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TENSÃO PRÉ-COPOM
A cinco dias de decidir os juros, Meirelles afirma que país busca expansão sustentada, e não uma "bolha artificial"
País cansou de arrancada e freada, diz BC
DA FOLHA ONLINE
A somente cinco dias da decisão sobre o rumo da taxa básica
de juros, o presidente do Banco
Central, Henrique Meirelles, disse
ontem que o governo está empenhado em buscar o crescimento
sustentado do país, e não em "bolhas artificiais" de aquecimento
econômico.
Ao participar de um almoço
oferecido pela Adeval (Associação das Empresas Distribuidoras
de Valores), em São Paulo, Meirelles disse: "O país parece cansado
do padrão de arrancadas e freadas
que tem caracterizado o desempenho econômico nas últimas décadas. Não é esse tipo de aquecimento que devemos buscar. Bolhas de crescimento são fáceis de
inflar e difíceis de sustentar".
Na próxima quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária), após dois dias de reuniões,
vai determinar o destino da taxa
básica de juros (Selic). Atualmente, está em 24,5% ao ano -a perspectiva no mercado financeiro é
que possa haver um corte entre
1,5 ponto e 2 pontos percentuais.
Durante o primeiro semestre, a
Selic chegou a 26,5%. Foi uma das
armas encontradas pelo BC para
conter a inflação em alta. O remédio deu resultado: os índices de
preço têm apresentado variação
negativa ou próxima de zero desde junho.
Mas a política econômica é
apontada por especialistas como
a principal causa do quadro recessivo que o país atravessa. Segundo
o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), a indústria enfrentou "recessão técnica"
no primeiro semestre. Após encolher no primeiro trimestre, a indicação é que tenha ocorrido o mesmo com o PIB (Produto Interno
Bruto) no segundo trimestre. O
desemprego aumentou e a renda
caiu ao longo de 2003.
Para o presidente do BC, o país
já tem hoje condições para a retomada do crescimento econômico.
No entanto, disse ele, o ritmo da
retomada não será acelerado.
"O nível de atividade é determinado pela estrutura de taxa de juros de médio prazo", disse.
Meirelles falou para uma platéia
formada por presidentes de bancos e de indústrias. Disse que suas
palavras não deveriam ser utilizadas como indicadores das futuras
decisões do Copom.
No entanto sinalizou que o crescimento econômico sustentável
tem um tempo de alcance mais
longo do que a retomada da atividade. Na semana passada, o presidente do BC já indicara que a política da instituição é a do "gradualismo" e que o mercado financeiro não deveria acreditar em "quedas abruptas da taxa de juros".
Contraponto
O presidente da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos),
Gabriel Jorge Ferreira, disse que a
Selic deverá fechar 2003 no patamar máximo de 21% ao ano.
Sem fazer projeções para a próxima reunião do Copom, Ferreira
afirmou que há sinais de que haverá um novo corte de juros.
"Não sei fazer projeções. Mas
em razão da trajetória muito clara
de retração da inflação e da redução do compulsório há condições
de uma nova redução [da Selic]",
disse Ferreira.
Ele negou que os bancos lucrem
mais num cenário de juros elevados. "Bancos operam com mais
segurança num ambiente de taxas
de juros baixas."
Grandes emprestadoras de dinheiro ao governo (via compra de
títulos públicos), algumas das
maiores instituições bancárias
brasileiras registraram aumento
do lucro no primeiro semestre,
em um ambiente de juros altos.
Itaú, Banco do Brasil, Banespa/
Santander e Bradesco tiveram lucro acima de R$ 1 bilhão.
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