanimaram investidores. Bernanke demonstrou preocupação com as pressões inflacionárias, além dos riscos persistentes de desaceleração da maior
economia do mundo.
Ontem analistas e investidores conheceram o PPI (índice
de preços ao produtor americano) de junho, que teve alta acima das projeções feitas pelo
mercado, ficando em 1,8%.
"O mercado já abriu com medo de novidades negativas no
setor bancário americano. Durante o pregão, viu-se muita oscilação estimulada pelas expectativas em relação ao futuro da
crise que tem abatido os bancos. Ao menos houve os boatos
de que o Lehman Brothers teria
interessados em comprá-lo, o
que tirou um pouco de pressão
sobre o banco", afirma Roberto
Padovani, estrategista-sênior
de investimentos para a América Latina do WestLB.
Bernanke disse que o sistema
bancário está bem capitalizado,
mas que o mercado financeiro
ainda está sob muito estresse.
As ações do Lehman Brothers subiram 6,61% ontem.
Mas estão entre os papéis com
pior desempenho em 2008,
com desvalorização de 79,8%.
Outras ações do setor não tiveram tanta sorte: os papéis do
Bank of America perderam
8,09% do valor; Merrill Lynch
caiu 6,27%; e Citigroup recuou
4,60%. As financeiras hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac
desabaram 27,34% e 26,02%,
respectivamente. "O cenário
não é muito favorável, com
pressões inflacionárias e economias fracas. O Fed vai acabar
por ter de começar a elevar os
juros em algum momento, o
que afetará negativamente o
apetite para as Bolsas", afirma
Rodrigo Bresser-Pereira, sócio-diretor da Bresser Asset Management. "Não vejo uma recuperação expressiva da Bolsa neste
cenário incerto."
Considerando a mínima e a
máxima, a Bovespa oscilou entre os 58.789 pontos e os 61.678
pontos. No fim do pregão, registrava 61.015 pontos. A pontuação oscila com o sobe-e-desce das principais ações: quando
está em níveis mais elevados,
demonstra que os papéis estão
mais valorizados; quando recua, é porque houve queda no
preço das ações.
O resultado da Bolsa não foi
melhor ontem porque as ações
das gigantes Petrobras e Vale
fecharam com perdas.
Como costuma ocorrer, a
queda do petróleo atrapalhou
as ações da Petrobras, que recuaram 1,63% (ordinárias) e
0,80% (preferenciais). No caso
da Vale, as quedas foram de
2,13% (ON) e 0,97% (PNA).
Dólar mais barato
Em um dia tão instável, o
mercado de câmbio brasileiro
manteve-se em seu ritmo. O
dólar encerrou com uma depreciação de 0,38% diante do
real, vendido a R$ 1,587, em seu
menor valor desde 19 de janeiro
de 1999 -época em que o governo liberou o câmbio.
A expectativa de entrada de
recursos externos, referentes à
oferta de ações da Vale, tem
fortalecido ainda mais a moeda
brasileira.
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