São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2008

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Para Meirelles, turbulência ainda está longe de desfecho

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que a crise da economia dos EUA está longe de um desfecho, mas afirmou acreditar que o Brasil está pronto para suportar turbulências.
"A situação dos mercados financeiros americanos continua complicada e isso tende a se manter assim por um certo período", disse Meirelles, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Para Meirelles, a crise no mercado imobiliário encareceu o crédito e prejudicou a liquidez dos bancos dos EUA.
Ele ressaltou, porém, que nos últimos meses o Brasil não tem sofrido tanto com a crise quanto outros emergentes. Exibiu gráficos que mostram que o risco-país brasileiro -quanto mais valorizados os títulos de um país no mercado internacional, mais baixo o índice- está abaixo da média de outros países em desenvolvimento.
Meirelles minimizou as preocupações, expostas pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), sobre o crescente déficit nas contas externas do Brasil -nas contas do próprio BC, o saldo negativo deste ano deve ficar em US$ 21 bilhões. Segundo Meirelles, as reservas em moeda estrangeira acumuladas nos últimos anos, que superam US$ 200 bilhões, podem ser usadas para financiar esse déficit, caso a crise se agrave.
Apesar de otimista, as declarações de Meirelles mostraram também que o Brasil não pode se considerar imune às turbulências do cenário externo. Um dos problemas enfrentados é o da alta da inflação, que, segundo o presidente do BC, é um fenômeno mundial.

Pressão global
"Não há dúvida de que, devido ao aumento no consumo global, especialmente nos países emergentes, temos uma pressão mundial sobre o preço das commodities. E não é só nos alimentos, todas as matérias-primas estão sujeitas a essa pressão", afirmou.
Meirelles voltou a dizer que o BC "fará o que for necessário, enquanto for necessário", para manter a inflação sob controle. Na semana que vem, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) volta a se reunir para decidir se mexe ou não nos juros básicos da economia, em alta desde abril. A expectativa do mercado é de uma alta de 0,5 ponto, o que levaria a taxa Selic para 12,75% ao ano. Alguns analistas prevêem elevação ainda maior, de 0,75 ponto.
"O BC está comprometido com sua missão básica de manter a convergência da inflação ao centro da meta", disse. O objetivo do governo é manter a alta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 4,5%, admitindo um desvio de até dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Na semana passada, pesquisa feita pelo próprio BC com cerca de 80 analistas do setor privado mostrava que a expectativa do mercado é que o resultado deste ano fique em 6,48%.


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