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VIZINHO EM CRISE
Esboço de novo acordo entre a instituição e o país prevê superávit de 3% a 3,5% do PIB e reajuste de serviços
Pacote do FMI inclui tarifas na Argentina
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
A Argentina e o FMI (Fundo
Monetário Internacional) concluíram ontem um rascunho do
que pode ser o novo acordo que
deve ser fechado entre o país e a
instituição nas próximas semanas. Entre os principais pontos estão a fixação de uma meta de superávit primário (receita menos
despesa sem contar gastos com
juros da dívida pública) entre 3%
e 3,5% do PIB (Produto Interno
Bruto) a partir de 2004 e um reajuste das tarifas públicas, congeladas desde janeiro de 2002.
Segundo analistas, o FMI pretendia pedir à Argentina uma meta de superávit próxima à que hoje adota o Brasil -de 4,25% do
PIB. O governo propôs 3%. A meta atual é de 2,5% do PIB, mas a
estimativa é que o governo alcance até o final do ano uma economia de 2,8%. Ou seja, elevar a meta para algo em torno de 3% não
seria um grande esforço e o teto
de 3,5% seria um consenso.
A revisão das tarifas tem sido
outro tema polêmico para o governo. O vice-presidente, Daniel
Scioli, chegou a determinar um
prazo para o reajuste -90 dias,
segundo declarações feitas durante um encontro com empresários-, mas foi desautorizado pelo presidente Néstor Kirchner.
O presidente disse que não há
data marcada para o aumento das
tarifas públicas e atacou novamente as empresas privatizadas:
"Acabaram os tempos de extorsão. As empresas que dizem ter
vindo ao país para investir que o
façam agora".
A argumentação do FMI para
incluir o reajuste nas negociações
seria, segundo funcionários do
Ministério da Economia, a necessidade de a Argentina voltar a
atrair investimentos externos. Segundo analistas, o crescimento de
5,4% registrado nos primeiros
três meses do ano não se sustenta
sem que o país volte a receber investimentos externos. As empresas privatizadas já alertaram que,
sem o reajuste, ficam impossibilitadas de investir. Algumas até já
alertaram para o risco de desabastecimento. Na semana passada,
400 mil pessoas ficaram no escuro
na Grande Buenos Aires após um
apagão que durou mais de meia
hora. Esse também é o argumento
defendido pelo vice-presidente e
do qual Kirchner discorda.
Reajuste escalonado
No último final de semana, o
ministro da Planificação, Julio de
Vido, chegou a admitir a adoção
de um reajuste. O ministro da
Economia, Roberto Lavagna,
também falou dessa possibilidade
e determinou que os reajustes seriam adotados de forma escalonada -para não pressionar a inflação- e beneficiando a população
mais pobre.
As negociações com o Fundo
seguem no final de semana.
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