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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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VIZINHO EM CRISE

Esboço de novo acordo entre a instituição e o país prevê superávit de 3% a 3,5% do PIB e reajuste de serviços

Pacote do FMI inclui tarifas na Argentina

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

A Argentina e o FMI (Fundo Monetário Internacional) concluíram ontem um rascunho do que pode ser o novo acordo que deve ser fechado entre o país e a instituição nas próximas semanas. Entre os principais pontos estão a fixação de uma meta de superávit primário (receita menos despesa sem contar gastos com juros da dívida pública) entre 3% e 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto) a partir de 2004 e um reajuste das tarifas públicas, congeladas desde janeiro de 2002.
Segundo analistas, o FMI pretendia pedir à Argentina uma meta de superávit próxima à que hoje adota o Brasil -de 4,25% do PIB. O governo propôs 3%. A meta atual é de 2,5% do PIB, mas a estimativa é que o governo alcance até o final do ano uma economia de 2,8%. Ou seja, elevar a meta para algo em torno de 3% não seria um grande esforço e o teto de 3,5% seria um consenso.
A revisão das tarifas tem sido outro tema polêmico para o governo. O vice-presidente, Daniel Scioli, chegou a determinar um prazo para o reajuste -90 dias, segundo declarações feitas durante um encontro com empresários-, mas foi desautorizado pelo presidente Néstor Kirchner.
O presidente disse que não há data marcada para o aumento das tarifas públicas e atacou novamente as empresas privatizadas: "Acabaram os tempos de extorsão. As empresas que dizem ter vindo ao país para investir que o façam agora".
A argumentação do FMI para incluir o reajuste nas negociações seria, segundo funcionários do Ministério da Economia, a necessidade de a Argentina voltar a atrair investimentos externos. Segundo analistas, o crescimento de 5,4% registrado nos primeiros três meses do ano não se sustenta sem que o país volte a receber investimentos externos. As empresas privatizadas já alertaram que, sem o reajuste, ficam impossibilitadas de investir. Algumas até já alertaram para o risco de desabastecimento. Na semana passada, 400 mil pessoas ficaram no escuro na Grande Buenos Aires após um apagão que durou mais de meia hora. Esse também é o argumento defendido pelo vice-presidente e do qual Kirchner discorda.

Reajuste escalonado
No último final de semana, o ministro da Planificação, Julio de Vido, chegou a admitir a adoção de um reajuste. O ministro da Economia, Roberto Lavagna, também falou dessa possibilidade e determinou que os reajustes seriam adotados de forma escalonada -para não pressionar a inflação- e beneficiando a população mais pobre.
As negociações com o Fundo seguem no final de semana.


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